Capítulo 06

Aurora Cartier

Já se passa do meio-dia. Estou me sentindo um pouco tonta, porque agora está abafado no escritório, quase sufocante, e está me deixando enjoada. Liguei pra manutenção duas vezes pra descobrir por que eles ainda não consertaram o ar-condicionado; ele está soltando um vento quente em vez de ar frio e está nos cozinhando.

O meu rosto está pegando fogo e o meu batimento cardíaco está tão rápido que parece que acabei de correr. As minhas roupas estão grudadas no meu corpo com o suor e estou irritada por não conseguir respirar nem encontrar qualquer tipo de alivio. Me sinto asfixiada.

A Margot saiu pra almoçar e eu devo ir quando ela voltar. Ela estava passando tão mal com o calor quanto eu, mas eu disse a ela que eu poderia ficar, querendo provar a minha capacidade.

Sempre a salvadora da pátria, Aurora. Muito bem. É um grande sinal de confiança e acho que ela está me testando, me deixando como responsável e tendo que lidar sozinha com uma agenda agitada.

Já se passaram três dias desde que o Nicollas voltou e sinto que a Margot está confiando um pouco mais em mim, que estou correspondendo às expectativas dela e que estou progredindo.

A minha central telefônica se acende e o meu estômago se contrai quando a voz do Sr. Arnault ecoa no aparelho. Odeio esse calor no meu rosto e a minha blusa está grudada em lugares em que nunca esteve antes, como uma segunda pele.

Estou contando os minutos pra que Margot volte e me dê uma hora de alivio dessa maldita sauna antes que eu desmaie.

“Aurora, pode vir aqui, por favor?” ele diz numa voz profunda, baixa e sensual. Sinto um formigamento já familiar no estômago, sobre o qual ainda não tenho controle.

Hesito, mas respondo, “Sim, Sr. Arnault”. Não preciso disso quando já estou derretendo na cadeira e de mau humor. Merda. Merda. Merda.

Eu me levanto, tentando desgrudar a blusa do meio das minhas costas e alisá-la, mas sem sucesso. Pego o meu caderno e a caneta, passo pela porta aberta do escritório da Margot e entro no dele, abrindo a pesada porta de madeira escura. Quero que isso acabe o quanto antes.

“Sim, Sr. Arnault?”

Ele parece casualmente sedutor hoje, sentado atrás da sua mesa entre um notebook aberto e pilhas de pastas e documentos. A sua camisa azul clara está com os dois primeiros botões abertos no pescoço, seu cabelo está bagunçado com o seu penteado de sempre, como se ele tivesse passado as mãos por ele, e as suas mangas estão dobradas pra cima, revelando uma das tatuagens na parte interna do braço esquerdo, um lembrete da sua juventude rebelde.

Sei que ele tem algumas tatuagens tribais pretas por todo o corpo, vi fotos na internet. O efeito é avassalador e tento não reagir, irritada por ele ainda causar isso em mim.

"Como está o conserto do ar-condicionado? está muito quente aqui!” Ele se inclina pra trás, colocando as mãos atrás da cabeça de uma maneira muito “mano”.

Ele se alonga e mostra aquele belo corpo, seus bíceps aumentando de tamanho ao esticar o tecido da camisa. É difícil evitar uma ligeira aceleração no batimento cardíaco.

“Já liguei duas vezes pra manutenção, senhor. Parece que estão trabalhando nisso.” Mantenho o meu olhar pra baixo e o meu tom constante, soando o mais normal possível.

“Aurora, parece que você vai desmaiar. Acho que você precisa ir pra outro andar e se refrescar.” Ele passa os olhos por mim. Estou consciente de que devo estar desarrumada. Eu sinto isso.

Mas se pareço que vou desmaiar, isso tem mais a ver com o jeito que ele está sentado e o fato de o meu corpo estar prestando atenção em como ele fica mais sexy só de camisa. Elimina a formalidade, de alguma forma.

“Não posso sair até que a Margot volte, senhor.” Pisco pra ele e resisto à vontade de deixar os meus olhos viajarem pelo seu corpo.

“Quando ela volta?” Ele franze a testa pra mim, sem saber sobre os hormônios que se rebelam no meu corpo. Ou talvez ele só não liga pra eles.

“Logo, daqui uns quinze minutos. Ela está almoçando e eu vou quando ela voltar.” Pareço educada e direta, tentando não me contorcer nos meus sapatos úmidos e torcendo pra não estar tão horrível quanto me sinto.

“Assim que ela chegar, quero que você vá se refrescar; esse andar parece um forno. Enquanto isso, preciso escrever uma carta. Talvez você se sinta melhor aqui dentro, porque as janelas estão abertas.”

Ele aponta para a parede de vidro e noto as persianas se movendo um pouco com a entrada de uma leve corrente de ar. Ele tem razão; está mais fresco aqui... um pouco. Bem, estaria mais se ele não estivesse vestido assim.

“Pode falar,” eu digo, segurando o meu caderno pra incentivar ele a falar e bloquear os meus pensamentos. Ele vira a cadeira, encarando o sofá à minha esquerda, imerso em pensamentos.

“É para um cara chamado Raul Martin, CEO da Martin Corporation. Você pode encontrar os contatos dele no sistema.” Ele está no modo empresário, com um tom sério e focado.

“Sim, senhor.” Faço anotações rápidas.

“Aurora?” O tom questionador leva a minha atenção de volta pra ele.

“Sim?” Levanto os olhos, com a certeza de que fiz alguma coisa que ele não gostou, e congelo por um momento.

“Você sabe que pode se sentar, né?” Ele sorri pra mim, se divertindo, e acena pra cadeira ao lado da sua mesa, que está na sua linha de visão. Foi por isso que ele virou a cadeira.

Fico vermelha e dou a volta pra me sentar na frente dele. Odeio que a minha incapacidade de controlar o meu rubor tenha voltado desde que comecei a trabalhar pra ele, mas parece que ele tem um talento especial pra fazer eu me sentir infantil.

“Eu não mordo... muito!” Ele sorri com o seu olhar de ‘sei que sou irresistível’. Os meus olhos encontram os dele, em choque, e percebo o humor. Dou um sorriso pequeno e sem graça pra disfarçar a minha reação enquanto o meu coração acelera e repreendo a minha estupidez internamente.

Ele gosta de fazer piadas. Tudo bem. Entendi. Não leve tudo ao pé da letra!

“Eu sei disso.” Sorrio friamente, parecendo inabalável, apesar das batidas irregulares do meu coração e dos arrepios na minha pele. Estou brava comigo mesma.

“Você não precisa ser tão... séria comigo, Aurora.” Ele relaxa na cadeira, deixando as suas mãos caírem casualmente nos encostos de braço.

“Séria?” Olho nos seus olhos, evitando seguir o movimento das suas mãos. Uma leve irritação surge dentro de mim e encobre qualquer outra coisa; não lido bem com críticas masculinas. Principalmente sobre o meu comportamento.

“Pode se soltar um pouco. Sei que você é eficiente. Você não vai ser demitida por relaxar.” Ele parece estar achando graça, mas a irritação aumenta dentro de mim.

Vim aqui pra trabalhar e tenho orgulho do meu profissionalismo; é a única área em que sei que sou excelente. Nem todos podemos nos dar ao luxo de sermos descontraídos, Sr. Nascido em Berço de Ouro. Nem todos podemos influenciar as pessoas só com um sorriso ou ter vidas perfeitas com infâncias felizes ou ser irresistíveis.

“Estou relaxada”, respondo com firmeza, forçando a minha expressão pra não revelar o meu humor. O mais relaxada que você vai me ver, Sr. Arnault, já que sou paga pra trabalhar e não pra satisfazer o seu ego.

Estou mau humorada por dentro e evito um olhar direto. Ele levanta uma sobrancelha pra mim e abre um sorriso indefeso, confiante e bonito, mas dessa vez, seu sorriso me irrita.

“Se você diz”, ele responde, com aquele olhar presunçoso dele, que é o outro lado dos Arnault. Ele tem aquela cara que faz as mulheres tirarem as calcinhas num piscar de olhos, mas ele também tem uma arrogância insuportável de homem sabe-tudo, como se estivesse sempre prestes a contar uma boa piada. Deve ser uma das características mais irritantes dele.

“Então, para o CEO da Martin Corporation...?” Digo com um tom forme, levantando as sobrancelhas e batendo a caneta no caderno, indicando que devemos seguir com a tarefa.

Não gosto do seu excesso de intimidade. Por mais que eu tenha visto ele agir assim com a Margot, estou determinada a manter essa relação de trabalho a um nível profissional. Tenho muito a perder e trabalhei duro pra chegar aqui.

Ele franze a testa pra mim, me encarando sem expressão por um momento, mas eu o ignoro, depois olho pro caderno com expectativa e me sinto aliviada quando ele se recosta e fala o que quer que eu anote.

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