O leilão estava no auge. Obras de arte raras haviam sido arrematadas, propriedades luxuosas trocavam de mãos por cifras exorbitantes, e Theo já tinha feito suas aquisições da noite: dois quadros valiosos e uma nova casa de jogos em potencial. Ele se levantou de sua cadeira, pronto para ir embora, mas foi interrompido pela voz no microfone.
— E agora, senhores, a peça mais esperada da noite! Uma jovem virgem, com a beleza de um anjo e totalmente intocada!
A curiosidade de Theo foi inevitável. Ele olhou para o palco, e seu olhar encontrou o de Sara. Ela estava parada sob a luz, com o rosto pálido e o medo estampado em seus olhos. O vestido elegante que vestia parecia brilhar sob os holofotes, mas sua postura era tensa, denunciando sua resistência e desespero.
O silêncio foi quebrado pelos primeiros lances.
— Duzentos mil! — um homem velho gritou, com um sorriso asqueroso.
— Duzentos e cinquenta! — outro seguiu rapidamente, ajustando os óculos enquanto avaliava Sara como se ela fosse um objeto.
Theo virou-se para Marta, tentando ignorar a cena.
— Vamos embora — disse ele, seco.
Marta, porém, não tirava os olhos da garota no palco. Seu coração apertava ao ver o desespero de Sara e a avidez dos homens ao redor.
— Theo, você precisa comprá-la — disse Marta, em um tom firme.
— Não preciso de uma garota sem experiência. O que faria com ela? — Theo retrucou, tentando esconder o incômodo que sentia com a situação.
Marta o olhou com seriedade, a doçura habitual desaparecendo por um momento.
— Se você não der um lance, um desses velhos nojentos vai levá-la. Olhe para ela! Está apavorada.
Theo não respondeu de imediato. Ele sabia que a mãe estava certa, mas não queria se envolver. Comprá-la significaria trazê-la para sua vida, e ele já tinha o suficiente em suas mãos. Ainda assim, ele não conseguia desviar os olhos de Sara.
Os lances continuavam subindo, os números agora alcançando alturas absurdas.
— Quinhentos mil! — gritou outro homem, o sorriso predador no rosto.
— Theo, por favor! — Marta insistiu, quase implorando.
Ele suspirou, irritado consigo mesmo. Não era de seu feitio ceder à pressão, mas algo naquela garota o incomodava profundamente. Talvez fosse o medo nos olhos dela ou o fato de saber que, nas mãos de outro, ela enfrentaria um destino pior que a morte.
— Um milhão! — Theo anunciou, sua voz grave ecoando pelo salão.
O silêncio caiu imediatamente. Todos os olhares se voltaram para ele, surpresos. Ninguém ousou contra-atacar.
O leiloeiro sorriu amplamente.
— Um milhão pela jovem virgem! Alguém oferece mais?
O salão permaneceu em silêncio. Após alguns segundos, o martelo desceu com força.
— Vendida! O senhor Theo Santoro arremata a peça mais valiosa da noite!
Sara olhou para Theo, confusa e ainda assustada. Ela não sabia quem ele era, mas a intensidade em seus olhos fez seu coração acelerar.
Marta colocou a mão no braço de Theo, um sorriso de alívio em seu rosto.
— Obrigada, meu filho.
Theo soltou um suspiro pesado, desviando o olhar de sua mãe.
— Não me agradeça ainda. Agora temos que lidar com isso.
Ele sabia que essa decisão mudaria o rumo de sua noite e, possivelmente, de sua vida. Mas naquele momento, tudo o que importava era tirar Sara daquele lugar e evitar que o pior acontecesse.
Theo e Marta caminharam pelo corredor iluminado em direção ao local de retirada dos itens adquiridos. A atmosfera era pesada, com seguranças de terno preto se movendo rapidamente para organizar as entregas. Theo mantinha seu semblante frio e impassível, enquanto Marta, ao seu lado, parecia mais curiosa e inquieta.
Quando chegaram ao local, viram os carregadores trazendo as peças adquiridas por Theo. Entre quadros e documentos, lá estava Sara, sendo conduzida por dois homens robustos. Seus olhos, arregalados de medo, encontraram os de Theo por um breve instante. Ele não esboçou qualquer reação, mantendo a postura calculada e firme.
Marta, porém, sentiu o coração apertar. Ela avançou imediatamente, ignorando a frieza do filho, e parou na frente de Sara, observando-a com gentileza.
— Qual é o seu nome, querida? — perguntou Marta, sua voz carregada de doçura.
Sara hesitou, olhando ao redor como se procurasse uma saída, mas percebeu que não tinha opções.
— Sara... — respondeu, quase em um sussurro.
— Sara, está tudo bem agora — disse Marta, colocando a mão em seu ombro. — Não precisa ter medo.
Sara a observou, desconfiada. Não sabia se podia confiar naquela mulher que parecia tão diferente dos homens ao redor.
Enquanto isso, Theo estava no fundo da sala, verificando os outros itens que havia adquirido. Ele conferiu cada detalhe, instruindo seus homens para carregarem tudo no carro. Uma vez satisfeito, chamou Marta, sua voz soando autoritária.
— Mãe, já terminamos aqui. Vamos.
Marta assentiu, mas não antes de lançar um olhar reconfortante para Sara.
— Venha, querida, vamos levá-la conosco — disse, gesticulando para Sara segui-los.
Sara hesitou novamente, mas não via outra alternativa. Seus pés se moveram quase involuntariamente, e logo ela estava caminhando atrás deles.
Dentro do carro, o silêncio reinava. Theo dirigia, com Marta no banco do passageiro, e Sara sentada atrás, ainda encolhida, abraçando os próprios braços. Ela olhava pela janela, tentando entender como sua vida tinha mudado de forma tão drástica.
— Não precisa ter medo, Sara — disse Marta, virando-se para olhá-la. — Meu filho é rude às vezes, mas ele não vai machucar você.
Theo lançou um olhar de advertência para Marta, mas permaneceu em silêncio, focado na estrada.
Sara não respondeu, mas as palavras de Marta trouxeram um pequeno alívio. No entanto, ela sabia que estava longe de estar segura. As perguntas rodopiavam em sua mente: Quem eram aquelas pessoas? Para onde a estavam levando? E o que fariam com ela?
A viagem continuou em silêncio, exceto pelo som do motor e os pensamentos inquietos de Sara, que mal podia imaginar o que o destino lhe reservava.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 43
Comments
Graça Ferreira Mendes
como uma garota rica, some de uma casa cheia de funcionários e ninguém sente falta e nem faz nada, cadê o advogado que vai administrar os bens dela?
2025-03-14
16
Uedina Miranda
Tem história que fica difícil de entender????
2025-03-19
1
Ana Regina
estou chocada com a maldade humana, principalmente por uma outra mulher que tem uma filha, não tem medo da justiça de Deus, tomara que essas duas cobras 🐍🐍🐍🐍🐍🐍 peçonhentas sejam cortadas em pequenos pedaços e que dêem pra elas comerem 😈😈😈😈😈😈🤬🤬🤬🤬🤬🤬
2025-01-03
4