Nascimento

Pov's Aaliyah. 

Arábia Saudita. 

5 MESES....

Fugir não era uma escolha e nem opção. No meu país a mulher era proibida de viajar sozinha. Embora eu não quisesse continuar dentro dessa casa, aguentando os insultos da minha sogra, eu era obrigada a permanecer.

Observava Faruk; ele era um marido bom. Tentava me dá o máximo de atenção, eu gostaria de amar ele, mas eu não podia. O meu coração já estava preenchido e Khadija jamais permitiria que o seu marido se apaixonasse por outra.

— Você está bem?— ele indagou, tirando-me dos vagos devaneios. 

— Nahim.

Seu rosto se iluminou ao dizer:

— Estou montando esse berço para nosso bebê.— vi um sorriso crescer no canto dos seus lábios, e retribui timidamente;

— Shukran. 

Abaixei a cabeça envergonhada, era estranho ficarmos a sós no quarto. Khadija sempre se mantinha presente e hoje ela não estava.

— Está chutando! o bebê está chutando — senti aquelas pontadas e meu entusiasmo foi tanto, que nem consegui conter a alegria. 

— Posso tocar, Aaliyah?— o tom masculino perguntou curioso e assenti.

— Claro.

Ele se posicionou do meu lado na cama e colocou sua mão sobre minha barriga. Faruk parecia todo bobo ao vê aquelas leves movimentos que meu barrigão fazia. 

Estávamos sorrindo um pro outro, contemplando aquele momento. De repente, fomos interrompidos com o barulho da bandeja caindo no chão.

— Não se preocupem, caiu sem querer.  — Khadija alegou,  parecendo incomodada, enquanto pegava  os cacos de vidros do chão.

Faruk se prestou em ir ajudá-la, mas foi impedido.

— Esposo, Ali Nejat ligou, ele quer falar com você.— avisou.

E só em ouvir aquele nome... já sentia vários embrulhos no estômago. Há meses ele estava fora desta casa, vivendo fora do país. 

— O que foi, Khadija?— a questionei, notando a maneira de como me encarava. 

— Ele tá voltando.E não vem sozinho, ele irá trazer a namorada estrangeira.— as palavras me afetaram.— Não crie falsas esperanças, Aaliyah. O cunhado te abandonou e se não fosse por Faruk, você estaria vivendo no deserto sozinha. 

Meus olhos ficaram abatidos e senti as lágrimas se formando, ainda me doía ter sido rejeitada.

— Eu sei disso.— virei a cara.— Mas quando chegar a hora de eu ter o meu bebê... como vai ser?

— Cuidarei disso, ninguém vai suspeitar de nada. 

— E mais uma coisa Khadija....— a parei, vendo-a virar a cabeça para trás:— Não tenha medo, não vai acontecer nada entre eu e o nosso marido. Eu te dou a minha palavra. 

Retirou-se do quarto, sem responder nada. Mas claramente estava chateada pela cena que presenciou agora a pouco. 

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ALGUNS DIAS DEPOIS...

As semanas se passaram rapidamente.

Na madrugada acordei, eu já estava começando a sentir as contrações do parto.

— Ainda é muito cedo para o bebê nascer.— Faruk falou, preocupado, segurando a minha mão.

— Ou a hortaliça errou as contas.— a mais velha jogou aquela indireta, insinuando. 

— Sogra, se você não está ajudando, não atrapalhe!

Khadija perdeu, enquanto preparava tudo para realizar o nascimento do neném. Ainda não sabíamos o sexo da criança, na nossa cultura era proibido fazer a ultrassom.  

Após alguns minutos, depois de muito esforço, ouvimos o chorinho fino ecoando....

Uma onda de alívio se fez presente e comecei a chorar de emoção, por ter conseguido dá a luz.

— É um menino!— Khadija revelou, tão feliz.— Você é muito abençoada, Aaliyah.— disse, enquanto segurava o meu bebezinho nos braços. — Olha só marido.— entregou o recém-nascido a Faruk.— Já sabe qual será o nome?

— Será Muhammad, em homenagem ao profeta. Pode ser Aaliyah?— ele pediu a minha opinião, e assenti com a cabeça. 

Nos olhamos fixamente um pro outro. Meu coração sentia uma coisa a mais toda vez que ele me olhava, eu não sabia explicar.

Sua primeira esposa se sentiu sobrando, tanto que se retirou após o nosso marido se sentar na cama, e dá um beijo na minha testa suada.

— Muito obrigado, habibti.— agradeceu, e quando me chamou por aquele apelido carinhoso, comecei achar que poderia estar confundindo as coisas.

Ele só havia se casado comigo, por pena. 

Desviamos da troca de olhares que mantinhámos, quando escutamos no fundo:

— Esse bebê não parece nada prematuro, Faruk— a voz da sogra soou.

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