Enquanto voltavam para a cabana, Max não podia deixar de pensar que a relação deles nunca mais seria a mesma.
Naquela noite, o som suave das ondas batendo na praia continuava ao fundo, criando uma sensação de paz que contrastava com o tumulto interno de Max. Desde o momento no mar, ele não conseguia parar de pensar em Alice, na proximidade que compartilharam e nas palavras dela. Seus sentimentos, que ele havia enterrado profundamente sob a armadura do profissionalismo, agora começavam a emergir, e isso o deixava inquieto.
Ele tentou distrair-se preparando o jantar, algo simples, mas que poderia ser reconfortante para ambos. Quando tudo estava pronto, ele decidiu que era hora de chamar Alice. Ele sabia que ela precisava comer depois do longo dia, e queria manter tudo o mais normal possível, apesar do que havia acontecido antes.
Max se dirigiu ao quarto dela e bateu na porta com leveza.
— Alice? — chamou ele, esperando ouvir sua voz.
Não houve resposta. Ele franziu o cenho, preocupado. Bateu novamente, um pouco mais forte.
— Alice, o jantar está pronto — repetiu, mas o silêncio continuava.
Sem ouvir qualquer movimento, Max hesitou por um momento, mas a preocupação o levou a agir. Ele girou a maçaneta devagar e abriu a porta apenas o suficiente para espiar. Quando seus olhos se ajustaram à luz fraca do quarto, ele a viu.
Alice estava deitada na cama, dormindo profundamente. O lençol caía descuidadamente ao lado, deixando seu corpo revelado apenas de lingerie. A cena o pegou de surpresa, e por um breve instante, Max congelou no lugar, incapaz de desviar o olhar.
Ela parecia tão tranquila, tão vulnerável, e a imagem dela dormindo assim mexeu com algo profundo dentro dele. Ele tentou desviar os olhos, mas a delicadeza de sua figura, a suavidade da respiração, e o modo como a luz fraca acariciava sua pele o mantiveram preso naquele momento. Max sabia que não deveria estar ali, admirando-a assim, mas era como se o tempo tivesse parado, e tudo o que ele conseguia sentir era o peso do desejo que havia tentado reprimir por tanto tempo.
Ele respirou fundo, lutando para recuperar o controle de si mesmo. Aquilo não era certo, ele sabia. Alice estava dormindo, indefesa, e ele era seu protetor. Mas, ao mesmo tempo, ela havia deixado claro o que sentia por ele mais cedo, e isso o confundia, o fazia questionar o que era certo ou errado naquele momento.
Max balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Ele precisava sair dali antes que fosse tarde demais, antes que fizesse algo de que se arrependeria. Com um último olhar rápido, ele se virou e começou a fechar a porta, lentamente, para não acordá-la.
Mas, no exato momento em que estava prestes a fechar completamente a porta, Alice se mexeu levemente na cama, murmurando algo em seu sono. Max parou, com o coração acelerado, mas ela não acordou. Ele soltou um suspiro aliviado, fechando a porta com cuidado, desta vez com determinação, e se afastou rapidamente.
De volta à cozinha, ele tentou focar em qualquer coisa que o distraísse daquela cena. Max se sentou à mesa, mas sua mente estava em Alice, no desejo que o consumia e na batalha interna que parecia impossível de vencer. Ele sabia que, se continuasse assim, eventualmente não seria capaz de resistir por muito mais tempo.
O jantar ficou intocado. Max continuou sentado, as mãos passando nervosamente pelo cabelo, ainda perturbado pelos sentimentos conflitantes que o envolviam. Ele havia sido contratado para proteger Alice, mas agora parecia que estava lutando
para proteger a si mesmo.
Depois de alguns minutos tentando se concentrar, Max decidiu que precisava seguir em frente e deixar os pensamentos desconcertantes de lado. Ele respirou fundo, levantou-se da mesa e subiu novamente até o quarto de Alice. Desta vez, bateu na porta com mais firmeza, esperando que ela estivesse acordada.
— Alice? — chamou ele, sua voz mais controlada, mas ainda com um toque de ansiedade.
Houve um breve silêncio antes de ele ouvir a voz suave de Alice do outro lado.
— Sim? — respondeu ela, soando um pouco sonolenta.
Max suspirou aliviado, agradecendo mentalmente por ela estar acordada desta vez. O que ele viu mais cedo ainda estava gravado em sua mente, e ele sabia que precisava manter a compostura.
— O jantar está pronto — disse ele, com um tom calmo e profissional. — Achei que você poderia estar com fome.
Ele ouviu Alice se mexer na cama, e alguns segundos depois, ela respondeu com um tom mais animado.
— Ah, claro! Desculpa, acho que acabei pegando no sono. Já desço em um minuto.
Max assentiu, mesmo que ela não pudesse vê-lo. Agradeceu em silêncio por aquele intervalo de tempo. Agora que Alice estava acordada, seria mais fácil voltar à normalidade. Ele desceu de volta para a cozinha, esperando que a breve refeição os ajudasse a deixar o que havia acontecido para trás.
Quando Alice apareceu na sala de jantar, estava com o cabelo levemente bagunçado, mas com uma expressão sorridente no rosto. Ela parecia mais relaxada, embora seus olhos ainda carregassem uma curiosidade divertida quando olhou para Max.
— O cheiro está ótimo — disse ela, sentando-se à mesa.
— Nada muito elaborado — respondeu ele, enquanto colocava os pratos na mesa. — Só algo para repor as energias.
Enquanto eles comiam, Max tentava manter a conversa casual. Falavam sobre a ilha, sobre como a paisagem era deslumbrante, e Alice mencionou que gostaria de explorar mais no dia seguinte. Mas, mesmo entre as palavras leves, havia uma tensão no ar, algo que ambos sentiam, mas que nenhum estava disposto a abordar diretamente.
Alice o observava com cuidado, notando como ele evitava seus olhares prolongados. E embora Max estivesse concentrado em parecer o mais impassível possível, ela podia perceber que algo havia mudado.
— Obrigada pelo jantar, Max — disse Alice, após terminarem. — E por tudo que tem feito por mim. Eu sei que não deve ser fácil.
Max a olhou brevemente, tentando decifrar o tom nas palavras dela, mas ele apenas assentiu.
— É meu trabalho — respondeu ele, com a voz baixa, embora soubesse que o que sentia ia muito além disso.
Alice sorriu de canto, como se entendesse exatamente o que ele quis dizer, mesmo sem que as palavras fossem ditas.
— Mesmo assim, obrigada — repetiu ela suavemente.
Max tentou não pensar demais na maneira como ela o olhava ou nas sensações que aquilo lhe causava. Tudo o que ele precisava fazer era garantir a segurança dela durante essa viagem... E, quem sabe, manter-se seguro emocionalmente também.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Vilma De Souza
Queria foto deles.🥺
2024-11-07
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