Capítulo 12

Vicent Blackwood

Eu estou distraído, deslizando pelas notificações no meu celular, quando percebo que Alice está quieta ao meu lado, olhando pela janela do avião. Eu já sabia o que ela estava pensando. A foto de Boston e todos os comentários que começaram a aparecer a estavam deixando desconfortável. Para mim, era tudo simples: uma postagem, uma legenda sutil, e pronto. Mas Alice não parecia pensar assim.

Eu olho para ela, tentando decifrar o que está acontecendo em sua cabeça. Ela mexe no celular, os dedos passando rápido pela tela. Não demora muito para que eu perceba o que a está incomodando: comentários negativos.

Ela suspira, balança a cabeça e fecha o celular, deixando-o de lado. Mas eu já tinha visto o suficiente.

— Ei, o que aconteceu? — Pergunto, com a voz suave, não querendo invadir demais o espaço dela.

Ela me olha, mas o brilho nos olhos dela parece ter desaparecido por um momento. Ela parece tão… distante. De novo, vejo ela encarando a tela do celular, e sei que está lidando com algo que eu, sinceramente, não entendo direito. Ela respira fundo e me olha, os olhos um pouco mais nublados.

— Eu só… Não sei, Vicent. Alguns desses comentários… São tão cruéis. O que eu fiz para merecer isso? — Ela quase sussurra, mais para si mesma do que para mim, mas eu ouvi claramente.

Eu franzo a testa, sem entender direito. Alice? Cruel? Isso não faz sentido para mim. Como alguém pode falar algo ruim dela?

Ela suspira de novo e pega o celular. Eu vejo a mão dela tremer levemente enquanto ela rola para baixo na tela, passando de um comentário para o outro.

— Olha isso, Vicent — ela diz, a voz tão pequena que me corta. Ela começa a ler em voz baixa. — “O que o Vince vê nela? Ela é tão sem graça.”

Eu fico em silêncio, sentindo um nó se formar no estômago. Como alguém pode falar isso dela? Alice é qualquer coisa, menos sem graça. Ela é única. Eu fico em silêncio por um momento, tentando processar as palavras cruéis que ela acabou de ler.

Ela continua, e a raiva começa a ferver dentro de mim. — “Essa tentativa de romance forçado não vai colar. O que você está tentando fazer, Axel? Se esconder atrás de um cara para parecer interessante?”

Eu fecho os punhos, tentando manter a calma, mas o que eu realmente queria era gritar. Alice não merece esse tipo de coisa.

Ela solta o celular e olha para mim, a dor estampada no rosto dela.

— Isso só está começando, Vicent. Eu não sei como lidar com isso. Eu nem pedi para estar nesse centro de atenção, e agora parece que estou sendo esmagada por todos esses julgamentos.

Eu respiro fundo, tentando manter a calma, mas, por dentro, estou furioso. Alice não merece isso. Ninguém merece. Eu olho para ela e falo com a voz mais firme que posso.

— Não faz sentido — eu digo, sem esconder o desconforto na minha voz. — Você é incrível, Alice. As pessoas estão sendo ridículas. Não tem nada de errado com você. Nada.

Eu pego a mão dela, sentindo um peso tomar conta de mim. Como alguém pode ver defeito nela? Como alguém pode falar mal de uma pessoa tão… perfeita?

Ela olha para mim, a expressão suavizando um pouco. Eu continuo, mais calmo, mas sem perder a intensidade.

— Você… você é perfeita, Alice. E, honestamente, esses comentários não têm o menor valor. A única coisa que importa é que você seja você mesma. E eu… eu vou estar aqui, ok? Pra tudo.

Ela respira fundo, mas eu ainda posso sentir a tensão em seu corpo. Ela não parece completamente convencida, então eu dou uma olhada nas notificações e pego o celular dela com cuidado. Quero mostrar a ela que nem tudo é negativo, que há pessoas que veem o que realmente importa. Começo a rolar os comentários para ela.

— Olha esses. — digo, tentando suavizar o ambiente. Ela se inclina para ver a tela e, antes que ela possa dizer algo, começo a ler em voz alta. — “Gente, a Axel é uma gata, Vince tem sorte.”

Eu vejo os olhos dela se suavizando um pouco. Ela não diz nada, mas está ouvindo atentamente.

— E esse aqui — continuo. — “É bom ver a Axel feliz, ela e o Vince são muito fofos.”

Ela sorri fracamente, mas ainda parece um pouco distante. Não estou ainda convencido de que esses comentários vão mudar como ela está se sentindo, então sigo, lendo mais.

— “A amizade deles é tão genuína. Eu adoro ver o Vince apoiando a Alice.”

Alice respira mais fundo, e parece que ela está se permitindo ser tocada por essas palavras. Mas ainda assim, posso ver que a sombra de dúvida permanece.

Eu volto a olhar para ela, a expressão mais séria agora.

— Eu sei que comentários negativos sempre vão existir, Alice. Infelizmente, isso é parte do pacote, e, mesmo sendo frustrante, não podemos controlar o que os outros dizem. Mas se isso realmente está te fazendo mal e você não quer continuar com esse plano de marketing, eu desisto na hora, sem pensar duas vezes. Não vale a pena, se você não se sentir confortável.

Ela me olha, pensativa, e eu sinto um peso no peito. Eu só quero que ela fique bem.

— Eu vou pensar sobre isso, Vicent. Eu só… preciso de um tempo para processar tudo. — Ela diz com um suspiro, ainda indecisa, mas seus olhos estão mais tranquilos agora.

Eu não digo mais nada, apenas seguro sua mão com mais firmeza, como se isso fosse o suficiente para mostrar que, não importa o que ela decida, eu estarei ao lado dela. E o que os outros pensam, bem… isso não muda nada do que eu sinto por ela.

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