A Idol e a Advogada
O ar do tribunal era denso, carregado de um cheiro peculiar de desespero. Julie, com seus cinco anos de idade, sentada ao lado de sua mãe, Carla, observava o julgamento de seu pai. O homem que ela amava, que a fazia rir e a carregava nos ombros, estava sentado em um banco de madeira, acusado de um crime que não cometeu.
O juiz, um homem corpulento de rosto impassível, lia a acusação: roubo e agressão seguido de assassinato. As palavras ecoavam na sala, como um trovão que anunciava uma tempestade. A pequena Julie não entendia o significado daquelas palavras, mas sentia o medo que tomava conta de sua mãe, a tristeza que pairava no ar.
O advogado de defesa, um homem magro de óculos grossos e voz rouca, tentava defender o pai de Julie com a mesma garra de um leão defendendo sua cria. Ele apresentava provas, testemunhas, argumentos, mas a verdade parecia se afogar em um mar de mentiras e manipulação.
A pequena Julie, com seus olhos castanhos e curiosos, observava tudo com atenção. Ela não entendia o que estava acontecendo, mas sentia a dor da mãe, a tristeza do pai, a injustiça que estava prestes a acontecer.
No centro do palco, o pai de Julie, um homem de rosto cansado e olhos abatidos, aguardava seu destino. Ao seu lado, o advogado de defesa.
Do outro lado, o promotor, um homem de aparência implacável e voz fria, se preparava para apresentar sua acusação. Ele era conhecido por sua implacável busca por condenações, e seu olhar era frio e calculista.
“Senhor juiz, o réu, Sr. Lee, é acusado de roubo e agressão seguido de assassinato, crimes graves que causaram danos significativos à vítima e a família da vítima, pois a vítima era provedor do
lar,” o promotor começou, sua voz ecoando pela sala. “As evidências são irrefutáveis: testemunhas oculares, provas físicas, e um histórico de comportamento violento.”
Ele então gesticulou para a mesa de provas, onde uma faca de cozinha, com manchas escuras que pareciam sangue seco, estava exposta.
“Esta faca, senhor juiz, foi encontrada na cena do crime, cravada no abdômen da vítima,” o promotor declarou, sua voz carregada de convicção. “A análise de DNA confirmou que o sangue na faca é compatível com o da vítima, e que as impressões digitais encontradas na faca pertencem ao réu, os objetos que foram roubados foram encontrados em seu carro.”
“Senhor promotor,” o advogado de defesa interrompeu, sua voz firme e determinada, “as chamadas ‘evidências’ são frágeis e facilmente manipuláveis. As testemunhas foram coagidas, as provas plantadas, e o histórico do Sr. Lee é irrelevante para o caso em questão.”
“O senhor está acusando a justiça, senhor advogado?,” o promotor retrucou, sua voz carregada de sarcasmo. “O senhor está tentando enganar este tribunal com suas palavras vazias?”
O juiz, com um olhar implacável, observava o embate. Ele não demonstrava emoção, mas sua postura era firme e imponente, como um juiz de pedra pronto para proferir seu veredito.
“Senhor juiz,” o advogado de defesa continuou, “o Sr. Lee é um homem trabalhador, um pai de família, um cidadão honesto. Ele nunca faria mal a ninguém. Ele foi vítima de um erro, de uma conspiração, de um sistema falho.”
“O senhor está tentando enganar este tribunal com suas palavras vazias, senhor advogado?,” o promotor retrucou novamente, sua voz carregada de sarcasmo. “As provas apresentadas são suficientes para provar que Sr Lee é culpado.”
O juiz, com um olhar implacável, ouvia os argumentos, mas parecia ter já tomado sua decisão. A justiça, naquele momento, parecia ser uma entidade cega e implacável.
O veredito foi anunciado: culpado. O pai de Julie foi condenado há 30 anos de prisão.
A pequena Julie, sem entender o significado daquela palavra, sentiu o mundo desabar sobre ela. O pai, que a amava, que a protegia, que a fazia sorrir, foi levado, e ela não sabia quando o veria novamente.
A dor, a confusão, a injustiça, tudo se misturava na mente de Julie. Ela não conseguia entender por que o pai, que era tão bom, foi punido. Ela não conseguia entender por que a justiça havia falhado.
A partir daquele dia, a vida de Julie e sua mãe se tornou um pesadelo. A falta do pai era uma ferida aberta em seus corações. Carla, lutou para criar Julie sozinha, enfrentando as dificuldades da vida com dignidade e coragem.
O pai de Julie, abalado pela injustiça, pela perda da liberdade, cometeu suicídio na prisão. A notícia atingiu Julie como um raio, destruindo o pouco de esperança que lhe restava.
Julie cresceu, mas as lembranças daquela noite fatídica nunca a abandonaram. A imagem do pai, preso injustamente, a dor da mãe, a impotência de uma criança diante da injustiça, tudo se tornou uma marca indelével em sua alma.
A injustiça que seu pai sofreu se transformou em uma chama que ardia dentro de Julie. Ela jurou que se tornaria advogada, que defenderia os inocentes, que lutaria contra a corrupção, que faria justiça.
Anos se passaram, e Julie, com a força de sua promessa, se tornou uma advogada brilhante, uma mulher que jamais perdia um caso, uma defensora dos oprimidos, uma guerreira da justiça.
O passado, a dor, a injustiça, se transformaram em combustível para sua luta. Em cada caso que assumia, ela via o rosto do pai, a lembrança de sua promessa, a força que a impulsionava a lutar por um mundo mais justo.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Maria Do Carmo Andrade
que história estou amando
2024-11-05
0
Ivana Soares
começando a ler e estou amando 👏👏
2024-11-01
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