Alice Cross
Estou jogada no sofá do hotel, com a mente a mil, acho que acordei hoje em crise existencial. As perguntas não param de ecoar na minha cabeça, e a cada segundo sinto que me perco mais. A vida que eu conhecia, tranquila e sem grandes expectativas, parece tão distante agora. Eu vivo em um pesadelo ou em um sonho? Não sei mais o que é real e o que não é. Como cheguei até aqui? Como deixei que tudo isso acontecesse? Como passei de uma garota tímida, quase invisível, para uma figura pública que todos observam?
Lembro de como eu era antes: uma criança quieta, que se escondia atrás das palavras dos outros e se contentava em ser a sombra. Agora, tudo o que faço parece ser notícia. Cada olhar, cada passo, é registrado, comentado, analisado. Eu, que nunca busquei a atenção, agora sou consumida por ela.
Max entra na sala e, sem cerimônia, se joga no sofá ao meu lado. Ele pega as minhas pernas e coloca no colo dele.
Ele me olha com um sorriso descontraído e pergunta:
— E aí, Alice, tá tudo bem?
Eu suspiro fundo, tentando processar tudo o que estou sentindo, mas nada parece fazer sentido.
— Não, Max… Não sei. Estou só… pensando em tudo. Em como tudo mudou. Em como me sinto tão perdida agora.
Ele fica em silêncio, observando-me com uma expressão mais séria, e então, de forma calma, fala:
— Isso é normal, nossa rotina está uma bagunça, uma hora ou outra a gente pira. Você precisa dar uma espairecida. Ficar aqui sozinha com seus pensamentos não vai te ajudar. Vai te consumir.
Ele me olha com preocupação e continua:
— Acho que você deveria dar uma volta, pelo menos sair um pouco. Você poderia ir ao parque da cidade, se distrair um pouco.
Eu balanço a cabeça, pensando na sugestão.
— Você quer que eu vá com você? — Ele pergunta.
— Não, Max. Só preciso de um tempo sozinha. Só para pensar.
Ele assente, compreendendo.
— Tá, mas não demore, beleza? Não vai se perder no caminho.
Levanto do sofá e sigo até o meu quarto. Troco de roupa rapidamente, colocando um moletom escuro, calça preta, boné, óculos e uma máscara, apenas para não ser reconhecida. Saio do quarto e vou em direção ao parque.
Quando chego lá, as ruas estão agitadas, mas o parque oferece uma sensação de paz. Caminho sem rumo, só pensando em tudo, em como minha vida virou de cabeça para baixo. Será que eu estava fazendo as escolhas certas? E se estivesse magoando todos ao meu redor com as minhas inseguranças? O coração apertado, sinto a necessidade de pensar mais sobre isso.
De repente, uma mão toca suavemente meu ombro. Um arrepio percorre minha espinha, e quando me viro, dou de cara com Vicent.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto, confusa, tentando entender como ele me encontrou.
Ele sorri com naturalidade.
— Cheguei em casa com o Dylan, e o Max estava sozinho. Perguntei sobre você, e ele disse que você estava aqui.
— Como você me encontrou neste parque enorme? — Pergunto, ainda sem acreditar.
Ele dá de ombros, com aquela confiança de sempre.
— Eu te encontraria até no meio de uma multidão.
Meu coração dispara. Parece absurdo, mas de alguma forma, suas palavras me trazem uma sensação de segurança. Eu sorrio sem querer, um sorriso que surge sem que eu possa controlar.
Ele me olha de forma séria e pergunta:
— O que está acontecendo com você, Alice? O que está se passando aí dentro?
Suspiro fundo e começo a caminhar devagar, sentindo a brisa no meu rosto.
— Eu só… estou me perguntando se estou fazendo as escolhas certas. Se estou lidando com tudo da maneira certa. Às vezes, parece que o mundo inteiro espera algo de mim, e eu… não sei se consigo lidar com isso.
Ele ficou em silêncio por um momento, talvez refletindo sobre minhas palavras. Então, ele parou ao meu lado e falou com uma voz suave:
— Alice, a única coisa que importa é você saber o que quer. Não o que os outros esperam de você.
Olho para ele, sem saber o que falar. Eu realmente não sabia.
— Eu não sei… Eu não sei mais o que quero.
Vicent me olhou com um olhar compassivo.
— Tudo bem não saber. A gente vai descobrindo aos poucos.
Ficamos em silêncio por um tempo, caminhando juntos. Eu ainda me sinto perdida, mas sua presença ali ao meu lado me traz um pouco de paz.
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Atualizado até capítulo 29
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