Capítulo 13

Aurora Cartier

“O que você vai fazer exatamente?” eu relaxo, feliz por ter o meu espaço de volta.

“A atividade principal deles é construção de navios. Quero usar a nossa experiencia e construir hotéis e spas flutuantes com a marca Arnault. Transatlânticos modernos com luxuosas comodidades de saúde e bem-estar a bordo. Super navios.”

“Tipo navios de cruzeiro?”

“Tipo navios de cruzeiro de ultima geração, mas muito maiores e baseados em autocuidado.”

“E o que te faz pensar que isso vai fazer sucesso?” Estou intrigada com o plano dele.

“A marca Arnault. É o que o Hunter precisa pra que isso dê certo. A reputação deles não anda muito boa. Tiveram alguns desastres multibilionários. Eles ganham a nossa reputação e o nosso nome e nós ganhamos os direitos sobre os projetos que eles já têm em andamento.”

“Então, essa reunião é...?” Estou impressionada com a ideia dele e sei muito bem que os clientes ricos da marca Arnault se jogariam na primeira oportunidade de ficar num spa flutuante. O nome Arnault é sobre luxo.

“Pra planejar como vou fazer para que meu pai concorde com os termos. Ele poderia acabar com tudo.” Ele parece sério, de volta ao modo chefe.

“Entendi. O que devo fazer quando chegarmos lá, Sr. Arnault?” É melhor saber a minha parte e estar preparada pra agir de acordo.

“Preciso que você me olhe com carinho se tiver algum fotógrafo por perto. a imprensa vai estar de olho. O Daniel está passando por um pequeno escândalo na mídia. Ele foi pego transando com uma pessoa importante e depois ela o largou publicamente. Quando estivermos lá dentro, preciso que você faça anotações detalhadas do que for discutido pra que eu possa revisar mais tarde.”

“Certo.” Faço uma careta, me perguntando o que significa ‘olhar com carinho’. Estou um pouco enjoada só de pensar.

“Você só precisa acompanhar o que eu fizer, Aurora, e não ficar muito incomodada se eu precisar tocar em você.” Ele sorri pra mim, observando a minha reação um pouco perto demais.

Os meus olhos se arregalam e quase engasgo. “Tocar em mim?” Me encolho ao ouvir o tom da minha voz me traindo. Os meus batimentos cardíacos aumentam e as palmas das minhas mãos ficam úmidas.

“Você é minha acompanhante, lembra? Talvez eu precise segurar a sua mão, pra não levantar suspeitas. Quando vou a encontros, as mulheres se jogam sobre mim.”

Ele dá de ombros de novo e vira aqueles olhos penetrantes de volta pra frente do carro, me dando um tempo. Estou tensa. Quero sair correndo daqui.

“Tenho a sua permissão?” Ele olha pra mim hesitante, esperando por uma resposta.

“Sim.” É o meu trabalho. Não estou certa disso, mas que mal pode fazer? Tenho certeza de que consigo aguentar ficar de mãos dadas por alguns minutos, mesmo que seja com ele.

“Que bom.”

O carro se aproxima de um grande hotel e estou com medo do que está por vir, tentando não analisar demais a situação. Antes que eu perceba, o motorista abre a minha porta. Saio do carro e Nicollas segue atrás de mim.

Imediatamente vemos os fotógrafos com câmeras de lentes compridas penduradas no pescoço e o interesse deles desperta quando Nicollas desliza suavemente pra fora do carro.

Mesmo sem encostar em mim, sinto ele nas minhas costas. O meu corpo fica em alerta máximo com a proximidade, meus nervos se contorcendo.

“Pronta?” ele sussurra, antes de entrelaçar os dedos nos meus e se aproximar pra me guiar em direção à entrada. Não consigo me concentrar em muito mais coisa além do calor desconfortável da pele dele na minha e em como a sua mão é grande.

Nunca deixei ninguém segurar a minha mão – bem, talvez a minha mãe, uma ou duas vezes, mas ela não conta. Não é uma experiência agradável e tenho que lutar contra a vontade de recuar e afastar a minha mão. É muito macia, muito quente, muito íntimo.

De repente, um pequeno flash me assusta. Eles gritam o nome dele bem ao nosso lado, mas ele os ignora e segue em frente, me levando em direção ao nosso destino. Ele me puxa contra o lado do seu corpo, apertando a minha mão com mais força e me mantendo perto dele.

Mantendo o queixo pra baixo e observo os meus pés, pela primeira vez estou feliz que o meu cabelo está solto e protegendo o meu rosto. Continuamos andando e não me importo de ser guiada. Tem alguma coisa perturbadoramente reconfortante nisso, apesar das minhas objeções. Me sinto mais segura com ele do que esperava.

Os fotógrafos são impedidos de entrar pelas enormes portas de vidro por funcionários altos e uniformizados. Pelo ar silencioso, uma voz estridente vinda dos paparazzi grita: “Você está aqui pra se encontrar com Daniel Hunter, Sr. Arnault?”

Outra voz grita: “Você vai consolar o seu amigo pelo término com a atriz pornô Cindy Jones?”

“Nicollas?” uma voz masculina nos cumprimenta de dentro do saguão e sou apresentada a Daniel Hunter, outro playboy bilionário de família rica. Os dois homens batem os punhos num cumprimento infantil e fazem aquela coisa de meio abraço, em que encostam os ombros de uma maneira masculina.

Observo a cena sem acreditar que esse homem é o meu chefe, agindo como um delinquente, enquanto o seu amigo puxa para o seu lado uma criatura com aparência de supermodelo com pernas compridas.

Daniel me observa descaradamente. “Ela não faz o seu tipo.” Ele sorri, sem tentar disfarçar que está me despindo com os olhos. Acenando com a cabeça em direção à piranha desinteressada, Nicollas ri. “Mas ela faz o seu.” Daniel sorri.

Não gosto dele. Ele é alto e bem definido, como o Nicollas, mas tem cabelos loiros e olhos castanhos escuros. Ele é bonito no clássico padrão francês, mas algo nas suas feições faz ele parecer desonesto. Um pilantra, talvez.

A outra garota parece entediada. Ela é alta e está usando um salto agulha e um macaquinho curto. Ela tem cabeços escuros que caem em cascata sobre os seus seios falsos. Ela mexe nas suas unhas vermelhas enquanto avançamos, seguindo Daniel de volta pro hotel.

Nicollas continua segurando a minha mão. Ele olha para as lentes apontadas pra nós através da porta de vidro e passa um braço em volta dos meus ombros, protegendo o meu rosto. Congelo por dentro. Os meus pulmões se contraem e se recusam a funcionar.

“Tenta relaxar, Aurora. Você está tensa.” Ele sorri pra mim, perto o suficiente pra que a maioria dos expectadores assuma que ele me deu um beijo, e sei que é isso que ele quer que eles pensem.

Prendo a respiração, subitamente atingida por como ele cheira bem e como é bom sentir ele tão perto de mim. É inesperadamente sensual e essa intimidade me deixa em completo pânico.

Reajo sem pensar, levantando uma mão defensiva no peito dele enquanto o meu coração bate desesperado, pronta pra empurrá-lo. Me sinto sufocada e assustada. Não gosto de proximidade; o meu instinto está assumindo o controle.

Ele agarra os meus dedos com a mão livre e os segura de forma gentil, escondendo a minha reação e fazendo com que pareça algo completamente diferente. Eu me concentro na minha respiração, tentando bloquear o medo crescente que toma conta de mim.

Não desmorone. Mantenha a calma, Aurora. Não é de verdade e ele mal está te tocando. “Tenho uma suíte.” Daniel pisca pra nós, como se insinuasse que está acontecendo alguma coisa, e quase desmaio.

“Achei que eu iria precisar depois”, ele diz, olhando pra modelo entediada, que parece estar tão animada pra isso quanto por estar aqui. Franzo a testa e coro com a insinuação.

Nicollas me solta quando estamos dentro do elevador e me dá um sorriso como se estivesse me elogiando, mas não respondo, estou muito ocupada tentando acalmar o meu batimento cardíaco acelerado e normalizar a minha respiração.

Chegamos ao andar e seguimos o Daniel. Ele já está com o cartão-chave na mão. “Tomei a liberdade de pedir café da manhã. Sei que você gosta de comer, pequeno Nicollas.” Ele sorri pro Nicollas e recebe um sorriso de volta.

“Estou morrendo de fome e tenho certeza de que a Aurora também precisa comer.” Aceno timidamente, ainda em choque e quieta enquanto me recupero. Não tive tempo de comer essa manhã, mas não sei como ele poderia saber disso.

Finalmente chegamos no quarto do hotel e me sinto estupidamente confusa e desconcertada. As mãos de Nicollas deixaram um calor permanente onde elas estavam na minha pele, uma sensação duradoura como se ainda estivessem em mim.

Eu me dou um tapa internamente e me recomponho do melhor jeito que posso. Preciso parar de pensar demais.

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