Capítulo 11

Alice Cross

Estou no quarto do hotel, olhando para o teto enquanto tento processar a ideia de fingir um relacionamento com Vicent. É estranho pensar nisso. Sei que Oliver acredita no potencial de marketing, e consigo entender o quanto essa estratégia poderia nos dar visibilidade, mas não consigo evitar que a situação pareça… surreal. Como é que eu vou fingir algo assim com o Vicent? A gente sempre foi amigo, e agora, de repente, vou ter que bancar a namorada dele para o público? Parece ridículo. Suspiro, sentindo um aperto no peito, e percebo que preciso desabafar com alguém. Levanto e vou até o quarto de Max, batendo à porta com firmeza.

Ele abre, e vejo um sorriso divertido se espalhar pelo rosto dele, como se já soubesse exatamente o que quero conversar.

— Deixe-me adivinhar — diz Max, encostando-se na porta e me chamando para entrar. — Você veio falar sobre o seu novo “romance”.

Reviro os olhos e entro no quarto bagunçado dele, me sentando na beira da cama. Mesmo com roupas e objetos espalhados pelo quarto, o lugar parece acolhedor.

— Isso tudo parece uma ideia ridícula, Max. Eu nem sei por onde começar — confesso, soltando um longo suspiro. — E se acabarem inventando coisas que nem existem de verdade? E se isso estragar a amizade?

Max ri, como se eu estivesse exagerando demais, e se senta ao meu lado.

— Alice, relaxa. Sei que parece esquisito, mas pensa só: é como se você estivesse encenando um papel. Só que o palco é o feed das redes sociais e as notícias dos tabloides. O que importa é que vocês dois sabem que são amigos. O resto é só ilusão para o público, e todo mundo já sabe disso, no fundo.

O tom descontraído dele me faz sorrir. Ele sempre sabe como me acalmar. Sinto que posso finalmente respirar um pouco melhor.

— Talvez você tenha razão — respondo, deixando os ombros relaxarem. — Mas e se isso complicar as coisas entre a gente? Tipo… Vicent e eu sempre fomos amigos. Não quero que esse “relacionamento de mentirinha” atrapalhe nossa amizade.

Max coloca a mão no meu ombro, em um gesto de apoio.

— Confia, Alice. Vocês dois são maduros o suficiente para lidar com isso. E, pensa bem, quem sabe isso não ajuda vocês a se conectarem mais para os shows? Aproveita e curte o momento e, quem sabe, você até se divirta.

Sorrio, grata pela leveza que ele traz para qualquer situação.

— Valeu, Max. Eu precisava mesmo ouvir isso.

Nesse momento, Oliver aparece na porta e nos interrompe, avisando que o resto do dia está livre e sugerindo que eu e Vicent aproveitem para explorar Boston juntos e postar uma foto para alimentar os rumores. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Vicent aparece no corredor, já ouvindo a conversa, com aquele sorriso despreocupado.

— Fechado. Vamos lá, Alice. Vai ser divertido! — ele diz, os olhos brilhando de empolgação.

Eu hesito por um segundo, mas a conversa com Max ainda ecoa na minha cabeça. Ele tem razão; posso simplesmente curtir o momento, certo? Respiro fundo e decido ir.

Começamos o passeio pelo centro de Boston, visitando pontos turísticos, pequenas lojas de discos e cafés aconchegantes. A cada esquina, Vicent tem um comentário engraçado ou uma história para contar. Ele sempre foi leve e espontâneo, mas, hoje, é como se estivesse tentando me fazer esquecer de qualquer preocupação. As risadas vão surgindo aos poucos, e quando percebo, já estou me divertindo de verdade.

Entramos em uma loja de discos, onde Vicent faz questão de me mostrar cada álbum clássico que ele acha que eu “preciso” ouvir.

— Esse aqui é um clássico! — ele exclama, segurando um LP de uma banda dos anos 70. — Você precisa ouvir essa faixa, Alice. Vai mudar a sua vida.

Eu rio, pegando o disco da mão dele.

— Vicent, você disse a mesma coisa semana passada sobre outro álbum.

Ele finge estar ofendido e dá de ombros.

— Talvez seja porque você tem que escutar todos!

Depois de algumas horas explorando a cidade, o sol começa a se pôr. Estamos sentados num banco à beira do Rio Charles, onde o cenário fica banhado por uma luz dourada. É impossível não ficar hipnotizada com a vista.

Vicent tira o celular do bolso e se vira para mim.

— Acho que a gente precisa de uma selfie para registrar o passeio. E, claro, para o plano funcionar — ele diz com um sorriso travesso.

Aproximo-me para a foto, e ele tira algumas até escolher a melhor. Na imagem, estamos sorrindo com o sol se pondo ao fundo. Ele digita uma legenda e me mostra.

“Dia de folga com a melhor companhia.”

Sorrio ao ler a legenda. É perfeita. Parece algo que qualquer amigo postaria, mas, considerando os rumores que circulam, isso só vai deixar os fãs com mais perguntas. É engraçado pensar nisso. De repente, tudo parece um jogo leve, divertido.

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