Capítulo Dezesseis!

Emmanuel Lopez

Descemos juntos, e encontrei Antony já pronto para ir à escola, animado e cheio de energia. Sentamo-nos à mesa e começamos o café da manhã. Antony tagarelava sobre suas expectativas para o dia, suas palavras trazendo um sorriso ao meu rosto e ao de Joarah. A babá, sempre atenciosa, subiu com Antony depois do café para terminar de arrumá-lo.

Enquanto Joarah recolhia os pratos, eu a observei. Algo na forma como ela se movia, tão graciosa e ao mesmo tempo tão forte, me deixava fascinado. Ela percebeu meu olhar fixo e levantou a cabeça, encontrando meus olhos.

— Por que está me olhando assim? — ela perguntou, curiosa.

Aproximei-me dela, meu coração batendo mais rápido. Com o polegar, limpei delicadamente um pequeno resquício de comida que estava em seus lábios.

— Estava sujo — respondi suavemente, meu dedo roçando sua pele.

Ela mordeu os lábios e, com um movimento lento e provocador, passou a língua onde meu dedo havia tocado.

— E agora, está limpo? — perguntou, seus olhos brilhando.

Houve um momento de silêncio tenso, nossos olhares fixos um no outro, a proximidade fazendo meu coração disparar. Antes que eu pudesse responder, Antony desceu as escadas correndo, trazendo-nos de volta à realidade.

— Emmanuel, pode nos acompanhar hoje para levar Antony à escola? — Joarah pediu, seu tom casual, mas seus olhos ainda com a mesma intensidade.

A babá, que vinha logo atrás de Antony, sorriu amplamente.

— Antony vai adorar ter os pais juntos para levá-lo à escola — disse ela, a felicidade evidente em seu rosto.

Assenti, sentindo uma onda de emoções contraditórias. Caminhamos até o carro e todos entramos, com Antony no banco de trás, animado com a ideia de ter ambos os "pais" com ele. Durante o trajeto até a escola, senti um calor confortável, como se essa pequena família fosse mais real do que eu estava disposto a admitir.

No caminho de volta, o silêncio entre mim e Joarah era mais reflexivo. Eu sabia que precisava falar sobre o que descobrira, mas as palavras pareciam presas na minha garganta. Finalmente, respirei fundo e quebrei o silêncio.

— Joarah, você tem sido uma boa pessoa para o meu filho. Ele realmente gosta de você — comecei, tentando encontrar as palavras certas. — Eu... eu descobri sobre a morte do seu pai.

Ela virou-se para mim, seu olhar fixo e sério. Podia ver a dor refletida em seus olhos, misturada com a força que tanto admirava.

— Eu não sabia como te contar — continuei, a voz mais suave. — Queria encontrar o momento certo, mas percebo que não há um momento ideal para algo assim.

Contei tudo a ela, como o pai dela morreu, saber a visita da mãe dela ao meu consultório e tudo que ela precisava saber sobre a irmã dela.

Ela olhou para fora da janela, processando minhas palavras. O silêncio parecia se estender por uma eternidade até que ela finalmente falou, sua voz baixa mas firme.

— Obrigada por me dizer, Emmanuel. Sei que não é fácil falar sobre isso.

Senti um peso sair de meus ombros, mas ao mesmo tempo, uma nova responsabilidade se instalou. Estávamos mais próximos, mais conectados do que nunca, e sabia que precisava estar ao seu lado, não apenas por Antony, mas por ela também.

— Eu estou aqui para você, Joarah — disse, minha voz cheia de sinceridade. — Não importa o que aconteça.

Ela assentiu, um pequeno sorriso aparecendo em seus lábios. E enquanto continuávamos nosso caminho de volta, senti que, apesar de todas as complicações, algo mais profundo e verdadeiro estava se desenvolvendo entre nós, mas eu não estava disposto a sentir ou deixar que seja lá o que estivesse acontecendo, fosse algo que me levasse a dor novamente.

Continua...

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