Alice Cross
O dia parece interminável. Desde que chegamos no hotel, a ansiedade é palpável. Eu consigo sentir meu estômago se revirando a cada minuto que passa. Não é pela turnê em si — estou animada, até mais do que imaginava. É por ter que lidar com os jornalistas. A pressão cresce, e, francamente, não sei se estou pronta para tudo o que isso envolve.
Oliver, nosso agente, está passando de um lado para o outro, controlando a logística da coletiva de imprensa. Ele tem esse jeito de controlador que não dá muito espaço para dúvidas, mas, por algum motivo, me dá uma sensação de que ele sabe exatamente o que está fazendo. Ele está com o celular na mão, falando com alguém sobre os últimos detalhes da turnê, enquanto os meninos estão na sala esperando o evento começar.
Eu observo Vicent, que parece estar no controle da situação. Ele sempre parece tão confiante, como se fosse um líder natural. Ele tem essa postura de quem nunca se deixa abalar, mas sei que, por dentro, ele está tão ansioso quanto todos nós. No fundo, ele é nosso alicerce. A voz que nos guia nos momentos de incerteza.
Max, por outro lado, está o tempo todo fazendo piada. Como sempre, tentando aliviar a tensão com piadas idiotas. Ele passa por mim e, ao ver meu rosto sério, solta:
— O que você acha, Alice? Vai rolar uma pergunta sobre a sua vida amorosa ou sobre sua habilidade com a guitarra? Aposto que vai ser sobre os dois.
Eu tento segurar o sorriso, mas ele me faz rir sem querer. Mesmo quando a situação está tensa, Max sempre tem algo para nos fazer rir.
Dylan está encostado na parede, mexendo no celular. Eu não sei se ele está se preparando para a coletiva ou só está pensando em alguma mulher que conheceu mais cedo no hotel. Dylan é… complicado. Ele é ótimo no palco, tem uma energia incrível quando está tocando, mas fora dele, às vezes, parece um pouco perdido. E, francamente, ele sabe que sua fama de mulherengo não ajuda em nada. E me preocupo com ele, na verdade me preocupo com todos eles, mas Dylan…as vezes sinto que não consigo acessá-lo, não é fácil como é com Max ou Vicent, apesar de que mesmo tendo esse jeito fechado, ele demonstra seu amor por nós do jeito que consegue.
— Ei, Alice — Dylan fala, levantando os olhos do celular. — Você já se preparou para aquelas perguntas sobre sua vida amorosa? Eles vão querer saber tudo. Digo, quem não queria saber sobre a guitarrista da banda, né?
Eu reviro os olhos e ignoro, focando na minha respiração. Tento me manter calma, mas a ansiedade começa a apertar. Nunca fui muito boa com câmeras e perguntas invasivas.
Logo nos chamam para a coletiva. Entramos em uma sala pequena e a luz das câmeras me faz apertar os olhos. Está tudo muito formal, muito… diferente de como eu imaginava que seria. A sala está cheia de jornalistas que não parecem nem um pouco intimidados pela nossa presença. Eles já estão acostumados com bandas novas, com artistas que estão começando, como nós.
A coletiva começa com algumas perguntas rápidas sobre como estamos nos preparando para a turnê, e tento dar respostas simples, mas sinceras. Falo sobre a nossa paixão pela música e como estamos animados para levar nosso som para novos lugares. Mas então, as perguntas começam a ficar mais pessoais.
— Axel, fala pra gente, como é ser a única mulher em uma banda de rock tão masculina? Não é difícil lidar com tantos homens no mesmo espaço por tanto tempo?
Eu dou uma respirada funda antes de responder, tentando não deixar a pergunta me desconcentrar. Já sabia que seria questionada sobre isso, então tento manter o tom leve.
— Eu sempre fui muito bem recebida. A nossa química é boa, e nós realmente nos entendemos. Eles me respeitam, e eu respeito cada um deles. Acho que a música nos une muito mais do que qualquer coisa.
O jornalista balança a cabeça, anotando algo em seu bloco, mas logo uma outra pergunta vem.
— E o que você acha das comparações que já estão sendo feitas entre você e outras guitarristas femininas famosas? Alguma inspiração? Você vê a si mesma como parte dessa nova onda de mulheres na música?
Eu hesito por um momento, sem saber se estou pronta para esse tipo de pergunta. Já tive que lidar com comparações antes, mas é sempre desconfortável. Tento manter a calma e respondo:
— Eu acho que todas as guitarristas têm algo único a oferecer. Não me preocupo tanto com comparações, porque meu foco está em criar minha própria música, nossa música. Mas, claro, sempre me inspiro em grandes nomes da música. Acho que isso é natural para qualquer artista.
Eles continuam fazendo perguntas, mas vou me acostumando com o ritmo. Vou conseguindo me concentrar no que é importante: nossa música, nossa banda. O resto é apenas barulho ao fundo. No fim, a coletiva termina, mas a sensação de estar sendo observada persiste.
Saímos da sala e, assim que a porta se fecha, sinto a tensão do meu corpo começar a relaxar. Vicent está ao meu lado, e vejo que ele também respira aliviado.
— Sobreviveram? — Dylan pergunta, irônico.
Eu dou um sorriso fraco, mas me sinto mais leve.
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Atualizado até capítulo 29
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