capítulo 18: O medo de perde

Marta observava a cena diante dela com o coração apertado e os olhos marejados. Do corredor, ela via Sara segurando a mão de Theo com tanta ternura e desespero que era impossível não sentir o peso daquele amor. Mesmo no silêncio do quarto hospitalar, os sentimentos eram quase palpáveis.

A força de Sara parecia ter se quebrado ao ver Theo daquele jeito, vulnerável, algo que até então ela nunca havia demonstrado. Marta lembrava-se da jovem confiante e destemida que entrou em suas vidas, mas agora via uma mulher profundamente apaixonada, com medo de perder o homem que amava. O desespero dela ao desmaiar no corredor fora o suficiente para Marta entender a profundidade dos sentimentos de Sara.

Theo também não deixava dúvidas. Mesmo inconsciente, a paz em seu semblante quando Sara segurava sua mão revelava mais do que palavras poderiam expressar. Marta se lembrava da conversa que teve com o filho dias antes. Ele admitira que sentia algo verdadeiro por Sara, mas duvidava que ela pudesse sentir o mesmo. "Se ao menos ele pudesse se ver agora..." pensou Marta, um pequeno sorriso melancólico nos lábios.

Ela soltou um suspiro profundo. Tantas coisas haviam mudado desde que Sara entrou em suas vidas. Theo, que sempre fora frio, calculista e distante, agora mostrava uma vulnerabilidade e uma paixão que ela jamais pensou ver novamente no filho. O casamento arranjado, que parecia apenas um acordo estratégico, havia se transformado em algo real, algo puro e inegável.

"Eles se salvaram sem nem perceber," refletiu Marta. Sara trouxera luz para a escuridão em que Theo estava preso, e Theo oferecera a Sara um amor que ela talvez nem soubesse que merecia.

Marta enxugou uma lágrima solitária e sorriu suavemente. Ela sabia que aqueles dois enfrentariam muitos desafios ainda, mas tinha certeza de que juntos poderiam superar tudo. Afinal, o que estava acontecendo ali não era apenas um compromisso de conveniência, mas um amor verdadeiro, nascido em meio às adversidades.

— "Vocês dois se completam mais do que imaginam..." — murmurou baixinho, deixando o quarto com a esperança renovada.

O médico entrou no quarto suavemente, segurando uma prancheta com os resultados dos exames de Sara. Ele ofereceu um sorriso tranquilizador ao vê-la sentada ao lado de Theo, com os dedos entrelaçados nos dele, uma expressão de preocupação ainda estampada em seu rosto.

— "Senhora Sara, os seus exames deram normais," informou o médico com uma voz calma. "O desmaio foi apenas uma reação ao choque da notícia. Não há nada fisicamente errado, apenas o estresse emocional. Você precisa descansar e cuidar de si mesma, mas ficará bem."

Sara soltou um suspiro aliviado e assentiu levemente.

— "Obrigada, doutor," murmurou, a voz suave, mas carregada de cansaço.

O médico deu um leve aceno e saiu do quarto, deixando Sara e Theo novamente a sós. Ela voltou o olhar para Theo, ainda desacordado na cama, mas seu semblante estava mais sereno. Mesmo com os curativos e os sinais visíveis da batalha, ele parecia em paz.

Ela apertou suavemente a mão dele, tentando absorver a força e o conforto que sempre encontrava em seu toque. Uma lágrima solitária desceu por sua face, mas dessa vez não era de desespero, era de alívio.

— "Você precisa acordar logo, Theo," sussurrou. "Não imagina o quanto eu preciso de você..."

Enquanto falava, a respiração dele parecia mais estável, e a cor voltava lentamente ao seu rosto. Pela primeira vez desde o acidente, Sara sentiu uma ponta de esperança aquecer seu coração.

Com cuidado, ela pousou a cabeça ao lado da mão dele, fechando os olhos por um instante, sentindo-se mais próxima dele. O silêncio do quarto era tranquilizador, e, pela primeira vez naquela noite turbulenta, ela permitiu-se acreditar que tudo ficaria bem.

Theo estava ali, vivo, e isso era tudo que importava.

Sara ficou em silêncio por um momento, observando Theo ainda desacordado. Os fios de cabelo caíam suavemente sobre sua testa, e mesmo ferido, ele parecia tão forte quanto sempre fora. Uma sensação de calor invadiu seu peito, misturando alívio, amor e uma tristeza silenciosa por tudo o que tinham enfrentado.

Sem se conter, começou a falar baixinho, como se o vazio do quarto fosse seu único confidente.

— "Theo... eu sei que você não pode me ouvir agora, mas eu preciso dizer isso." Ela respirou fundo, sentindo a garganta se apertar. "Você entrou na minha vida quando tudo estava desmoronando, quando eu já não acreditava mais em ninguém. Com seu jeito firme, às vezes duro demais, você me mostrou que eu era mais forte do que pensava."

Uma lágrima escorreu, mas ela a deixou cair, não havia vergonha naquele momento.

— "Eu te amo, Theo. Mesmo antes de perceber, meu coração já era seu. Cada palavra de apoio, cada olhar preocupado, até suas broncas... tudo isso me fez sentir segura. E eu... eu tenho medo de te perder, mais do que qualquer coisa no mundo."

Ela segurou mais forte a mão dele, como se pudesse transmitir a intensidade dos seus sentimentos através daquele toque.

— "Obrigada por ter entrado na minha vida, por ter ficado ao meu lado, mesmo quando eu era apenas um caos. Você trouxe luz para os meus dias mais escuros. E eu prometo que, aconteça o que acontecer, estarei aqui para você, como você sempre esteve para mim."

Sua voz fraquejou, mas o peso em seu coração parecia menor depois daquela confissão. Ela passou os dedos gentilmente pelo rosto de Theo, afastando uma mecha de cabelo, esperando um sinal, por menor que fosse, de que ele a ouvia.

Nesse instante, ela percebeu os dedos dele se moverem levemente, apertando sua mão. O coração de Sara deu um salto, os olhos arregalados de esperança.

— "Theo?" murmurou, quase sem fôlego.

Ele não abriu os olhos, mas um sussurro fraco escapou de seus lábios:

— "Eu te ouvi, Sara..."

Uma onda de emoção a invadiu, e um sorriso cheio de lágrimas iluminou seu rosto. Mesmo ferido, Theo estava ali. Eles estavam ali. E aquilo era tudo o que importava.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***