capítulo 10

Ela respirou fundo, colocando a blusa na mala. Enquanto dobrava as roupas, seus pensamentos vagavam. Como seria essa viagem? Estar longe de tudo e de todos, tendo Max como sua única companhia? Não era apenas a situação perigosa que a preocupava, mas também as mudanças sutis que notava em si mesma quando estava perto dele. Max era firme, focado, sempre em controle. Mas, nos últimos dias, Alice sentia uma certa tensão no ar entre os dois, como se algo estivesse mudando, embora nenhum dos dois quisesse admitir.

Ela parou de arrumar as malas por um momento, sentando-se na cama e deixando o olhar se perder na janela. A noite estava tranquila lá fora, as estrelas brilhando no céu, como se o mundo não estivesse desmoronando à sua volta. Mas por dentro, ela se sentia em conflito. Fugir nunca foi seu estilo. Alice sempre foi corajosa, enfrentando os desafios de cabeça erguida, mas agora... parecia que estava sendo forçada a deixar tudo para trás.

"Será que eles estão certos?", pensou. "Será que fugir é realmente o melhor?"

O peso da decisão de seus pais a sufocava. Parte dela queria lutar, queria mostrar que era forte o suficiente para enfrentar qualquer ameaça, mas, por outro lado, ela sabia que não era apenas sobre ela. A segurança de sua família também estava em jogo. Seus pais não suportariam perder sua filha, e Max... ele estava lá para garantir que isso não acontecesse.

Alice voltou sua atenção para as malas e, com um suspiro, começou a dobrar suas roupas novamente. Sabia que, independentemente de seus sentimentos, o plano já estava em movimento. Em dois dias, ela estaria partindo, longe de tudo, longe de sua vida. E, mesmo que Max estivesse ao seu lado, ela não podia ignorar a sensação de solidão que isso lhe trazia.

Enquanto colocava mais algumas peças na mala, sua mente voltou a Max. Ele sempre foi tão distante, sempre mantendo a barreira entre o profissional e o pessoal. Mas, ultimamente, ela sentia que algo estava mudando nele também. Será que ele também estava lutando com algo que não dizia em voz alta?

A ideia de passar tanto tempo ao lado dele, longe de todos, fez o estômago de Alice revirar. Havia uma mistura de ansiedade e algo mais, algo que ela não queria admitir. Ela sabia que confiava nele mais do que em qualquer outra pessoa, mas havia algo mais profundo crescendo dentro dela, algo que ela não sabia como lidar.

Alice suspirou e fechou a mala, tentando afastar esses pensamentos. Não podia se distrair com sentimentos agora. Havia muito em jogo, e sua vida, sua segurança, dependiam de sua capacidade de manter a cabeça no lugar. Mesmo que a presença de Max complicasse tudo.

Ela olhou para a mala fechada à sua frente, sentindo um nó se formar em sua garganta. Em dois dias, estaria partindo para um lugar desconhecido, deixando sua vida para trás. E, apesar de todo o medo e incerteza, havia uma parte de si que estava curiosa. Curiosa para descobrir o que essa viagem traria. Não apenas em termos de segurança, mas também em relação ao que ela sentia por Max.

Alice levantou-se e olhou para o espelho. Sua própria imagem parecia mais distante, como se não se reconhecesse completamente. A viagem não era apenas uma fuga, mas talvez uma chance de descobrir mais sobre si mesma e sobre as pessoas ao seu redor.

Ela se virou, pronta para encarar o que quer que estivesse por vir.

Enquanto Alice continuava a arrumar suas malas no quarto, seus pais, o presidente e a primeira-dama, estavam na sala de estar, conversando seriamente com Max. Eles sabiam que estavam colocando a vida de sua filha nas mãos dele, e, embora confiassem completamente em seu profissionalismo, o peso dessa responsabilidade era enorme para todos.

O presidente foi o primeiro a falar, cruzando os braços enquanto olhava diretamente para Max. Seu olhar era sério, mas havia um leve toque de preocupação em seus olhos.

— Max, você sabe o quanto Alice significa para nós. Essa viagem... é nossa única saída neste momento. Ela está em perigo aqui, e precisamos garantir que ela esteja segura. Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixá-la sentir que estamos simplesmente a mandando embora. Ela precisa sentir que estamos fazendo isso por amor, não como um castigo.

Max manteve a postura firme, mas sabia que essa conversa era mais do que um protocolo. O presidente estava confiando em sua filha mais do que em qualquer segurança. Ele estava confiando na lealdade e no compromisso de Max de proteger Alice com sua vida.

— Senhor, entendo perfeitamente ( respondeu Max, com a voz calma e controlada. ) Minha prioridade absoluta é garantir a segurança de Alice, e não pouparei esforços para mantê-la fora de perigo. Vou garantir que ela tenha o mínimo de desconforto possível durante a viagem, mantendo um ambiente seguro e discreto. Prometo que ela estará protegida.

A primeira-dama, que estava sentada no sofá ao lado do marido, inclinou-se um pouco para frente, sua expressão preocupada refletindo o amor de mãe. Ela sempre foi muito ligada à filha, e a ideia de enviá-la para longe, mesmo que para sua proteção, partia seu coração.

— Max, nós sabemos que você é o melhor no que faz, mas Alice é teimosa. Ela não vai aceitar essa viagem de bom grado, e sei que ela vai tentar argumentar, talvez até tomar decisões impulsivas. Eu... eu preciso que você entenda que ela é tudo para nós. Não deixe que ela faça nada que possa colocar a vida dela em risco.

Max assentiu, compreendendo as entrelinhas da preocupação. Alice não era uma jovem que aceitava ordens facilmente, especialmente quando sentia que estava sendo forçada a fazer algo contra sua vontade. Ele conhecia sua determinação e, mais ainda, sua impulsividade. Isso era algo que ele teria que lidar com cuidado durante a viagem.

— Senhora, eu sei como Alice é ( Max respondeu, seu tom ganhando um toque mais pessoal, quase como se estivesse falando de alguém com quem já tivesse uma conexão além do trabalho. ) Ela é inteligente e determinada, mas também sabe quando é preciso seguir conselhos para seu próprio bem. Vou garantir que ela entenda a gravidade da situação, mas também darei o espaço que ela precisa para se sentir no controle de suas decisões. Sei que não será fácil, mas estou preparado para isso.

O presidente se levantou e caminhou até a janela, olhando para o jardim. Ele ficou em silêncio por um momento antes de se virar novamente para Max, sua voz baixa, mas firme.

— Alice é teimosa, mas é nossa filha. Ela confia em você, talvez até mais do que em nós neste momento. E eu... eu confio em você também, Max. Não se trata apenas de mantê-la longe do perigo, mas de garantir que ela se sinta protegida e apoiada emocionalmente. Você terá que ser mais do que um guarda-costas nesta viagem. Precisa ser alguém com quem ela possa contar de verdade.

Max sabia que essa era a parte mais desafiadora da missão. Ele sempre foi treinado para ser eficiente, para proteger, mas manter a confiança e o bem-estar emocional de alguém como Alice seria um desafio. No entanto, ele também sabia que já havia criado um laço com ela, mesmo que de forma silenciosa e sem palavras claras.

— Senhor, senhora ( disse Max, sua voz firme), eu prometo que cuidarei dela em todos os aspectos,farei o possível para garantir que Alice esteja segura fisicamente, mas também emocionalmente. Essa viagem não será fácil para ela, e estarei ao seu lado em cada momento.

A primeira-dama sorriu levemente, com os olhos marejados. Sabia que estavam colocando uma grande responsabilidade nas mãos de Max, mas, no fundo, ela confiava nele.

— Obrigada, Max ( disse ela suavemente. )Sei que você entende o quanto isso é difícil para todos nós.

O presidente assentiu em silêncio, voltando para perto de sua esposa. A tensão no ambiente diminuiu um pouco, mas o peso da responsabilidade ainda pairava no ar.

Max se levantou e, com um último aceno respeitoso, se preparou para sair da sala, ciente de que essa viagem mudaria muitas coisas, não apenas para Alice, mas também para ele.

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