Sara subiu para o seu quarto, relembrando os momentos felizes que havia vivido ali antes de tudo mudar. Pegou algumas roupas e objetos pessoais, além de um porta-retratos com uma foto antiga dela com seu pai. Respirou fundo, segurando a tristeza que ameaçava escapar, e decidiu que era hora de seguir em frente.
Ao descer novamente, encontrou Theo na sala, observando os empregados organizarem os itens que ela levaria. No entanto, algo chamou sua atenção: Lúcia e Maria ainda estavam na casa. Sentadas no sofá, com expressões de desafio e desprezo, pareciam não ter a menor intenção de obedecer à ordem de Sara.
Sara parou no meio da sala, cruzou os braços e olhou diretamente para elas.
— Eu disse que vocês tinham meia hora para sair. O tempo de vocês acabou. — Sua voz era firme, sem um traço de hesitação.
Lúcia soltou uma risada sarcástica, como se não acreditasse que Sara pudesse fazer algo.
— E o que você vai fazer, Sara? Vai nos arrastar daqui pessoalmente? — Lúcia provocou.
Sara não respondeu imediatamente. Apenas virou-se para os seguranças que estavam na entrada da sala e apontou para as duas.
— Tire-as daqui. Agora.
Os seguranças não hesitaram. Caminharam até Lúcia e Maria, que começaram a protestar, mas não tinham escolha. Maria tentava se desvencilhar, enquanto Lúcia gritava:
— Você não pode fazer isso, Sara! Essa casa era do seu pai, e eu sou a viúva dele!
— Meu pai deixou a casa para mim, e vocês perderam o direito de estar aqui no momento em que me traíram. Agora, sumam! — Sara respondeu, sem demonstrar nenhuma emoção além de frieza.
Os seguranças as conduziram para fora, enquanto elas ainda tentavam resistir. Quando a porta se fechou atrás delas, Sara respirou fundo e se voltou para Theo. Ele estava parado ao lado da lareira, com os braços cruzados, observando tudo em silêncio. Seu olhar era intenso, como se estivesse analisando cada movimento dela.
— O que foi? — Sara perguntou, arqueando uma sobrancelha, ao perceber o olhar dele.
Theo deu um leve sorriso, quase imperceptível.
— Eu só não imaginava que você seria tão... implacável. — Ele respondeu, com um tom que misturava surpresa e admiração.
Sara deu de ombros.
— Aprendi que, para sobreviver, não posso hesitar. E pessoas como Lúcia e Maria não merecem a minha compaixão.
Theo apenas assentiu, sem dizer mais nada. Ele sabia que havia muito mais em Sara do que aparentava, e cada vez mais, ela conseguia surpreendê-lo.
— Está pronta para ir? — ele perguntou.
— Sim, vamos. — Sara respondeu, pegando suas coisas.
Com isso, eles saíram da casa, deixando para trás o passado de Sara e abrindo caminho para um futuro que ela ainda não sabia ao certo como seria, mas que, com Theo ao seu lado, seria muito diferente do que ela imaginava.
Antes de deixar a casa, Sara fez questão de conversar com os empregados, reunindo-os na sala principal. Com uma postura confiante e um tom firme, ela disse:
— Vocês sempre cuidaram dessa casa com dedicação, mesmo nos momentos mais difíceis. Continuem mantendo tudo como sempre fizeram. Essa casa é parte da minha história e voltarei sempre que puder. Confio em vocês.
Os empregados assentiram com respeito e até certo alívio, afinal, todos tinham grande apreço por Sara e estavam felizes em vê-la retomar o controle de sua vida.
Theo permaneceu em silêncio, observando tudo. Ele já havia visto muitos cenários de poder e controle, mas a forma como Sara agia era diferente. Havia força, mas também humanidade. Quando saíram da casa e entraram no carro, Theo quebrou o silêncio:
— Você tem um jeito interessante de liderar.
Sara olhou para ele, surpresa.
— E o que isso significa?
— Que você tem autoridade, mas não intimida quem não merece. Isso não é algo que se vê sempre. — Ele respondeu, com um leve sorriso, o mais próximo que chegava de um elogio direto.
Sara não respondeu, mas sentiu o peso das palavras dele. Talvez, pela primeira vez, tivesse alguém que realmente reconhecia quem ela era, sem subestimá-la.
No caminho de volta, o silêncio entre eles era confortável. Sara, que antes tinha tantas preocupações e medos, agora sentia que, de alguma forma, estava retomando o controle de sua vida.
— Não vamos mais ao shopping? — Ela perguntou, percebendo que o carro seguia direto para a mansão de Theo.
— Não. O advogado está esperando por nós. Precisamos resolver o casamento. — Ele respondeu com simplicidade.
Sara suspirou. A ideia de se casar com Theo ainda parecia surreal, mas ela sabia que isso era necessário para sua proteção e para retomar o que era seu.
Quando chegaram à mansão, Marta estava na sala, já sabendo do compromisso do dia. Ao ver Sara, abriu um sorriso acolhedor.
— Está pronta para isso, minha querida? — Marta perguntou, com um tom gentil.
Sara hesitou por um momento, mas logo assentiu.
— Não tenho muitas opções, mas, sim, estou pronta.
O advogado os aguardava no escritório de Theo, com todos os documentos preparados. Enquanto eles assinavam os papéis, Theo se manteve calmo e profissional. Sara, por outro lado, sentia uma mistura de emoções: alívio, incerteza e, talvez, um pouco de esperança.
Ao final, o advogado olhou para ambos e anunciou:
— Parabéns, vocês agora são oficialmente casados.
Sara olhou para Theo, que lhe estendeu a mão.
— Um acordo é um acordo. Agora somos sócios, esposa. — Ele disse com um tom levemente irônico, mas ainda sério.
Ela apertou a mão dele, encarando-o com determinação.
— E eu vou honrar minha parte no acordo, marido.
Theo apenas sorriu, enquanto Marta, que observava de longe, segurava um sorriso satisfeito. Ela sabia que esse casamento era mais do que um acordo; era o início de algo que nenhum deles imaginava.
Assim que o advogado se despediu, Marta se aproximou com um sorriso caloroso.
— Parabéns aos dois! Sei que isso não começou de forma convencional, mas acredito que vocês formarão uma dupla poderosa.
Sara apenas sorriu timidamente, ainda se adaptando a tudo aquilo, enquanto Theo manteve sua postura usual, respondendo com um leve aceno. No entanto, o tom de Marta mudou de repente, o sorriso dando lugar a uma expressão preocupada.
— Tenho algo para lhes dizer, e não sei se vão gostar...
Theo franziu o cenho, cruzando os braços.
— O que aconteceu agora?
— Os anciãos da máfia souberam do casamento. O advogado deles informou que você estava se casando, Theo. — Marta hesitou antes de continuar. — Eles exigiram um jantar formal hoje à noite para conhecer a noiva e a primeira-dama da máfia.
Sara arregalou os olhos.
— O quê? Jantar? Hoje à noite?
Theo soltou um suspiro pesado, esfregando o rosto com a mão.
— Ótimo... Era só o que me faltava. Eles nunca perdem uma chance de se intrometer.
Marta tentou amenizar a situação.
— Eu sei que isso é repentino, mas eles são tradicionais. Querem ter certeza de que o casamento é legítimo e que Sara estará à altura do papel que exige.
Sara sentiu um peso nos ombros. Ela já estava sobrecarregada com tudo o que estava acontecendo, e agora teria que enfrentar os membros mais influentes e poderosos da máfia.
— E se eu não estiver à altura? — Ela perguntou, quase em um sussurro.
Theo se aproximou dela, falando de forma direta, mas sem crueldade:
— Você não precisa provar nada a eles. Apenas mostre que não é uma pessoa fraca. Os anciãos respeitam força e determinação, nada mais.
Marta assentiu, tentando confortar Sara.
— Eles vão te testar, sim, mas você tem o que é necessário, querida. Você enfrentou muito em pouco tempo e ainda está aqui, de pé. Apenas seja você mesma.
Apesar das palavras de encorajamento, Sara sentia o estômago revirar de ansiedade.
— Certo... Então eu preciso me preparar. Não tenho nada apropriado para uma ocasião dessas.
Theo olhou para o relógio.
— Vamos resolver isso agora. Não temos tempo para sair, mas temos contatos. Vou providenciar que tragam algumas opções para você.
Marta colocou uma mão no ombro de Sara.
— Fique tranquila, querida. Nós vamos te ajudar a passar por isso.
Mesmo relutante, Sara assentiu.
Enquanto Theo fazia algumas ligações, Marta ficou ao lado de Sara, conversando e dando conselhos sobre como lidar com os anciãos.
— Eles vão querer ver confiança, mas também respeito. Não se deixe intimidar, mas também não confronte sem motivo. É um equilíbrio difícil, mas você vai conseguir.
Sara respirou fundo, tentando absorver tudo o que Marta dizia. Ela sabia que aquela noite poderia ser decisiva para o rumo de sua vida ao lado de Theo.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Valéria Vilas boas
Amando cada capítulo.
Família maravilhosa.
Sei que Marta vai ajudar a Sara.
Mas as cobras ainda devem aparecer.
2025-03-23
7
Altina Medeiros Gonçalves
autora Bom-dia estou gostando da leitura
2025-04-02
1
Rosa Pinto
Ainda bem que ela arrumou uma sogra confiável e boa.
vai ajudar muito a Sara ☺️☺️🙏
2025-03-30
1