A Última Curva

Após uma hora, o jantar com a presidente termina, selando a parceria entre as empresas. Dante e Hellen saem juntos do restaurante, caminhando até a porta.

– Alex vai te levar para casa – ele diz, chamando o motorista com um aceno discreto. Hellen o olha, surpresa.

– Você não vem comigo? – ela pergunta, um pouco desconcertada.

Ele dá um sorriso de canto.

– Preciso buscar algo que esqueci na empresa.

Hellen balança a cabeça, embora pareça desapontada.

– Tudo bem. Boa noite, Dante. – Ela entra no carro e, com um último olhar, a porta se fecha.

Assim que o carro de Hellen desaparece ao virar a esquina, Dante solta um suspiro, pronto para ir embora. Mas então, uma voz firme ecoa atrás dele.

– Então eu sou a “coisa” que você esqueceu na empresa, Dante?

Ele se vira rapidamente, encontrando Mia com um sorriso provocador nos lábios. Surpreso, ele hesita, mas logo tenta manter a postura.

– Hellen está sobrecarregada. Não quero piorar as coisas.

– Eu sei que tem algo rolando entre vocês dois. Está na sua cara. Afinal, vocês combinam.

– É bem complicado, Mia… – Ele pausa, o olhar fixo e intenso. – Mas não é nada disso que você está pensando.

Mia dá um sorriso de desafio, então vira-se e aponta para o estacionamento.

– Eu dirijo – diz ela.

– Tudo bem, só toma cuidado para não bater em um poste – ele responde com um sorriso debochado. – Esse carro é o meu xodó.

Ela solta uma risada baixa.

– Não o seu carro. Aquele carro. – Ela aponta para uma Mercedes-AMG ONE idêntica à dele.

Dante ri, surpreso, e pensa alto.

– Acho que estou começando a descobrir quem você realmente é, Mia.

Ela apenas o encara, ainda sorrindo, e lança o desafio:

– Que tal uma corrida?

Ele ergue uma sobrancelha, intrigado.

– Para onde?

– Conhece a praça principal?

Ele solta uma risada curta e irônica.

– Quem é que não conhece?

– Aqueles três prédios em frente à praça… são meus – ela diz, entrando no carro e lançando-lhe um olhar de pura provocação.

Dante entra no carro ao lado e a encara, com um sorriso de desafio.

– Exibida. Não vai comer poeira.

A adrenalina pulsava nas veias de Dante e Mia enquanto eles se preparavam para a corrida. Os motores roncaram, ecoando na noite. Mia lançou um olhar provocador para Dante antes de pisar no acelerador.

– Pronto para perder? – ela disse, com um sorriso que desafiava a confiança dele.

– Você não faz ideia do que está prestes a enfrentar – respondeu Dante, apertando o volante, seu olhar fixo na estrada à frente.

Com um sinal de partida, eles dispararam, as rodas queimando o asfalto sob a pressão. Dante tomou a dianteira inicialmente, usando seu conhecimento da cidade para navegar pelas ruas. Mas Mia não ficava para trás. Com um controle impressionante, ela se manteve colada ao seu para-choque.

Quando entraram em uma área com ruas mais estreitas e sinuosas, a corrida começou a esquentar. As luzes da cidade refletiam nos carros enquanto eles faziam curvas apertadas, Mia aproveitando cada espaço possível para ultrapassá-lo.

– Você acha que conhece esta cidade? – Mia gritou, sua voz cheia de determinação.

Dante sorriu, um misto de orgulho e surpresa. Ele se lançou em uma curva acentuada, tentando aumentar a distância entre eles. Mas Mia não se deixou abater. Com uma manobra ousada, ela fez um desvio que Dante não esperava, cortando pela esquerda e se colocando ao lado dele.

A competição estava acirrada, cada um tentando encontrar uma vantagem sobre o outro. Mia se lembrava de cada ponto do percurso, usando suas habilidades de direção ao máximo. Quando passaram por um desvio inesperado, uma série de curvas fechadas se desenrolou à frente.

Dante, conhecendo bem a área, pensou que poderia recuperar a vantagem, mas Mia tinha um truque na manga. Ela apertou o acelerador, e o carro deslizou com agilidade pelas curvas, aproveitando o impulso.

No último trecho da corrida, as luzes da praça principal apareceram à frente, e o coração de Dante disparou. Ele pisou fundo, tentando alcançar Mia, mas ela estava decidida a vencer. Em uma última curva, ela virou o volante com precisão, atravessando a linha de chegada apenas alguns metros à frente dele.

Mia soltou um grito de vitória, enquanto Dante cruzava a linha logo atrás, seus olhos arregalados de surpresa e admiração.

– Ganhei! – ela gritou, virando-se para Dante com um sorriso triunfante.

Ele, ainda ofegante, não conseguiu conter o riso.

– Isso foi incrível, Mia. Mas você sabe que não vou deixar isso barato. Quero uma revanche.

Ela inclinou a cabeça, um brilho desafiador em seus olhos.

– Então traga suas melhores manobras, Dante. Na próxima vez, vou te deixar ainda mais para trás.

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