Entre Armaduras

Mais tarde, Dante dirigiu-se à casa de Max, determinado a obter o número de Mia. As informações sobre a morte do pai de Hellen ainda martelavam em sua cabeça, e ele precisava falar com ela. Max o recebeu com um olhar curioso, mas não hesitou em passar o contato.

Com o número em mãos, Dante ligou para Mia. O toque do telefone parecia ecoar em sua mente, cada segundo uma eternidade. Quando ela atendeu, a voz dela soou fria e direta.

– Alô? Quem é? – perguntou, a irritação evidente.

– É o Dante – ele respondeu, tentando soar calmo. – Precisamos conversar. É importante.

Ela respirou fundo, claramente exasperada.

– O que você quer, Dante? Não tenho nada para dizer a você.

A determinação dele não vacilou. Algo a incomodava, e ele precisava que ela entendesse isso.

– Mia, por favor. É sério. Eu tenho algo que você precisa saber. Não dá para falar pelo telefone.

Houve uma pausa, e ele sentiu a tensão do outro lado da linha.

– Deixa eu em paz. – A voz dela era firme, mas havia uma fraqueza por trás da bravura. – Não quero saber de você.

Ele lutou contra a frustração. Algo a estava incomodando, e ele precisava de sua atenção.

– Só me encontre, por favor. Prometo que não tomarei muito do seu tempo. É importante.

Então ele passou o endereço de um café tranquilo, um lugar onde poderiam falar em particular. Após desligar, a expectativa e a ansiedade começaram a tomar conta dele. Ele se dirigiu ao local e, ao chegar, pediu um café e sentou-se em uma mesa no fundo, longe dos olhares curiosos.

O tempo passou lentamente, e Dante olhava para a porta, cada pessoa que entrava fazendo seu coração acelerar. Quando a impaciência começou a se misturar com a dúvida, ele pensou em ir embora. Será que ela não viria?

Justo quando ele estava prestes a se levantar, a porta se abriu, e Mia entrou. O mundo ao seu redor desapareceu, e tudo que importava era ela. Ele notou a expressão dela, entre a raiva e a curiosidade, enquanto ela caminhava até ele. O que quer que tivesse que dizer não poderia esperar mais.

Quando Mia se aproximou da mesa, a tensão entre eles era palpável. Dante levantou a mão, uma tentativa de suavizar o clima.

– Mia, eu só quero pedir desculpas pela noite passada. Eu não...

Ela o interrompeu, o olhar fixo e desafiador.

– Eu não preciso da sua desculpa.

– Me deixa explicar o que aconteceu?

Ela arqueou uma sobrancelha, o tom de voz desdenhoso.

– Nada aconteceu, Dante.

– Me deixe explicar, Mia, por favor.

Mia o encarou, a expressão ainda endurecida, sem qualquer sinal de suavização.

– Naquela noite, quando eu gritei com você, não era porque eu queria – ele começou, a voz mais suave agora. – Hellen... aconteceu algo terrível. Ela está passando por um momento muito difícil.

Mia cruzou os braços, a expressão cética, mas atenta.

– O que aconteceu com Hellen?

Dante hesitou, escolhendo suas palavras com cuidado.

– Cinco homens cercaram o pai dela. Ela viu tudo. E quando eu gritei, era por causa da preocupação que eu estava sentindo por ela. Eu não queria que você achasse que eu estava descontando em você.

Os olhos de Mia se suavizaram um pouco, mas a desconfiança ainda estava lá.

– Então você estava preocupado com Hellen?

Ele acenou com a cabeça.

– Sim, mas isso não significa que o que você sentiu não importa. Eu só... eu não soube como lidar com a situação na hora.

Mia parecia ponderar suas palavras, mantendo a seriedade no rosto. Dante sabia que era um pequeno passo, mas precisava que ela entendesse a verdade

Mia respirou fundo, mantendo a expressão impassível.

– Entendo. – Ela pausou, lançando um breve olhar a Dante. – Sinto muito por Hellen, de verdade. Mas... você tem mais alguma coisa para dizer? Porque, se não, eu realmente não tenho tempo.

Dante observou a frieza em seu olhar, tão calculada, tão distante. Perguntava-se, enquanto a encarava, se essa era a verdadeira Mia, que parecia não se importar com ninguém além de si mesma, ou se era apenas mais uma de suas armaduras.

Ele hesitou antes de responder, sentindo o peso de cada palavra.

– Não, não tenho mais nada a dizer.

Sem mais uma palavra, Mia se levantou, os passos precisos e silenciosos enquanto ela se afastava. Dante a observou se distanciar, sentindo uma dor surda crescer dentro dele. Era como se, a cada passo dela, ele perdesse um pedaço da própria alma, vendo-a se afastar não apenas fisicamente, mas em um nível que ele não sabia se algum dia conseguiria alcançar novamente.

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