Capítulo 01

Alice Cross

Eu ainda não consigo acreditar que estamos aqui. Sentada nesta sala de reuniões enorme, cheia de pôsteres de ícones do rock nas paredes, vejo o logo da nossa gravadora brilhando em uma placa de metal logo à frente. É quase surreal: nossa primeira turnê. E começa daqui a um mês.

Eu observo os meninos ao meu redor, cada um reagindo ao nervosismo à sua maneira. Vicent, sentado ao meu lado, está com aquele olhar sério de sempre, os braços cruzados, a mandíbula tensa. Ele parece ser o único realmente confortável com toda essa formalidade. Sempre tão focado, assumindo a postura de líder mesmo sem ninguém pedir.

Do outro lado, Max balança na cadeira, um sorriso fácil estampado no rosto. Ele olha para a sala como se estivesse prestes a fazer uma piada sobre o quanto é exagerada. Eu sei que, em algum momento, ele vai dizer algo que vai quebrar o silêncio. É só uma questão de tempo.

Dylan, claro, parece estar quase caindo da cadeira de propósito, jogado para trás, com aquele ar de despreocupado que só ele consegue manter. Seus olhos passeiam pela sala, parando em cada detalhe – mas não consigo dizer se ele realmente está prestando atenção ou só pensando em qual confusão vai se meter depois daqui.

Mas eu… eu estou ansiosa, de um jeito que só aumenta a cada segundo. Não é como subir no palco, onde toda a minha timidez desaparece assim que a primeira nota soa. Aqui, sentada diante dos executivos da gravadora, sinto como se estivesse em uma prova, esperando para saber se realmente estamos prontos para isso.

Um dos produtores pigarreia, chamando nossa atenção.

- Então, vamos falar sobre a turnê. -ele começa, olhando para cada um de nós. -Vocês estão prestes a entrar em uma nova fase, e precisamos garantir que tudo esteja nos trilhos.

Vicent acena com a cabeça, e Max, claro, sussurra algo que só eu e Dylan conseguimos ouvir. Tento segurar o riso, mas não posso deixar de sorrir um pouco. Talvez seja bom ter alguém que sempre faz piada quando a pressão parece alta demais.

- Vocês vão abrir em Nova York e terminar aqui, em Los Angeles.

O produtor continua, enquanto as imagens de palcos e datas surgem na tela à nossa frente. A visão de cada cidade me faz sentir um arrepio.

A turnê. Nossa turnê. Eu olho para os meninos, e cada um parece ter a mesma sensação, embora reagindo de um jeito completamente diferente. É como se estivéssemos prestes a dar um salto – e, por mais que o nervosismo grite dentro de mim, sei que estamos juntos, prontos para qualquer coisa.

Enquanto o produtor projeta as datas na tela, a porta se abre e entra nosso agente, Oliver Grant. Alto, com um terno perfeitamente ajustado e aquele olhar atento que sempre parece estar um passo à frente de todos, ele se aproxima da mesa e nos encara com um leve sorriso. Eu nunca sei o que esperar dele; Oliver é o tipo de cara que equilibra uma frieza profissional com uma paciência que, confesso, às vezes é desafiada pelo nosso jeito. Especialmente pelo jeito do Dylan.

- Vocês parecem animados. - ele diz, com um ar de aprovação que é raro de ver.

- Estamos prontos.

Vicent responde com confiança, enquanto Max faz uma cara de convencido. Oliver revira os olhos, mas não deixa de sorrir para nós. É fácil ver o quanto ele acredita na banda.

Oliver se senta e abre uma pasta com os detalhes da turnê. Ele começa a repassar cada data, cada palco, cada intervalo curto entre um show e outro, e a responsabilidade do que está por vir fica cada vez mais clara.

- Tudo vai estar preparado para vocês, mas a pressão vai ser grande. - ele começa.

Os fãs vão estar em todos os lugares. E com cada show, a visibilidade de vocês vai crescer – então precisam se comportar.

Sinto o olhar dele pousar no Dylan. Dylan, como sempre, apenas levanta as sobrancelhas, fingindo inocência, mas eu sei que ele entende o recado.

- Dylan. - Oliver o chama, com um tom mais firme.

- Essa é sua chance de levar as coisas a sério. Você é bom no que faz, mas precisa parar de procurar confusão e ficar longe de problemas. Principalmente… com mulheres.

A expressão dele é uma mistura de preocupação e frustração, como se já previsse exatamente o que Dylan faria se fosse deixado à solta.

Dylan dá de ombros, lançando aquele sorriso despretensioso que é metade charme, metade desafio.

- Relaxa, Oliver. Sei me cuidar.

- Esse é o problema. Você sempre diz que sabe, mas parece que esquece quando a situação surge.

Oliver rebate, olhando diretamente para ele.

- Não quero ter que resolver outro escândalo no meio de uma turnê. Isso é sério, Dylan. Qualquer passo errado seu pode custar caro. E estamos falando de shows, contratos, e…

- E a minha cabeça. - Vicent completa, com um olhar severo.

Dylan ri, mas sei que ele respeita o que Vicent diz. É o único jeito de manter tudo no lugar.

Oliver suspira, mas finalmente dá um aceno de aprovação.

- Ok, então. A última coisa que quero é ver essa turnê afundar antes mesmo de começar. Mas, se cada um fizer sua parte, posso garantir que esse será o início de algo muito maior do que vocês imaginam.

O olhar de Oliver se suaviza um pouco, e, apesar do sermão, dá para ver o orgulho dele em nós.

- Vamos dar tudo de nós,. - digo, quebrando o clima tenso.

Vicent concorda com um breve sorriso, e até Max, que geralmente só pensa em piadas, parece mais sério.

- É isso que quero ouvir. - Oliver diz, batendo as mãos na mesa. - Agora vamos fazer dessa turnê um sucesso e mostrar para o mundo do que vocês são feitos.

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