Pov's Aaliyah.
Arábia Saudita.
07:00 AM.
Me encontrava sozinha na cozinha, cumprindo com as minhas obrigações. Sei o que meu tio jamais escolheria o pior para mim, mas... Eu me sentia silenciada.
Essa casa não era mim, a minha sogra havia deixado bem claro. Fui humilhada na frente do meu esposo e ainda me sentia atormentada com tudo que ouvi mais cedo.
Por um momento a tampa da panela escorreu da minha mão e caiu no chão. Me curvei para pegar, foi bem na hora que:
— Nadira já te fez chorar também? — a voz fina soou no cômodo.
Ergui o olhar assustada e sequei rapidamente as lágrimas que desciam pelo meu rosto.
— Quem é você?— interroguei confusa, ao vê a muçulmana.
— Me chamo, Khadija, sou esposa do irmão do Ali Nejat. Prazer!
— Prazer.— a cumprimentei de volta, estando triste.
— Foi assim com a primeira, será assim com você, se abaixar a cabeça para tudo que aquela naja diz.— a encarei de relance, surpresa.— Nadira quer os filhos só para ela, se Faruk não me amasse, ele já teria me devolvido assim como Ali Nejat fez com a primeira.
— Ele devolveu a primeira?— soei incrédula.
— Sim, na manhã seguinte da noite de núpcias. Esse assunto não é tocado nesta casa, mas coitada, foi jogado ao vento por nenhum motivo.
— Será que ele fará isso comigo também?— sussurrei, com aquele sentimento de medo.
— Torça para que isso não aconteça.— disse, andando até o fogão.— Uma mulher sem marido não é nada.
– Tem razão.— concordei.
– KHADIJA!— a voz da mais velha gritou do outro cômodo.— Traga o meu chá! Yalla!
— Já vai sogra.— respondeu e em seguida murmurou:— Cobra! Todo dia é um inferno. Alláh Alláh! Me dê paciência — reclamou, enquanto colocava a xícara na bandeja.
— Quer que eu leve?— me ofereci.
— La! É capaz dela querer jogar esse chá quente em você.
Encolhi os ombros, receosa. Pela forma de como falava, dava até medo.
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17:00 PM.
Khadija e eu havíamos nos tornado confidentes, ela havia me contado muitas coisas do que acontecia entre a família.
Descobri que o seu marido e Ali Nejat possuíam uma loja de tecidos, eles eram comerciantes. Ela também me contou que nem Faruk e nem Ali Nejat gostavam de demonstrar sentimentos.
Minha cunhada ligou o som e estava me ensinando a dançar.
— Terá que tirar o hijab, mas não se preocupe.
Fechou a porta do quarto, para que ninguém entrasse. Embora eu estivesse timida, atendi o pedido.
Ela começou a me ensinar os movimentos, para quando eu fosse dançar para o meu marido, ele sentisse o prazer de me ver dançar para ele.
Enquanto girava e seguia o ritmo da música árabe, o sorriso transparecia em meu rosto. Me sentia livre, era como se eu pudesse através da dança aliviar todos os sentimentos.
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19:30 PM
Quando foi a noite, esperei Ali Nejat chegar. Me encontrava no quarto, o aguardando.
Havia colocado o meu traje; o meu melhor hijab. Queria agradá-lo, queria que ele me visse com outros olhos.
E assim que entrou, todo o meu sorriso se desfaz, quando percebi que o seu semblante não estava bom.
— Salaam Aleikum.— o saudei, querendo ouvir o som da sua voz.
Mas nem sequer me notou, era como se eu fosse invisível naquele momento. E quando seus olhos cansados percorreram em meu direção:
— Arrume suas coisas.
— Minhas coisas?
— Sim, suas coisas.
O meu coração ficou tão partido. As lágrimas se formaram.
— Você vai me devolver?— tive a coragem de perguntar, soando com o tom embargado.
— Lógico que não.... habibti.— se aproximou— Por que pensou uma coisa dessas?
— Nada, só tive medo.
– Não tenha medo, você é a minha esposa. Não é?— assenti com a cabeça.— Pois então, habibti. Não quero te vê chorar.— carinhosamente secou as minhas lágrimas. —Olhe para mim, está tudo bem, certo?
— Certo.
Sua atenção admirava cada detalhe do meu rosto. Nossos olhos cheios de brilhos refletiam no fundo um do outro. A troca de olhar, fazia o meu coração bater tão forte dentro do peito. Minhas pernas estremeciam ao estar em sua presença.
— Iremos viajar, Aaliyah.
— Pra onde vamos?
— Irei te levar para fazer peregrinação em Meca.
— Está falando sério?
— Seu tio me contou que você nunca foi a cidade do profeta.
— É o meu sonho! É o sonho de todo muçulmano ir pelo menos uma vez na vida a Meca. Shukran, Ali Nejat.— o agradeci tão feliz, que o abracei no calor do momento.
A minha atitude não era nada apropriada. E logo me afastei:
— Me desculpe.
— Sem problemas.— sorriu, e vi que também estava sem graça.— Comprei um presente para você.
— Pra mim?
— Vai combinar com a cor dos seus olhos.— me encarou, exibindo o colar.
— Mashallah, como é bonito!— elogiei, sem me sentir digna para merecer aquilo.
— Posso colocar em você?— pediu e balancei a cabeça, me virando.
Seus dedos macios posicionaram o objeto em volta do meu pescoço e ele ficou alguns segundos, me mirando. Sentia o contato dos seus olhos, sobre a minha pele.
— Ficou mais linda. — sussurrou no canto do meu ouvido, com o seu tom rouco.
— Shukran.
— Posso te pedir uma coisa, Aaliyah?
— Sim, o que quiser.
— Eu quero um beijo.
Meus olhos ficaram balançados, os nossos rostos estavam tão próximos. Nunca havia beijado ninguém, ele seria o meu primeiro.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Patricia M
tô gostando da história
2024-10-07
1
Ana Paula Cardoso Pereira
mas capítulo autora
2024-10-01
1
Andréa Karlla Silva Farias
Não, pra mim ‼️‼️
2024-10-01
0