Capítulo 17

Nicollas Arnault

Estico meus braços atrás da cabeça o mais casualmente possível e fecho os olhos, esperando pelo momento em que meu pai desista de me procurar e decida ir embora. Aurora permanece onde está, me observando com uma fisionomia irritada.

“Se nos escondermos aqui por dez minutos, ele vai embora dessa porra”, digo com os olhos fechados e com as mãos ainda atrás da cabeça, fingindo estar dormindo.

“Nicollas!” Aurora fala me repreendendo.

Eu raramente uso palavrões no trabalho. Abro meus olhos e sorrio pra ele antes de me virar de lado, levantar os pés no sofá e deslizar pra baixo pra ficar mais confortável.

“Que tal uma soneca revigorante até ele sair do meu andar?” Pisco pra ela, que desvia o olhar.

Dou um tapinha sugestivo no sofá ao meu lado e um brilho travesso se apossa dos meus olhos, mas Aurora continua irredutível com suas anotações, recusando a fazer contato visual comigo.

“Acho que não, Sr. Arnault”, ela diz, soltando um suspiro interior.

“Não sabe o que está perdendo.” Fecho meus olhos novamente. Permanecemos em silêncio e imóveis ao ouvir vozes na sala ao lado, fracas e distantes, que rapidamente desaparecem quando os invasores vão embora.

“Você tem uma reunião em cerca de quinze minutos. Tenho certeza de que metade dessas pessoas vão estar lá”, Aurora comenda com a voz entediada.

“Vou fazer parecer que eu estava ocupado em outro lugar.” Encolho os ombros, me recusando a abrir os olhos.

Ela suspira. “Ocupado com o que?”

“Ocupado num armário com a minha assistente testando um sofá.” Abro um olho e depois o outro devagar pra sorrir em sua direção.

“Não quero que você insinue que estávamos fazendo alguma coisa errada em qualquer lugar deste prédio. Você sabe com que velocidade isso se espalharia entre os funcionários?” ela responde com calma.

Essa é uma conversa frequente entre nós dois, o que só faz com que Aurora suspire mais uma vez. As insinuações sexuais nunca acabam, nem as piadas que implicam que nós dois estávamos em diversas situações comprometedoras. Eu adoro provocar a toda certinha Aurora Cartier. Ela fica ainda mais bonita quando está irritada.

“Mas nós estamos fazendo alguma coisa errada, então é melhor se sentar no sofá e fazer o seu tempo valer a penas. Posso te ajudar a desamassar a sua saia.” Brinco e ela revira os olhos.

Aurora olha pro seu relógio de pulso com irritação. “Só nos seus sonhos”, ela responde com frieza, me ignorando e evitando olhar pra mim.

“Sempre.” Sou uma piscada rápida com um sorriso travesso. Ela continua inflexível. Nem preciso dizer que ela não se intimida mais e o fato de ela conhecer o meu comportamento é um claro sinal de que nos aproximamos nessas últimas semanas.

Continuo observando-a enquanto ela alisa um fio de cabeço solto do seu coque francês, ciente de que meus olhos estão sobre ela. Ela levanta seus dedos de forma questionadora e lança um olhar arrogante que diz, ‘O quê?’

“Às vezes sinto falta, sabe?” Continuo analisando cada movimento dela, com um olhar um tanto quanto distante.

“Sente falta do que?” ela murmura, tentando alizar seu blazer.

“De conseguir te intimidar.” Estou sorrindo pra ela, estranhamento lendo seus pensamentos de um momento atrás.

“Que pena”, ela responde e encerra o assunto, voltando a escrever em sua agenda. A Aurora assistente voltou com tudo.

“Acho que é seguro sairmos do armário agora, Sr. Arnault.” Ela fecha a capa do iPad ainda sem olhar pra mim.

“Voltamos a usar Sr. Arnault, é? Te deixei bravinha, Srta. Cartier?” Lanço pra ela um olhar completamente inocente, tendo consciência de que ela só me chama assim quando está irritada comigo.

“Acho que precisamos redefinir os limites, já que você acabou de me enfiar num armário.” Ela faz cara de brava pra mim.

“Entendi. Peço desculpas pelo meu péssimo comportamento.” Continuo sorrindo pra ela e vejo o canto dos seus lábios se mexendo involuntariamente com uma vontade de sorrir de volta.

Meu Deus, não tem nenhum momento em que meu coração não erra a batida quando a vejo. Ela fica linda quando está brava e ranzinza e ainda mais linda quando abre um sorriso pra mim. Sinto meu peito se aquecer.

“Então?” Ela diz enquanto gesticula para a porta com um aceno de cabeça.

“Pode ir. Vou ficar aqui mais um pouco pra te ver sair.” Me viro, achando uma posição confortável pra vê-la sair andando, lançando um olhar perverso em sua direção.

“Aproveite a vista”, retruco. “Vou deixar a minha demissão na sua mesa quando passar.” Ela sorri de forma meiga, sabendo que tem a vantagem, como sempre, porque sabe que não conseguiria administrar as coisas tão bem sem ela.

Porra, Aurora Cartier me tem na palma de suas mãos. Claro, profissionalmente falando. "E o motivo é assédio sexual, de novo!” Ela levanta a voz pra destacar o tom arrogante.

“Você não pode me deixar, Aurora. Você adora trabalhar pra mim e você sentiria falta do meu assédio.” Falo, ainda sorrindo.

Ela levanta uma sobrancelha pra mim, se virando como se estivesse falando sério sobre a demissão e lutando contra a vontade de sorrir. Eu sempre consigo tirá-la do sério, mesmo com meu jeito mais infantil de ser.

Aurora abre a porta e desliza pra fora, olhando em volta com cuidado. Passados alguns segundos, recebo uma mensagem no celular de Aurora me dizendo que está tudo tranquilo lá fora.

Apareço logo depois, tranquilo e controlado, sorrindo enquanto puxo uma mecha do seu cabelo pra fora do seu coque francês perfeitamente alinhado. Sei que ela fica maluca da vida quando eu mexo em seu cabelo e, mesmo assim, faço isso várias vezes ao dia apenas pra ver sua reação.

Ela coloca a mecha de volta no lugar e xinga baixinho pelas minhas costas, enquanto pela os documentos da reunião, olhando novamente para seu relógio.

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