Escolha

Arábia Saudita

Pov's Aaliyah. 

— Alláh, Alláh!

Sogra soltou um grito alarmante ao vê que a estrangeira não estava usando nenhum véu, seu cabelo estava descoberto. Ela usava também uma calça jeans apertada e uma blusa que deixava a metade da sua barriga amostra. 

Era uma roupa muito indiscreta e na nossa cultura aquilo era proibido.

— Alá, o que eu fiz pra merecer tanto castigo?— a mais velha sentou-se no sofá, com o tom de lamento.

De imediato Khadija veio para perto de Faruk, tampando os seus olhos. 

— Bismillah, que pouca vergonha!– a própria murmurou, abismada.— Cunhado, o que  significa  isso?— apontou. 

— Essa é a minha nova esposa, quero que vocês  a conheçam.— quando Ali Nejat confirmou em voz alta, senti uma dor no coração. 

Só queria chorar, só queria jogar para fora o quanto me doía vê-lo com outra. Mas eu não poderia expressar os meus sentimentos, eu estava casada com o seu irmão.

E percebi que Faruk me analisava, observando o quanto os meus olhos estavam tristes.

Sai do meu canto e andei, pegando de dentro do carrinho o meu bebê nos braços. E ao ergue-ló, vi que Ali Nejat ficou prestando atenção nos movimentos que eu fazia. 

Queria saber o que se passava em seus pensamentos naquele momento. 

— Estou indo pro quarto, com licença.—  foi a única coisa que consegui pronunciar, com a voz embargada. 

Todos me olharam, principalmente a estrangeira que parecia de nariz em pé. Ela olhava pras nossas vestimentas como se tivesse preconceito. 

Me virei para subir os degraus da escada, e parei ao escutar: 

— Cunhada, você pode orientar Diana sobre a religião. 

Até achei que aquele comentário fosse direcionado a Khadija, mas seus olhos negros estavam fixados em mim, na intenção de me atingir.

Seu irmão percebeu na hora o intuito de Ali Nejat, em querer me humilhar na frente de todos.

— Aaliyah não vai pôde, ela acabou de ter o nosso bebê, ainda está de resguardo.

— Mas não parece...— Ali Nejat continuou provocando, vendo a presença da mala.— Está até em pé.— forçou um sorriso ao debochar. 

Evidencei Faruk fechando a mão em punhos, não gostando nem um pouco do tom que estava usando.

Meu marido logo se posicionou ao meu lado, querendo repassar segurança. E sua primeira esposa fechou a cara, quando viu que seu intuito era me proteger.

— As mulheres agem de maneiras instintas.— Faruk falou e momentaneamente me olhou no fundo dos olhos.— Sou muito abençoado por ter tido um filho homem.

— E eu sou muito abençoado por ter Diana, não é babe?— Ali Nejat se gabou, querendo ficar por cima. 

A loira assentiu com a cabeça, pelo jeito de como agia parecia não compreender o idioma árabe. 

Fomos subindo às escadas, eu e aquele que havia me tomado por esposa. Naquele momento eu me senti tão protegida em tê-lo me acompanhando e me tirando daquela sala.

Eu queria chorar...

— Aaliyah. 

Paramos no meio do corredor, quando me chamou. Estava tremendo dos pés a cabeça;

— Ele vai acabar sabendo que esse bebê o pertence, Faruk.— aleguei em desespero, com os meus olhos repletos de lágrimas.

— Não!

— Como não? Você viu o jeito de como ele olhou pro bebê.— me expressei, em pânico.

— Nós vamos dar um jeito nisso, Aaliyah.

— Eu não quero que ele tome o meu bebê de mim e der pra aquela estrangeira.

—Daremos um jeito de resolver isso— garantiu, com seu rosto focalizado em minha face aflita.— Eu te prometo.— tocou em meu braço e seu toque gélido, me gerou um frio na barriga. 

Fomos interrompidos inesperadamente com a presença...

— Habibi.— sua primeira apareceu, e nos afastamos um do outro.— Devolva ela a Ali Nejat, não procure problemas com o cunhado, por conta dessa naja.

— Não comece, Khadija!— a repreendeu, duramente. — Foi você mesma que deu a ideia desse casamento. 

— Não sabe o quanto eu me arrependo de ter que dividir o meu habibi, com outra.

— Eu não estou lhe faltando com nada. 

— Não irei continuar tolerando essa situação, habibi! Terá que escolher: ela ou eu?

Foi aí que Faruk me olhou mexido e dava para notar lá no fundo dos seus olhos, o quanto estava dividido.

Não sabia explicar o que se passava no meu coração, mas  talvez eu já estivesse o amando.

— Eu a escolho.

— O que você disse?

— Se você quer o divórcio, Khadija, eu te darei. Mas saiba, que não terá volta. Um homem de verdade tem cumprir com a palavra e a minha palavra é só uma. 

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