O carro avançou pelos imensos portões de ferro da mansão de Theo, que se abriram automaticamente, revelando uma longa estrada cercada por jardins impecavelmente cuidados. Sara observava tudo pela janela com os olhos arregalados, ainda incapaz de acreditar no que estava acontecendo. A mansão, iluminada pelas luzes da noite, parecia saída de um conto de fadas sombrio.
Theo parou o carro em frente à entrada principal, onde dois seguranças já os esperavam. Marta desceu primeiro, lançando um olhar tranquilizador para Sara, que hesitou antes de sair.
— Venha, querida — Marta disse com gentileza, estendendo a mão.
Sara finalmente saiu, seus passos pequenos e incertos. Ao se erguer, olhou para a imponente construção à sua frente, sentindo-se menor e mais vulnerável do que nunca.
Theo passou direto pelos seguranças sem dizer uma palavra, enquanto Marta, percebendo o estado de Sara, caminhou ao seu lado.
— Esta é a casa do meu filho — Marta explicou, com uma voz acolhedora. — Não precisa se preocupar, você estará segura aqui.
Sara não respondeu, ainda desconfiada, mas acompanhou Marta para dentro da mansão. O hall de entrada era luxuoso, com pisos de mármore, lustres de cristal e uma escadaria majestosa. Sara olhou ao redor, sentindo-se deslocada naquele ambiente opulento.
Theo parou no meio do hall e se virou para encará-las.
— Mostrem o quarto dela — ordenou a um dos empregados.
— Claro, senhor Theo — respondeu uma mulher, que parecia ser a governanta da casa. Ela olhou para Sara com um semblante neutro, fazendo um gesto para que a seguisse.
— Vai ser difícil para ela assim, Theo — Marta disse, franzindo a testa para o filho.
— Ela está aqui, não está? — Theo respondeu, impassível. — Já fiz mais do que o suficiente.
Marta suspirou, desaprovando a frieza do filho, mas decidiu não insistir. Virou-se para Sara novamente.
— Vá com ela, querida. Tome um banho, descanse um pouco. Amanhã conversaremos melhor.
Sara seguiu a governanta sem dizer nada, sentindo-se estranhamente exausta apesar de toda a adrenalina que percorria seu corpo. Elas subiram a escada e passaram por um longo corredor antes de entrarem em um quarto enorme e elegantemente decorado.
— Este será o seu quarto — disse a governanta, antes de sair, fechando a porta atrás de si.
Sara olhou ao redor, seus olhos se fixando na enorme cama de dossel no centro do quarto. Sentindo-se completamente sobrecarregada, ela se sentou na beirada da cama, segurando as mãos trêmulas.
Enquanto isso, no andar de baixo, Marta olhou para Theo com um semblante sério.
— Ela não é como os outros, Theo. Você sabe disso.
— Isso não importa agora — ele respondeu, virando-se para o bar e servindo uma dose de uísque. — Amanhã, veremos o que fazer.
Marta balançou a cabeça, desapontada, mas não disse mais nada. Ela sabia que, apesar de tudo, Theo era mais complexo do que gostava de admitir. E, pela primeira vez em muito tempo, ela viu algo diferente nos olhos do filho ao olhar para Sara. Algo que ele próprio ainda não parecia entender.
Sara se mexia inquieta na enorme cama, encarando o teto do quarto enquanto as sombras da noite brincavam nas paredes. O silêncio da mansão era perturbador, e o medo do desconhecido apertava seu peito. Ela não sabia o que aquele homem frio e poderoso pretendia fazer com ela, e isso era o que mais a assustava.
Enquanto isso, no andar de baixo, Theo estava sentado em sua poltrona de couro no escritório, um copo de uísque quase vazio em mãos. A luz baixa do abajur projetava sombras em seu rosto enquanto ele refletia sobre a situação.
Ele nunca planejou trazer uma garota como Sara para sua casa. Sua regra era clara: todas as mulheres que acabavam em seus bordéis já conheciam as dificuldades da vida e sabiam lidar com aquilo. Sara, no entanto, era diferente. Jovem demais, inexperiente demais. Colocá-la em um ambiente tão hostil seria assinar sua sentença de sofrimento — e ele não era um monstro.
Porém, mantê-la ali também não parecia ser uma solução. Ele sabia que sua mãe estava interessada em protegê-la, mas isso não era motivo suficiente para justificar sua presença em sua mansão. Ele precisava de uma decisão prática, algo que resolvesse o problema sem lhe causar maiores dores de cabeça.
Ele passou os dedos pelos cabelos enquanto ponderava.
— Empregada — murmurou para si mesmo, finalmente chegando a uma conclusão. — Ela pode trabalhar aqui.
Theo se levantou e serviu mais uma dose de uísque. Ele sabia que a ideia parecia absurda, mas fazia sentido. Sara poderia viver sob o teto da mansão, protegida, mas sem ser um fardo. Ela ganharia sua própria função e, com o tempo, talvez até encontrasse uma maneira de seguir em frente.
Ele deu um longo gole no uísque e colocou o copo de volta sobre a mesa. Olhou pela janela do escritório, observando a noite silenciosa lá fora.
— Você tem sorte que minha mãe insistiu tanto — murmurou para o vazio, pensando na jovem de olhos assustados que agora dormia sob seu teto.
Mas, no fundo, ele sabia que não era só por causa de sua mãe. Algo naquela garota o incomodava de uma maneira que ele não conseguia explicar. Algo que, contra sua vontade, o fazia querer protegê-la.
Na manhã seguinte, os primeiros raios de sol começaram a invadir o quarto luxuoso de Sara, iluminando as paredes claras e o ambiente silencioso. O desconforto ainda estava presente em seu corpo, como se a noite tivesse sido um pesadelo interminável. Ela se levantou da cama lentamente, olhando ao redor, tentando processar a realidade que parecia surreal demais para ela. A mansão de Theo era imensa, e tudo ali parecia opressor demais para seu estado de espírito fragilizado.
Enquanto isso, no andar de baixo, Marta estava na cozinha, preparando o café da manhã. Ela estava em um humor mais leve do que o habitual, e seus pensamentos estavam voltados para o que aconteceria com Sara. Era evidente que ela tentaria protegê-la ao máximo dentro das possibilidades daquela casa. Sua natureza gentil e preocupada fazia com que se sentisse culpada pela situação da jovem, mas, ao mesmo tempo, sabia que sua presença ali era um passo necessário para algo melhor.
Quando o relógio marcou quase nove da manhã, Marta subiu até o andar onde Sara estava. Ela bateu suavemente na porta do quarto e, ao ouvir um fraco "entrar", abriu a porta devagar.
— Sara, meu bem, Theo quer conversar com você. — Marta falou com voz suave, tentando não assustar a jovem. — Não se preocupe, ele não vai te fazer mal. Só quer esclarecer algumas coisas.
Sara olhou para Marta com olhos cansados e confusos. Não conseguia entender por que aquela mulher estava tentando ser tão amável com ela, quando sua vida havia virado de cabeça para baixo. Ela levantou-se lentamente da cama, ainda com os pés pesando no chão, como se tivesse medo do que viria a seguir.
— O que ele quer de mim? — Perguntou Sara, com um fio de voz trêmula. O medo ainda se fazia presente em sua mente, mas uma parte dela desejava entender qual seria o papel dela ali, naquela casa.
Marta sorriu levemente, tentando transmitir um pouco de tranquilidade.
— Theo quer apenas conversar, querida. Não se assuste. — Ela fez um gesto suave com a mão, indicando que Sara a seguisse. — Ele não é como os outros. Você vai ver.
Sara engoliu em seco, sem ter certeza se acreditava nas palavras de Marta. Ela estava perdida, mas a gentileza da mulher lhe dava um mínimo de esperança. Talvez, apenas talvez, ela pudesse encontrar um pouco de conforto naquele lugar estranho.
Sem mais palavras, Sara seguiu Marta pelos corredores da mansão, seu coração acelerado e a mente cheia de perguntas. Ela não sabia o que Theo queria, mas sentia que aquele encontro poderia mudar o rumo de sua vida mais uma vez.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Elis Alves
Pq essa criatura não fala? Diz quem é e pede pra falar com o advogado e restituir o dinheiro dele?
2025-03-16
5
Euridice Neta
A garota acabou de acordar, ainda nem conversou com Theo, está ainda processando o que está acontecendo...
2025-03-25
1
Rosa Pinto
Fala quem vc é Sara,abra essa boca
Devolva pra êle o valor que êle pagou por vc.
E esse advogado que não percebeu que ela sumiu 🤔🤔🤔🤔
2025-03-29
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