A luz suave da manhã invade o quarto, atravessando as cortinas entreabertas e iluminando o rosto de Mia, que ainda repousa ao lado de Dante. A intensidade da noite anterior ainda está estampada em seu rosto. Ela observa Dante dormindo, uma expressão serena no rosto dele, e por um instante, sente como se aquele momento pudesse ser eterno, sem preocupações, apenas os dois.
O celular de Mia vibra na mesinha ao lado, quebrando o encanto do momento. Ela estica a mão, pega o aparelho e vê o nome de Max na tela. Relutante, atende em um sussurro para não acordar Dante.
— Max? O que foi?
— Bom dia, Mia. Achei que a gente podia tomar um café juntos — diz Max, em um tom casual, mas que carrega uma leve expectativa.
— Agora? É tão cedo… — ela suspira, lançando um olhar para Dante adormecido ao seu lado. — Tudo bem. Me dá vinte minutos.
— Ótimo. Te vejo lá.
Mia desliga e fica em silêncio por um instante, observando Dante mais uma vez. Com cuidado, ela desliza para fora da cama, recolhendo suas roupas espalhadas pelo quarto. Em poucos minutos, está pronta para sair, sem fazer barulho. Ela olha para ele uma última vez antes de fechar a porta, seu coração dividindo-se entre o desejo de ficar e a necessidade de ir.
Mia e Max estão sentados em uma cafeteria tranquila, observando o movimento da manhã pela janela. A conversa começa leve, mas logo o tom muda, enquanto Mia decide abordar o que realmente a trouxe até ali.
— É engraçado, não é? Pensar que um dia éramos apenas amigos de infância… e agora estamos em lados opostos de uma guerra silenciosa — comenta Mia, com um olhar que mistura nostalgia e tristeza. — Me diz, Max… você nunca pensou em voltar para o nosso lado? Eu e Nick estamos na cidade, e essa situação não vai acabar bem para nenhum de nós.
Max desvia o olhar, claramente desconfortável. Ele tenta manter a expressão neutra, mas a pergunta de Mia o atinge profundamente. Ela e Nick sempre foram como família para ele, mas agora ele sente lealdade em uma nova direção.
— Mia, eu… nunca quis estar em lados opostos. Mas as coisas não são tão simples assim. Eu fiz minhas escolhas, assim como vocês fizeram as suas.
— Escolhas. — Mia solta um leve suspiro, como se essa palavra carregasse um peso ainda maior do que Max podia imaginar. — Você mencionou uma vez que estava envolvido com… negócios perigosos. Eu entendi, mas nunca pensei que realmente acabaria em algo tão… sério.
— Eu sei, Mia. E, pra ser sincero, essa vida é bem diferente do que eu esperava — Max diz, hesitante. — Às vezes, sinto como se estivesse preso em uma rede de lealdades e segredos… cada passo que dou me afasta um pouco mais de quem eu era.
— Então por que não volta? — Mia o encara com intensidade. — Por que não vem para o nosso lado, Max? Se é tão difícil pra você, se somos uma família, por que continuar em algo que você mesmo não acredita?
Max sente um nó na garganta. Ele sabe que a verdade — de que ele está comprometido com algo diferente — é uma revelação que ele talvez nunca consiga compartilhar completamente com Mia.
— Mia, se fosse tão fácil, eu voltaria, acredite. Mas… a lealdade é uma linha tênue. Eu tenho obrigações que vão além do que eu posso dizer agora. Às vezes, escolhemos um caminho sem entender todas as consequências. E agora estou aqui, tentando evitar que isso vire uma guerra.
Mia observa Max com um olhar perscrutador, notando a tensão em suas palavras. Ela começa a perceber que talvez haja mais do que ele está revelando.
— Max, de quem você está falando? Quem é tão importante para você que te prende assim? Por que parece que você está protegendo alguém, mesmo quando isso pode acabar com você?
Max, com um olhar firme e um tom evasivo, responde:
— Só quero evitar que essa situação acabe destruindo o que resta entre nós. Eu te conheço, Mia. Conheço o Nick. Sei que vocês são mais do que essa guerra, mais do que essa vida.
Mia respira fundo, percebendo que Max está evitando responder diretamente, mas ainda assim algo nele lhe parece honesto. Ela se lembra de que, em algum momento, eles eram amigos sem segredos, e fica claro para ela que, por mais que o Max de hoje esteja comprometido, ele ainda a vê como uma amiga.
— Sei que você está tentando, Max, e isso ainda significa algo para mim. Mas se for escolher um lado… não demore tanto. Porque, quando o conflito realmente começar, talvez nem mesmo a nossa amizade consiga evitar o pior.
Max assente, com um olhar pesado de quem sabe que a decisão está cada vez mais próxima. Eles se despedem, cada um voltando para seus respectivos mundos, sabendo que esse momento talvez tenha sido o último vislumbre de uma amizade livre de mentiras.
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Atualizado até capítulo 33
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