A derrota do Rei Demônio ecoava pelos quatro cantos do mundo. Como um vento que soprava através das montanhas, desertos e florestas, a notícia se espalhava rapidamente, carregada por mensageiros, comerciantes e magia antiga. A queda de um império que uma vez governou as terras sombrias era um evento que não passaria despercebido pelas outras nações. E, enquanto os humanos celebravam sua vitória com júbilo e arrogância, o resto do mundo olhava com preocupação e medo para o futuro incerto.
O Reino dos Elferianos (Elfos) – Thessalia
Nos aposentos privados da Rainha Nienna Vivenid Arc’Thessalia, o som suave das folhas de Yindrasil, a Grande Árvore da Vida e da Alma, podia ser ouvido através da brisa mágica que fluía por entre as janelas entreabertas. Nienna, com seus 865 anos, repousava em uma cama de galhos entrelaçados, sob a proteção de cortinas feitas de seda élfica. Ela se recuperava de um momento sublime, o nascimento de suas filhas gêmeas, Elara e Thalia. Ambas, ainda frágeis, dormiam tranquilamente ao lado de sua mãe, seus corações batendo em harmonia com a energia que fluía da árvore sagrada.
Nienna, apesar de seu repouso, mantinha a postura graciosa e serena que a caracterizava. Seus longos cabelos prateados brilhavam como a luz da lua sobre um lago tranquilo, e seus olhos verdes, profundos como as florestas antigas, irradiavam uma sabedoria incomparável. A notícia que viria a seguir, no entanto, traria um novo peso para seu coração.
O mensageiro élfico entrou silenciosamente, curvando-se respeitosamente diante da rainha. "Minha senhora, trago notícias do mundo exterior. O Rei Demônio foi derrotado. Os humanos avançam em suas conquistas, e os reinos estão preocupados."
Nienna fechou os olhos por um breve momento, absorvendo a gravidade da mensagem. Ela sabia que o fim de uma era, simbolizado pela queda do Rei Demônio, era apenas o começo de outra. Os humanos, com sua arrogância e insaciável desejo de poder, logo voltariam seus olhos para os outros povos, os quais eles desprezavam e subestimavam. E, agora, como mãe, essa preocupação se tornava ainda mais pessoal.
"Obrigado, Arafin. Pode retirar-se," disse ela, em uma voz suave, porém firme. Assim que o mensageiro partiu, Nienna olhou para as filhas. "O mundo em que vocês nasceram está mudando. E quando crescerem, terão um papel fundamental no que está por vir."
Ela sentiu a conexão com Yindrasil se fortalecer. A árvore, fonte de sua imortalidade e de seu poder, também sabia que tempos difíceis estavam adiante. Contudo, Nienna se manteve calma, pois sabia que a harmonia da natureza sempre encontraria uma forma de resistir à destruição causada pela ganância humana.
Ela suspirou, levando uma das mãos ao peito, seus pensamentos flutuando para alguém de um passado distante. "Como será que ela está, a minha ex-aluna... Espero que esteja bem e segura." Uma sombra de preocupação passou por seus olhos ao lembrar-se da jovem estudante que há muito deixara sua tutela. Essa aluna, talentosa e promissora, havia trilhado seu próprio caminho em meio às crescentes tempestades do mundo exterior. Nienna sabia que o destino de todos estava interligado, e mesmo à distância, ela desejava apenas o melhor para aqueles que um dia estiveram sob seus cuidados.
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O Reino dos Anões – Mijhonir
O Rei Thorgrun Mijhonir Ragun era a própria personificação da força anã. Com seus 1,5 metros de pura robustez, ele parecia esculpido nas próprias forjas de Mijhonir. Seus músculos, frutos de incontáveis horas de trabalho pesado, eram marcados por tatuagens rúnicas que cobriam seus braços e peito, símbolos ancestrais de poder, proteção e sabedoria. Sua barba ruiva, cuidadosamente trançada com anéis de metal, caía imponente sobre o peito largo, enquanto seus olhos profundos e astutos avaliavam o mundo com uma mistura de desconfiança e determinação. O que podia se esperar da raça Dwoner conhecidos como Anões.
Mijhonir, seu reino, estava escondido nas profundezas de uma montanha colossal. Não era uma montanha vulcânica comum, mas abrigava um vasto rio de lava serpenteante em seu interior, alimentando as gigantescas forjas dos anões. Era ali que se moldavam armas, ferramentas, joias e engenhosas construções — tudo produzido pelas mãos habilidosas dos anões. O som constante dos martelos reverberava pelas cavernas, como uma batida de coração que sustentava a grandeza de Mijhonir. Thorgrun, mesmo sendo rei, ainda supervisionava pessoalmente a criação das melhores armas e armaduras, uma tradição que ele jamais abandonaria.
"Somos forjados no calor do trabalho e temperados pelo desafio", costumava dizer aos seus, enquanto suas palavras ecoavam pelas cavernas, assim como o som incessante dos martelos.
Nas profundezas do reino, onde as forjas crepitavam e o som metálico era uma sinfonia constante, Thorgrun sentava-se em seu trono de pedra. A chama da guerra estava acesa novamente no horizonte, e os olhos brilhantes do rei, sob sua barba imponente, refletiam a luz do fogo enquanto ouvia atentamente os relatórios trazidos por seus espiões das terras humanas.
"O Rei Demônio caiu, majestade. Os humanos celebram como se tivessem selado a paz", relatou um veterano anão, sua armadura marcada pelas cicatrizes das batalhas passadas.
Thorgrun cerrou os punhos sobre o trono. "Humph! Celebram como se a paz fosse eterna, mas sabemos o que se esconde no coração humano. Embriagados pelo poder, nunca nos verão como iguais, apenas como ferramentas para seus desejos de conquista."
"Devemos reforçar as fronteiras, majestade?", perguntou um conselheiro, a tensão visível em seu semblante.
"Não só isso", respondeu Thorgrun com firmeza. "Quero as forjas trabalhando sem parar. Mais armas, mais armaduras, defesas mais fortes. Se os humanos pensam que podem invadir nossas terras, que venham! Lutaremos com ferro e fogo, como sempre fizemos."
Com um golpe decidido de seu martelo sobre a mesa de pedra, ele selou sua decisão. O som reverberou pelos túneis como um aviso distante. Thorgrun sabia que a paz era efêmera e que o caos logo retornaria. Seus pensamentos se voltaram para seus filhos gêmeos recém-nascidos, Thrain e Amber.
"Uma nova era nasceu com eles", murmurou Thorgrun, sentindo tanto orgulho quanto apreensão. "Mas temo que essa era traga ainda mais caos."
Levantando-se de seu trono, ele se dirigiu ao seu filho mais velho, que esperava próximo à entrada da sala. "Venha, Grimgar. Vamos visitar uma velha orelha pontuda. E não iremos de mãos vazias — levarei um presente pelo nascimento das filhas dela também."
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O Reino dos Selgerianos – Auroragem
Nas vastidões escaldantes do deserto de Sahara, onde os Selgerianos — uma raça mista de homens e feras — construíram o magnífico reino de Auroragem, a natureza florescia em harmonia com suas cidades e povoados únicos. Este lugar, além de ser lar de grandes caçadores de monstros e guerreiros de artes marciais, era famoso pela criação das Alma Core — joias raras esculpidas com precisão, capazes de conceder poderes e bênçãos a quem as possuísse.
Auroragem, com sua abundância de monstros perigosos e riquezas naturais, abrigava cidades perfeitamente integradas ao ambiente. Nas montanhas onde as escamas brilhavam ao sol, cidades eram cravadas nas rochas, enquanto, nas florestas densas, vilas suspensas nas árvores conectavam-se por pontes de cipós. Aldeias de madeira prosperavam nos oásis, com Selgerianos de orelhas de lobo e caudas felinas vivendo em sintonia com a terra e o vento.
No grandioso palácio de Selarath, construído de pedras preciosas e adornado com tendas opulentas, o Sultão Khalimar Maelstrem Auroragem contemplava o horizonte com um olhar ponderado. A notícia da queda do Rei Demônio chegou até Auroragem trazida pelo vento, mas Khalimar sabia que essa vitória humana não representava segurança para seu reino.
"A vitória dos humanos sobre o Rei Demônio não nos traz alívio," disse ele, com os conselheiros de diversas linhagens Selgerianas ao seu redor. "Para eles, ainda somos ferramentas. E o poder que agora detêm pode representar uma ameaça não apenas ao nosso povo, mas ao que construímos aqui."
Um de seus generais, adornado com uma armadura reluzente e olhos felinos, questionou: "Acredita que virão até nós?"
Khalimar assentiu lentamente. "Não imediatamente. Mas, quando seus olhares cobiçosos se voltarem para nossas terras e nossas riquezas — especialmente nossas Alma Core — precisamos estar preparados."
Voltando-se para seu conselheiro mais próximo, Khalimar deu a ordem: "Marque uma audiência com a Rainha Nienna. Usaremos o portal de realocação que os elfos nos concederam. Precisamos agir rapidamente."
Enquanto as ordens eram cumpridas, Khalimar refletia sobre seus filhos, nascidos em tempos de incerteza e desafios. Cresceram sob a sombra de um mundo em constante mudança, e ele sabia que o futuro de Auroragem dependia da capacidade de garantir que seu reino de caçadores e artesãos não apenas sobrevivesse, mas prosperasse — um futuro onde suas joias, suas Alma Core, e seu povo fossem reconhecidos não como ferramentas, mas como forças indomáveis de poder e esplendor.
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Atualizado até capítulo 47
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