Capitulo 15: O silêncio do apartamento e a sombra da noite

O vapor do chuveiro ainda pairava no ar, mas a água já estava fria. Julie saiu do banheiro, enrolada em uma toalha felpuda, e encontrou Kim ainda debaixo do chuveiro, seus cabelos ruivos escorrendo água pelo rosto.

"Você precisa se apressar, Kim. Eu preciso ir para o escritório."

Kim desligou a água e se virou, seus olhos escuros brilhando sob a luz fraca do banheiro. "Já estou indo, Julie. Só preciso me arrumar."

Julie assentiu, observando Kim se secar com uma toalha, seus movimentos lentos e deliberados. Ela se sentia inquieta, como se estivesse em uma corrida contra o tempo. A mídia estava em polvorosa, e a cada minuto que passava, a pressão sobre Kim aumentava.

"Fica aqui, Kim. Não saia para lugar nenhum. A mídia está em polvorosa, e ninguém pode saber que você está aqui."

"Eu sei, Julie. Mas eu não posso ficar aqui parada enquanto você está lá fora lutando por mim."

"Você precisa se proteger, Kim. Eu vou encontrar as provas, eu vou provar sua inocência. Mas você precisa ficar segura."

Kim se aproximou, seus olhos cheios de gratidão e apreensão. "Eu confio em você, Julie. Mas prometo que vou te ligar se precisar de alguma coisa."

Julie sorriu, tentando transmitir confiança, mesmo que por dentro sentisse um nó na garganta. "Prometo que vou estar aqui para você, Kim. Apenas tome cuidado."

"Eu vou sair, Kim. Preciso ir para o escritório, preciso começar a trabalhar nesse caso. Mas prometo que vou cuida do seu caso assim que puder."

Kim assentiu, seus olhos fixos em Julie. "Vá, Julie. E tome cuidado."

Julie saiu do apartamento, deixando Kim sozinha. O silêncio do apartamento era quase ensurdecedor, e Julie sentiu um aperto no coração. Ela sabia que Kim precisava de apoio, mas ela também sabia que precisava fazer sua parte. Ela tinha que encontrar as provas. Ela tinha que provar a inocência de Kim.

O escritório de advocacia, com seus tons sóbrios e móveis imponentes, parecia ainda mais frio e distante do que o usual. Julie se sentou em sua mesa, o cheiro de café recém-feito e papel impresso tentando disfarçar a sensação de inquietação que a dominava.

Ela tentava se concentrar nos papéis que estavam sobre sua mesa, mas seus pensamentos insistiam em voltar para a noite anterior. A imagem de Kim, com seus cabelos molhados e olhos brilhantes, a lembrança do toque suave de sua pele, o calor do beijo... tudo isso a deixava atordoada.

Julie nunca havia se envolvido com uma mulher antes. Era um território completamente novo para ela, e a experiência havia sido tão intensa, tão inesperada, que a deixava em um estado de euforia e confusão.

Era como se uma porta tivesse se aberto dentro dela, revelando um lado que ela nunca havia explorado. Era como se ela estivesse descobrindo uma nova parte de si mesma, uma parte que a assustava e a atraía ao mesmo tempo.

Ela tentou se lembrar dos detalhes da noite, de cada olhar, cada toque, cada palavra. Era como se estivesse revivendo a experiência, tentando gravar cada momento em sua memória.

Mas a culpa e a incerteza também estavam presentes. Ela havia se entregado à paixão, havia se deixado levar pela atração, mas agora, com a luz fria do dia, a realidade se impunha. Kim estava em perigo, e ela precisava se concentrar em ajudá-la.

Ela respirou fundo, tentando afastar os pensamentos que a perturbavam. Ela tinha um trabalho a fazer, e a vida de Kim dependia dela.

"Julie, você está bem?"

A voz de Sarah, sua colega de trabalho, a tirou de seus pensamentos. Julie forçou um sorriso, tentando parecer mais confiante do que se sentia.

"Sim, estou bem. Só um pouco cansada."

Sarah assentiu, seus olhos curiosos. "Você parece diferente hoje. Mais... radiante."

Julie corou, sentindo o calor subir pelas suas bochechas. Ela não conseguia esconder o que estava sentindo, a alegria, a confusão, a culpa.

"É só... eu estou animada com esse novo caso. É um desafio, mas eu estou disposta a fazer o meu melhor."

Sarah sorriu, parecendo satisfeita com a explicação. "Eu sei que você vai dar conta, Julie. Você é a melhor."

Julie agradeceu, sentindo um pouco de alívio. Ela precisava se concentrar no trabalho, precisava manter a cabeça erguida. Mas a sombra da noite anterior ainda pairava sobre ela, e a lembrança de Kim a acompanhava em cada passo.

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