Capitulo 20: A sombra da desconfiança e a distância do amor

Kim pensou por um momento, seus olhos fixos no prato de comida. "Na verdade, a única pessoa com quem eu realmente briguei foi com a minha mãe. Ela não acreditou em mim quando eu contei sobre o que aconteceu com meu pai. Mas ela não faria isso, Julie. não temos contato."

Julie observou Kim, percebendo a dor em seus olhos. Ela entendia a dificuldade de lidar com a desconfiança especialmente em um momento tão delicado.

"Eu entendo, Kim. Mas precisamos considerar todas as possibilidades. Você tem certeza que não há mais ninguém? Nenhum amigo, nenhum colega de trabalho, nenhum fã que possa ter se sentido magoado por você?"

Kim balançou a cabeça, seus olhos cheios de incerteza. "Não, Julie. Realmente não me lembro de ninguém. Eu sempre tento ser gentil com todos, e nunca quis magoar ninguém."

Julie assentiu, compreendendo a dificuldade de Kim em lembrar de todos os detalhes de sua vida. Ela sabia que a memória podia ser traiçoeira, e que muitas vezes as pessoas esquecem ou minimizam situações que podem ter sido importantes.

"Tudo bem, Kim. Podemos deixar isso para depois. Depois que o caso de Clara estiver resolvido, eu vou até a sua agência. Quem sabe eu não encontre alguma pista, alguma informação que possa nos ajudar."

Julie sentia um aperto no coração. Ela não queria acreditar que a mãe de Kim pudesse estar envolvida naquela conspiração, mas ela não podia descartar nenhuma possibilidade. Ela precisava ser imparcial, precisava investigar todos os ângulos, mesmo que isso significasse confrontar pessoas que ela gostava.

"Obrigada, Julie. Eu confio em você."

Kim sorriu, um sorriso fraco, mas cheio de gratidão. Ela sabia que Julie estava fazendo tudo o que podia para ajudá-la, e ela estava grata por ter Julie ao seu lado.

Julie terminou o jantar, com a mente a mil. Ela precisava encontrar o culpado, precisava desvendar o mistério que envolvia Kim. Ela precisava proteger Kim, não apenas de seus inimigos, mas também de seus próprios sentimentos.

Julie se levantou da mesa, um nó de apreensão em seu estômago. A conversa com Kim havia deixado mais perguntas do que respostas, e a incerteza sobre seus próprios sentimentos a consumia.

"Kim, eu vou dormir. Boa noite."

Julie se dirigiu para o quarto, deixando Kim sozinha na cozinha. Ela precisava de um momento para si mesma, para organizar seus pensamentos, para tentar entender o que estava acontecendo dentro dela.

Kim observou Julie se afastar, seus olhos cheios de desejo e tristeza. Ela queria beijar Julie, queria sentir seus lábios contra os seus, queria se perder na intensidade daquela conexão. Mas ela respeitou a distância que Julie precisava, entendendo que a confusão de Julie era compreensível.

Kim já havia namorado outras garotas, sempre escondidas da agência, com medo de ser descoberta. Ela sabia que a sociedade não estava pronta para uma estrela como ela se assumir como lésbica, e ela não queria arriscar sua carreira.

Mas com Julie, era diferente. Julie era diferente de todas as outras. Ela era inteligente, forte, justa. Ela era a mulher que Kim sempre sonhou em ter ao seu lado.

Kim sabia que Julie estava confusa, que ela estava lidando com a novidade de seus próprios sentimentos, com a descoberta de sua própria sexualidade. Julie havia sido casada com um homem, e essa era a primeira vez que ela se envolvia com uma mulher.

Kim esperava que Julie pudesse superar suas inseguranças, que ela pudesse se abrir para o que elas sentiam uma pela outra. Mas ela sabia que precisava ter paciência, que precisava dar tempo a Julie para entender seus próprios sentimentos.

Kim suspirou, sentindo um aperto no coração. Ela queria tanto estar com Julie, queria tanto se entregar à paixão que as envolvia. Mas ela sabia que precisava esperar, que precisava dar tempo ao tempo.

Ela se sentou à mesa, olhando para a foto de Clara que Julie havia trazido para casa. Ela sentia uma profunda tristeza pela perda da jovem, uma tristeza que se misturava à sua própria dor, à sua própria confusão.

Kim sabia que a vida era cheia de desafios, que o amor nem sempre era fácil. Mas ela estava disposta a lutar por Julie, a lutar por seu amor, a lutar por sua felicidade.

Ela esperaria por Julie, com a esperança de que um dia elas pudessem construir um futuro juntas, um futuro livre, um futuro cheio de amor.

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