Volume 1 — Capítulo 9 — Ascensão Entre Luz e Trevas

Cúpula do reino élfico:

A vitória sobre o Rei Demônio, que deveria trazer alívio ao mundo, gerou, em vez disso, um profundo temor. Os líderes de diversas raças e reinos sabiam que a verdadeira ameaça estava apenas começando. A queda dos demônios não era vista como o fim de um mal, mas como o prelúdio de uma nova era de conflitos, onde a ambição desmedida e a intolerância de Valoria ameaçavam submeter todos aqueles que considerassem inferiores.

Reconhecendo a iminência de uma nova guerra, a Rainha Nienna, soberana dos elfos, convocou uma reunião de emergência em Thessalia, a cidade sagrada nas profundezas das florestas élficas. Todos os líderes que temiam a eclosão de uma guerra mundial responderam ao chamado. Entre os presentes estavam o Rei Thorgrun Mijhonir Ragun, dos anões; o Sultão Khalimar Maelstrem Auroragem, dos selgers; o Rei Beroldor Boris Midura, dos hobbits; Kouga Kazanami, o representante dos Ryuusei; e Kassandra Woody, representando a Academia Mágica de Elphoria, que flutuava nos céus sobre as nuvens.

Enquanto a discussão prosseguia, Kouga permanecia em silêncio, ouvindo atentamente cada palavra e registrando as informações em um pergaminho. Por meio de magia, as palavras escritas fluíam para outro pergaminho, longe dali, onde o Imperador dos Ryuusei aguardava as atualizações. Embora não estivesse diretamente envolvido nas negociações, Kouga sabia da importância de cada detalhe discutido ali. O destino de seu povo poderia depender de decisões tomadas naquela sala.

O primeiro a falar foi o Rei Thorgrun, sua voz rouca e autoritária ecoando pelo salão de reunião. "Valoria sempre foi ambiciosa. Com a queda do Rei Demônio, eles se consideram invencíveis. Não hesitarão em nos atacar se nos virem como uma ameaça. Nossas forjas já estão trabalhando incessantemente."

O Sultão Khalimar, com sua postura estratégica e calculada, completou: "Valoria expandiu suas fronteiras mais rápido do que qualquer reino. Meu povo tem se mantido isolado, mas temo que nem nossos desertos serão suficientes para deter a ganância deles."

Rei Beroldor, dos hobbits, parecia nervoso. "Já nos invadiram antes. Conseguimos resistir, mas desta vez, eles estão mais fortes e bem preparados. Precisamos reforçar nossas alianças, ou não teremos chance."

Kassandra Woody, representante da Academia Mágica de Elphoria, expressou sua própria preocupação: "A magia é um dos maiores temores de Valoria. Eles não entendem o poder que controlamos e, por isso, o veem como uma ameaça. Se decidirem nos atacar, não hesitarão em destruir o que desconhecem. Nossa posição nos céus nos protege por enquanto, mas por quanto tempo?"

A cada depoimento, a tensão aumentava entre os presentes. "E quanto ao Lorde Seraphiel?" perguntou uma conselheira elfa, levantando uma questão que pairava no ar. "Ele foi um símbolo de equilíbrio em tempos de crise. Há rumores de que ele tenha deixado um herdeiro..."

O silêncio caiu sobre a reunião, enquanto todos aguardavam uma resposta. No entanto, os paradeiros da esposa de Seraphiel permaneciam um mistério. Ninguém sabia ao certo o que havia acontecido com ela ou se algum descendente do Lorde existia para herdar seu legado. A ausência de informações apenas intensificava a incerteza e o medo.

De repente, um dos guardas élficos entrou apressadamente na cúpula, interrompendo o silêncio carregado. Ele se aproximou da Rainha Nienna, inclinando-se para sussurrar algo em seu ouvido. Nienna ouviu com atenção, seus olhos se arregalando levemente à medida que a informação era passada. Após um breve momento de reflexão, ela se levantou e, com uma voz firme que reverberou pelo salão, anunciou:

"A esposa de Seraphiel chegou ao nosso reino."

Um murmúrio de surpresa percorreu a sala. Todos os presentes se inclinaram para frente, atentos às próximas palavras da rainha.

"Ela não está sozinha," continuou Nienna, "trouxe com ela o herdeiro de Seraphiel."

A declaração causou uma reação imediata. Reis e sultões trocavam olhares de espanto e euforia. O clima de tensão foi momentaneamente substituído por um sentimento de esperança e alívio. Se o herdeiro de Seraphiel estivesse vivo, ele poderia ser a chave para restaurar o equilíbrio e evitar a guerra iminente.

"Isso muda tudo," murmurou o Sultão Khalimar, enquanto o Rei Thorgrun batia com força na mesa, sua expressão endurecendo em um misto de alívio e determinação. Kassandra sorriu ligeiramente, entendendo o impacto dessa revelação no futuro de todos ali.

Ainda assim, a incerteza permanecia. O paradeiro e a identidade do herdeiro de Seraphiel trariam novos desafios, e a sombra de Valoria ainda pairava sobre todos.

A paz era frágil, e o mundo, agora, estava à beira de uma nova era — com o herdeiro de Seraphiel no centro de tudo.

─── ❖ ── ✦ ── ❖ ───

Alguns meses antes...

Em uma caverna oculta, nas profundezas de um mundo distante, um nascimento estava acontecendo. A atmosfera era densa, carregada de magia antiga, e o eco suave das batidas do coração ressoava nas paredes escuras. Quando Grand abriu os olhos, a escuridão que o envolvia desapareceu como se nunca tivesse existido. Em seu lugar, uma luz suave preenchia o espaço ao redor, iluminando as sombras. Ele tentou se mexer, mas seu corpo não obedecia da forma que ele esperava. Ele se sentia pequeno, frágil. O mundo ao seu redor parecia vasto e distorcido, uma confusão de formas e sons indistintos, como se estivesse vendo através de uma lente embaçada, sem conseguir focar.

"Que lugar é esse?" Grand pensou, tentando entender o que estava acontecendo. Ele sentiu braços o segurando gentilmente, um toque suave e reconfortante, mas havia algo perturbador nessa sensação. Ele esperava a presença divina, algo poderoso e transcendente, mas em vez disso, uma voz feminina, carregada de amor e preocupação, o envolveu.

"Meu filho... meu precioso filho..." A voz sussurrou com ternura, e Grand, ainda confuso, tentou ajustar sua visão. As formas ao seu redor lentamente começaram a se tornar mais claras. Ele viu o rosto de uma mulher com longos cabelos negros como a noite e olhos vermelhos brilhantes, repletos de uma mistura de alívio e dor. Ela o observava com uma intensidade avassaladora, e Grand, lutando para entender, percebeu que estava no corpo de um recém-nascido.

"Quem é essa mulher? O que está acontecendo comigo?" Sua mente, embora cheia de memórias de sua vida anterior como Grand, o herói, estava em um tumulto. Ele percebia as mudanças em si mesmo, as limitações físicas de um corpo que não era o seu. Mesmo assim, suas dúvidas fervilhavam, mas ele era incapaz de expressá-las, preso no corpo pequeno e indefeso de uma criança.

A mulher, que ele agora compreendia ser sua nova mãe, segurava-o com um cuidado quase reverente. "Riyon Santy D'Lucifferos," ela murmurou suavemente, como se o nome carregasse um peso imensurável. "Seu pai... pediu para eu te proteger, para te levar para longe... para as florestas dos elfos."

Riyon. Aquele nome ecoava em sua mente. Ele agora era Riyon Santy D'Lucifferos, filho da Rainha Astharoth. O nome "Grand" parecia distanciar-se a cada segundo. Embora suas memórias ainda estivessem intactas, uma nova vida se desdobrava diante dele, forçando-o a aceitar uma verdade cruel: ele, o herói que outrora salvou o mundo, havia renascido como o herdeiro de um império demoníaco em ruínas.

Nos dias que se seguiram, Riyon permaneceu sempre próximo à sua mãe, Astharoth, uma figura imponente mesmo em sua fragilidade. Sua beleza era notável: longos cabelos negros como a noite, que fluíam em ondas suaves até sua cintura, e olhos vermelhos que brilhavam intensamente, expressando emoções profundas. Sua pele pálida contrastava com a escuridão ao seu redor, mas o que mais chamava a atenção era a aura de força e tristeza que ela carregava. Astharoth era uma mulher que havia perdido tudo, mas que ainda lutava, movida pela única coisa que restava: seu filho.

Enquanto Riyon observava sua nova realidade através dos olhos de uma criança, as memórias de sua vida passada misturavam-se à urgência daquele momento. Ele sentia a aflição de sua mãe, o medo constante da captura, e a tensão crescente entre os servos que a acompanhavam em sua fuga. A cada dia, o perigo parecia se aproximar mais. Ele ouvia fragmentos de conversas que revelavam o estado de desespero da Rainha. "Precisamos chegar às florestas dos elfos... é nossa última esperança..." ela murmurava para seus conselheiros, seus olhos brilhando com determinação apesar de seu corpo debilitado.

"Por que estou aqui?" Grand—agora Riyon—perguntava-se repetidamente, sentindo-se preso em um destino que ele jamais havia escolhido. Sua mente estava cheia de questionamentos. Ele havia sido um herói, alguém que sacrificou tudo pela humanidade, mas agora era o filho de demônios, caçado pelas mesmas pessoas que ele uma vez jurou proteger.

A realidade era cruel. Seu destino agora estava ligado à fuga desesperada de sua mãe, Astharoth, que liderava um pequeno grupo de servos fiéis. Ele via o medo nos olhos deles, mas também a lealdade inquebrantável que tinham pela rainha e pelo herdeiro. Eles sabiam que estavam fugindo não apenas para salvar a si mesmos, mas para garantir que Riyon, o último resquício de um império destruído, sobrevivesse.

Riyon, apesar de ser um recém-nascido, sentia a magnitude do sacrifício ao seu redor. Ele sabia que, de alguma forma, seria necessário reunir todas as forças que tinha para enfrentar o futuro. Um futuro que, ironicamente, não pertencia mais ao herói, mas ao príncipe demoníaco.

Com o tempo, Riyon começaria a aceitar a nova jornada que o aguardava, embora as sombras de seu passado continuassem a persegui-lo. Ele sabia que, para encontrar respostas, teria que sobreviver ao caos que se desenrolava ao seu redor e descobrir, finalmente, seu verdadeiro propósito nesse novo e traiçoeiro destino.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***