Vicent Blackwood
Eu me sinto péssimo. Toda essa situação com a minha mãe, as manchetes nos jornais, as fotos dela tentando fazer de mim um monstro… é tudo demais. Eu deveria ter visto isso vindo, mas nunca imaginei que ela fosse me atacar assim, tão publicamente. Eu soube que seria difícil, mas não pensei que seria tão pesado.
Estamos prestes a entrar na coletiva de imprensa, e tudo o que consigo pensar é em como eu preferia estar em qualquer lugar que não fosse aqui, longe dessas câmeras, longe dessa vergonha. Sinto o estômago embrulhado, mas o pior é que não tenho escolha. A imprensa está me esperando, e eu sei que tenho que esclarecer as coisas.
Dylan olha pra mim com um sorriso travesso e diz:
— Então, galera, achavam que o meu primeiro escândalo seria o maior, mas adivinhem só? A surpresa foi o nosso querido Vicent aqui.
Eu tento dar uma risada, mas não consigo. O olhar dele, cheio pena, só faz a tensão aumentar. Eu queria ser capaz de rir, mas o peso da situação não deixa. Sinto Alice perto de mim, sua presença sempre me acalma, mas até agora, nem ela consegue aliviar completamente essa dor.
Quando entramos na sala de imprensa, os repórteres estão prontos para nos devorar. Eles começam com perguntas invasivas, tentando explorar o que aconteceu, como se fosse um jogo. Perguntam sobre minha mãe, sobre minha infância, sobre o que aconteceu entre nós dois, como se eu fosse uma peça num tabuleiro de xadrez.
Um repórter mais ousado, com um sorriso sarcástico, levanta a mão:
— Vicent, sabemos que sua mãe tem falado muito sobre você ultimamente, mas por que você foi tão frio e distante com ela? Como justifica essas declarações dizendo que não se importa com ela?
Eu engulo seco, tentando manter a compostura, mas a dor aperta. Eu olho para Alice, e isso me dá um pouco de força. Respondo, tentando não parecer vulnerável:
— Não se trata de ser frio, se trata de ser real. Minha mãe me deixou quando eu era criança, porque era ambiciosa. Não me importo com o que ela diz agora, porque ela não entende o que aconteceu, nem quem eu sou.
Outro repórter, mais velho, com uma expressão séria, pergunta com um tom mais grave:
— Vicent, a mídia está repleta de fotos dela chorando e falando sobre o quanto sente a sua falta. Como você se sente vendo isso, sabendo que ela quer se reaproximar?
Eu respiro fundo, o peso da situação me sufocando. Não sei mais o que dizer, mas Alice está lá. Sua mão, por debaixo da mesa, segura a minha, e isso me dá coragem para responder:
— Eu não posso mudar o que aconteceu. Minha mãe me abandonou, e agora, no momento mais conveniente para ela, quer aparecer como a vítima. Eu não posso ser parte disso. Não tenho mais espaço na minha vida para alguém que me deixou quando eu mais precisei.
Outros repórteres começam a pressionar, fazendo perguntas cada vez mais invasivas:
— Então, você acha que ela está tentando manipular a situação? Como você se sente ao ser exposto dessa maneira? E o que você pretende fazer daqui pra frente com relação à sua mãe?
Eu fico sem saber o que responder por um momento. Sinto uma raiva crescente, mas meus amigos me olham com tanta compreensão que me acalma. Eu puxo o ar e falo de forma mais firme:
— Eu não posso controlar o que ela faz ou diz, mas vou continuar minha vida. E se isso significa cortar relações com ela, que assim seja.
A coletiva continua com mais perguntas, mas eles me apoiando, sinto que posso enfrentar o que vier. Ele me dão forças, e isso faz com que eu consiga responder com mais clareza, até que a sala de imprensa se acalma.
Depois da coletiva, as câmeras se desligam e a pressão diminui um pouco. Eu me sinto exausto, mentalmente e fisicamente. O hotel parece um refúgio agora.
Chego no meu quarto e me deixo cair na cama, a sensação de estar no olho do furacão ainda forte. Não sei como lidar com tudo isso, mas sei que não estou sozinho. Meu telefone vibra e vejo que é meu pai. Respondo imediatamente.
— Oi, pai. — Minha voz sai mais calma, mas meu peito aperta só de ouvir a voz dele.
— E aí, filho, como está? Vi as notícias. Está tudo bem? — A preocupação dele é clara, mas a voz é firme, como sempre foi.
— Estou melhor, pai. — Eu respiro fundo, tentando encontrar as palavras certas. — Eu só queria dizer que… eu te amo. E que me orgulho muito de ser seu filho. Você sempre foi meu exemplo.
Eu ouço um suspiro do outro lado da linha, e depois a resposta que eu mais precisava ouvir.
— Eu também te amo, filho. E você é mais forte do que imagina. A gente vai passar por isso juntos. Fica bem.
Eu fico em silêncio por um segundo, sentindo uma onda de alívio, como se um peso tivesse sido tirado de mim. O telefone desliga e, quando olho para trás, vejo Alice parada na porta, com um sorriso tímido no rosto.
— Como você está? — ela pergunta suavemente.
Eu me sento na cama e a vejo se aproximar. Ela se senta ao meu lado e, sem pensar, me deito em seu colo. Me sinto seguro ali, não sei o que me levou a fazer isso, mas o toque dela, a suavidade com que ela começa a fazer cafuné nos meus cabelos, me faz sentir uma paz que eu não sabia que ainda existia em mim.
Ela fala baixo, mas a voz dela é cheia de cuidado:
— Você deveria ter me contado sobre a ligação da sua mãe. Eu teria ido com você para te apoiar.
Eu respiro fundo, fechando os olhos por um momento. Me sinto tolo por não ter contado, por não ter pedido ajuda, mas a dor de enfrentar essa situação era demais. E ainda é.
— Desculpa, Alice. No calor do momento, eu só queria resolver logo tudo isso. Não queria te envolver mais. — Minha voz sai baixa, cheia de arrependimento.
Ela sorri suavemente e passa a mão em meus cabelos, num gesto tão suave que quase me faz esquecer da realidade.
— Eu entendo. — Ela diz baixinho. — Eu estou aqui, Vicent. E você não precisa passar por isso sozinho.
Eu fecho os olhos, sentindo o peso do dia começar a diminuir. Estou cansado, mas, de algum jeito, a presença dela me dá forças para enfrentar o que está por vir.
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Atualizado até capítulo 29
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