Volume 1 — Capítulo 8 — Ventos da Mudança — Parte 2 (2/2)

O Reino de Yamashiro

Nas colinas densamente arborizadas de pinheiros e cerejeiras, no coração do Reino de Yamashiro, os anciãos aguardavam em silêncio nos pátios dos templos e castelos, em sintonia com as forças que governavam a terra. Yamashiro era um reino de tradição e poder, habitado pelos Ryuusei, descendentes dos antigos dragões. Segundo a lenda, o Deus Dragão Ryujin apaixonou-se por Ertheria, a Deusa da Terra, dando origem aos Ryuusei — humanos dotados de poderes dracônicos e espirituais. Suas casas e templos eram adornados com símbolos e estátuas dedicadas a Ryujin, o Pai Dragão, em reverência à sua herança sagrada.

Certa noite, enquanto o Imperador Haraguro contemplava as estrelas, uma sombra silenciosa deslizou para dentro do salão. Era Ryota, o líder dos shinobi de Yamashiro, conhecido por sua astúcia e habilidade de operar nas sombras. Ele trazia um pergaminho selado, uma mensagem urgente de espiões localizados no distante continente de Kaigoryu, no sul — uma terra do outro lado do mundo, onde a sede de poder dos humanos começava a florescer com novas ambições o continente sul de Endaris. Kaigoryu tem muitos espiões, desde Endaris do Norte, Central e do Sul, como Orophin Vitta, o continente dos elfos.

"Meu senhor," começou Ryota, ajoelhando-se diante do Imperador, "nossos espiões em Kaigoryu relatam que a queda do Rei Demônio no sul despertou um novo perigo. Os humanos de lá se fortalecem. Eles formam alianças, preparam exércitos, e seus olhos se voltam para além de suas fronteiras. Nossos poderes, herdados dos antigos dragões, são cobiçados. Yamashiro não será esquecida, e eles não hesitarão em invadir nossas terras."

O semblante de Haraguro se endureceu. Ele sempre soubera da ambição desmedida dos humanos, mas agora, com a morte do Rei Demônio, a balança de poder estava mudando rapidamente. O continente sul, sempre envolto em suas próprias disputas, agora expandia sua fome por controle, ameaçando Yamashiro e seus segredos ancestrais.

"O Rei Demônio caiu," murmurou Haraguro, sua voz ecoando como trovão nas montanhas. "E os humanos... Eles sempre buscaram mais poder. Quando sua sede crescer, virão até nós, como um vendaval."

Mas as notícias de Ryota não paravam por aí. Ainda ajoelhado, ele entregou outra mensagem ao Imperador. "Além disso, meu senhor, a Rainha Élfica Nienna convoca uma audiência com todas as raças não humanas. Ela teme o avanço dos humanos e vê a necessidade de uma aliança para resistirmos juntos."

Haraguro ponderou a mensagem. Os elfos, sempre isolados em suas florestas sagradas, raramente procuravam alianças com outras raças. Se Nienna estava agindo, o perigo iminente era ainda mais sério do que se imaginava.

"Prepare o conselho de Yamashiro," ordenou o Imperador, erguendo-se com imponência. "Nossos shinobi devem estar prontos para agir, e nossas forças para defender. Se os humanos vierem, encontrarão o poder de Ryujin em toda sua glória."

Com a audiência de Nienna à vista, Haraguro sabia que o equilíbrio do mundo estava prestes a mudar. A sobrevivência de Yamashiro dependeria não apenas de suas forças, mas da união entre as raças antigas, herdeiras de lendas que transcenderam o tempo. O futuro do reino e de seu povo estava em jogo.

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A Academia Mágica Voadora de Elphoria della Gracia

Acima das nuvens, em uma imponente ilha flutuante, a Academia Mágica de Elphoria della Gracia brilhava com uma majestade inigualável. A ilha, cercada por dez calabouços dimensionais que protegiam seu território, abrigava criaturas fantásticas — grifos, dragões menores e aves mágicas de plumagem cintilante — que patrulhavam o céu em majestosas danças aéreas. Governando tanto a academia quanto a ilha, Marvel Angellos D'Nova, a poderosa rainha e diretora, era conhecida por sua magia incomparável e sabedoria implacável. Seus olhos continham o brilho de quem compreendia os segredos mais profundos do arcano, e sob seu comando, Elphoria prosperava como um santuário para estudiosos de todo o mundo.

A academia era um refúgio para indivíduos de várias raças: elfos, humanos, dragonoides e outras criaturas mágicas, todos convivendo e aprendendo juntos. A diversidade de seus habitantes refletia a influência de Marvel, que, com apoio de nobres de várias terras, mantinha a academia como um baluarte de conhecimento arcano.

Na torre principal, Marvel observava o mundo abaixo, com seus espelhos mágicos mostrando eventos de terras distantes. Recentemente, as notícias da queda do Rei Demônio haviam alcançado a academia, espalhando-se entre os aprendizes como fogo em palha seca. Muitos murmuravam ansiosos, conscientes de que mudanças drásticas estavam por vir.

“O Reino de Valoria está celebrando agora,” disse Marvel, sua voz suave, mas carregada de autoridade, enquanto se dirigia a Zyphor, o arqui-mago da academia e seu braço direito. “Eles se enchem de júbilo, acreditando que a vitória sobre o Rei Demônio garantirá a supremacia humana. Mas é apenas uma questão de tempo até que voltem seus olhares gananciosos para nós. Eles sempre temeram o que não compreendem... e o poder que possuímos será visto como uma ameaça.”

Zyphor permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos observando um dos espelhos mágicos que mostrava as celebrações fervorosas nas praças de Valoria. "Eles virão," disse ele finalmente, com uma voz carregada de resignação. "Os humanos nunca deixam nada que não possam controlar. Primeiro, será pela força... e se falharem, virão com falsos sorrisos e promessas."

Marvel assentiu, seus olhos brilhando com a sabedoria de alguém que já havia enfrentado inúmeras tentativas de manipulação e intriga. "Valoria e seus aliados sabem da existência de Elphoria, mas subestimam nossa força. Isso pode funcionar a nosso favor... por enquanto. Mas não podemos contar com a ignorância deles por muito tempo."

Zyphor franziu a testa, preocupado. "Você acha que eles ousariam tentar invadir a academia? Com os calabouços dimensionais, as criaturas que patrulham os céus... seria uma tolice."

"Uma tolice, sim," Marvel respondeu, seus lábios curvando-se em um sorriso quase imperceptível. "Mas o orgulho humano raramente deixa espaço para sabedoria. Já enfrentamos reis e exércitos antes, Zyphor. E enfrentaremos novamente, se necessário."

O arqui-mago ponderou por um instante. “Precisamos preparar nossos alunos. Eles devem estar prontos para o que virá.”

Marvel desviou o olhar para um dos espelhos, que mostrava a academia em plena atividade — aprendizes de todas as raças treinando e estudando, inconscientes da tempestade que se formava. “Eles estão aqui para aprender e crescer, e será nossa responsabilidade guiá-los. Mas não podemos esquecer que muitos deles têm lealdades além das nossas fronteiras. Alguns podem ser influenciados pelo poder... ou pelo medo.”

Zyphor suspirou. “O medo, sim. Valoria saberá como usar isso contra nós. Precisamos estar vigilantes... e unidos.”

"Unidos, sim," Marvel repetiu, com um olhar firme. "Mas também preparados para o inesperado. Valoria pode ser nosso maior desafio, mas eles não serão os únicos. O mundo está mudando... e nós também precisamos mudar com ele."

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