Ninguém deveria ser forçado a viver de um modo que não quer, o conceito de escolhas deveria ser redefinido para que coubesse de um modo favorável a quem o usasse.
Chele pensava dessa forma e não aceitava de forma alguma o modo como era tratada na tribo, seu pai era o rei, um guerreiro respeitado chamado de grande urso, pelo tamanho de seu corpo e pelos em seu corpo, mas ela era só a princesa de olhos coloridos, a primeira nascida assim depois de muitas gerações pelo que sua avó dizia, mas ela não queria ser a princesa doce, meiga e obediente, embora fosse tudo isso, ela queria ser a princesa guerreira, a que luta contra os inimigos dos outros clãs, queria caçar com os homens, lutar com leões selvagens e trazer suas peles como troféu.
Estava cansada de ouvir você não deve, mulheres não fazem, você não pode, tudo conversa fiada, ela não iria ser só a esposa de algum desses homens amigos de seu pai, ela será mais, nem que tenha que fugir.
1700
Florence havia derrotado Selim e a tribo vivia em paz e em segurança, Belvar crescia forte e justo, para orgulho de seus pais, ele era uma perfeita cópia de Florence, embora aos 15 anos já conseguisse derrotar o pai em combate, ele era justo, honesto e adorava cuidar dos mais velhos e saber de suas histórias, ao contrário de seu pai crescia ciente de toda a história de seu povo.
Aos 20 anos casou -se com a filha de um fazendeiro tendo com ela 2 filhos, nenhum nasceu com olhos mágicos, Florence seu pai morreu aos 105 anos, seu corpo foi enterrado no bosque sagrado, lugar onde ele gostava tanto de ficar, dois anos depois sua esposa o seguiu , Belvar, o justo agora era o rei no lugar de seu pai, o último a carregar os olhos violetas.
Seu povo crescia e crescia , os anciãos continuavam a serem escolhidos como antes, pelos ancestrais, Belvar tinha acesso direto a eles, e sempre que precisava de conselhos pedia.
Após o reinado de Belvar ter fim, seu filho mais velho, Zorah tomou seu lugar, ele teve três filhos, nenhum com olhos violetas, no ano de 1850, Nasceu Marsh, descendente direto de Jorah, Jandah, Florence, Belvar, e Zorah, ele não nasceu com olhos coloridos, porém Nasceu com um dom, sua força era sem igual, desde criança foi chamado de urso, pois possuía o tamanho e a força de um.
passaram 5 gerações inteiras até nascer outro herdeiro de sangue, achavam que com a morte de Selim os ancestrais haviam removido a linhagem mágica deles, porém quando Marsh casou e teve seu segundo filho isso mudou.
Marsh tinha vinte e cinco anos quando sua esposa Ariane engravidou do segundo herdeiro.
O primeiro filho do rei urso se chamava Sant, era um menino comum, não herdou o tamanho e a força do pai, parecia mais com os familiares da mãe. O rei estava orgulhoso da esposa por ter lhe dado um herdeiro, ele amava o menino com todo seu coração e para seu desgosto, futuramente os mimos que dava a ele e a falta de pulso o fariam se tornar egoísta e ciumento.
Quando Sant tinha cinco anos, sua mãe deu a luz uma linda menina chamada Chele, ele a chamou assim por que ela parecia ser tão frágil e doce, que até parecia uma boneca de porcelana, após entregar a filha ao marido, ela teve um mal súbito e não resistiu, tomado de dor o rei revoltou-se contra os deuses que levaram o amor de sua vida, mas nada podia fazer para traze-la de volta, viveu seu luto por seis dias trancado e sozinho, até que Sant o encontrou e perguntou da mãe, ele entendeu que foi egoísta com os filhos, mal conhecia a pequena Chele que foi deixada aos cuidados de uma ama de leite.
A pequena era frágil e delicada, mal chorava e desde seu nascimento ainda não abriu os olhos, ao ser informado do estado da filha o rei foi vê-la, olhou a pequena em seu berço tão indefesa e tocou sua face branca com um dedo, ela pareceu sentir a presença de seu pai e se mexeu no berço, Marsh sentiu um desejo de pega-la em seus braços, os cabelinhos dourados dela lembravam o da mãe, e a boquinha rosa tão bem desenhada também, ele pegou ela nos braços e disse
__ Não nos deixe você também pequena flor do meu jardim, sua mãe deve estar bem aqui ao seu lado agora, sinto inveja de ti por não poder senti-la também, saiba que não estive aqui antes, mas agora estarei até o último dia de minha vida, eu a amo pequena ursa.
A menina deu um sorriso fofo próprio dos bebês, o que aqueceu o coração do rei, ela e o pequeno Sant seriam agora a razão de sua vida, apesar de ainda ser jovem ele decidiu não mais casar -se.
A pequena Chele resmungou e abriu os olhinhos, Marsh olhou assustado para a pequena, os olhos dela eram violetas, mesclados de rosa, e quando ela os abriu ele viu um brilho tremeluzente deles sair, correu com a menina nos braços e levou-a até os anciãos, achava que a filha tinha algum problema, esqueceu de seus antepassados e das histórias que ouviu por um momento.
Ao chegar na tenda viu que algumas pessoas olhavam para ele assustadas, como se esperassem que ele fizesse mal a pequena que levou a vida da esposa, mas ele seguiu agora devagar olhando para a pequena que havia tornado a fechar os olhos, devido a claridade, entrou no templo dos anciãos e chamou-lhes.
Ao entrar viu algumas pinturas nas paredes, de seus antepassados e então lembrou das histórias, e percebeu o que a filha era, quando os anciãos estavam todos reunidos ele virou a criança para eles revelando seus olhos.
Os anciãos dobraram seus joelhos diante da criança e louvaram os deuses.
__ O sangue de Jorah vive.
__ Os ancestrais mandaram a criança para nos lembrar quem somos e de onde viemos.
__ Venha meu rei, és abençoado como já muito nenhum outro foi, vossa filha será grande, através dela nossa magia voltará.
Marsh saiu da tenda carregando a pequena Chele de volta ao seu quarto, assustado por não saber O que a menina faria quando crescesse, sua dor por hora esquecida voltava aos poucos, ele se mantinha ocupado para não pensar, logo a notícia de que a filha do urso nasceu com sangue herdeiro se espalhou e as pessoas faziam filas para ver e tocar na jovem princesa.
E assim Chele cresceu, rodeada de expectativas, quando pequena curava animaizinhos que se machucavam e fazia plantas mortas florescerem, tudo que ela tocava ganhava vida e luz, Sant seu irmão não gostava da atenção que davam a ela, por vezes tentava machuca-la ou deixá-la abandonada para ver se sumia, mas os deuses sempre enviavam alguém para ajuda-la e depois que cresceu ela soube como se defender do irmão, porém nunca o delatou ao pai.
Chele cresceu bela, assim como sua mãe era e suas ancestrais antes de si, mas nunca na história de seu povo foi vista uma mulher como ela, seus cabelos eram vastos e caiam por suas costas em ondas amarelas como o sol, seu rosto era harmonioso , os olhos violetas contrastavam com sua pele branca, seus lábios carnudos e bem desenhados estavam sempre vermelhos, as faces coradas lhe davam um ar de decoro, quando sorria duas cozinhas formavam-se ao redor de seus lábios, os dentes eram brancos e perfeitos, quando passava todos a olhavam com devoção.
Chele a pequena princesa tornara-se uma jovem mulher.
Tinha porte de bailarina, sua cintura era fina e seus seios nem grandes e nem pequenos, as pernas eram longas e bem delineadas apesar de ela não ser alta, sua postura era perfeita e estava sempre bem arrumada, apesar de não preocupar -se muito.
Seu pai estava orgulhoso de suas ações, ao contrário de seu irmão que só pensava em se divertir, ela conversava com seu povo, buscava entender as necessidades de cada um, os ajudava como podia, trazia ao pai questões de domínio público que ajudariam o pai a comandar, seu povo já não vivia em tendas como antigamente, agora no vale construíram suas casas com pedras, um castelo foi erguido para os governantes, e o vale foi ampliado.
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Atualizado até capítulo 73
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