Helena saiu do corredor com o coração acelerado e a mente girando. O comportamento de Murilo estava começando a lhe afetar mais do que gostaria de admitir. Ele oscilava entre a indiferença fria e um tipo de raiva que parecia inexplicável. Ela sempre tentou manter a compostura, mas o jeito dele a desarmava de maneiras que ela não entendia.
Ela se recostou na parede de um corredor menos movimentado, respirando fundo para acalmar seus nervos. "Por que ele tem que ser assim?", ela pensou, sentindo um nó se formar em sua garganta.
Helena sabia que não poderia se deixar abater. Desde que chegou a Nova York, sua vida havia sido um turbilhão de mudanças. Ela havia deixado para trás o conforto da sua cidade natal, um noivado destruído, e a traição de uma melhor amiga. Ainda assim, ela se mantinha firme, determinada a começar de novo. O hospital era seu refúgio, um lugar onde podia se concentrar em ajudar os outros e, de certa forma, ajudar a si mesma.
Mais tarde, durante o turno, Helena tentava manter a cabeça ocupada com as tarefas do dia. Mas as palavras de Murilo continuavam ecoando em sua mente: "Seja mais profissional." Ela não entendia por que ele estava tão decidido a mantê-la à distância. Mas, naquele momento, não era apenas a frieza dele que a incomodava. Era a saudade esmagadora que sentia de casa, de sua mãe, e a dor residual da traição que ainda queimava.
Helena sabia que precisava de um momento para si mesma, longe do tumulto do hospital. Ela encontrou uma sala de descanso vazia e se acomodou em uma das cadeiras, olhando pela janela para a cidade movimentada lá fora. Apesar de toda a agitação, aquele pequeno espaço proporcionava um momento de calma.
Sentindo-se oprimida pelas emoções acumuladas, Helena fechou os olhos e deixou que as lágrimas finalmente escorressem por seu rosto. "Deus, eu não sei o que está acontecendo", ela murmurou, sua voz falhando. "Eu me sinto tão perdida aqui."
Ela sempre foi uma pessoa de fé, encontrando força em sua crença e em sua relação com Deus. Helena não frequentava uma igreja específica, mas sempre encontrou conforto em orar em lugares tranquilos, onde pudesse estar sozinha com seus pensamentos. "Senhor, me ajuda", ela sussurrou, o coração cheio de dor e esperança.
As lágrimas vieram mais intensamente agora, liberando tudo o que ela havia mantido preso. "Eu estou tão longe de casa... tão longe da minha mãe", ela choramingou. "Ela sempre foi minha rocha, e agora eu sinto como se estivesse sozinha neste lugar tão grande."
Enquanto as lágrimas caíam, ela se lembrou de todas as vezes que sua mãe a segurou durante momentos difíceis, sussurrando palavras de encorajamento e lembrando-a do amor de Deus. "Eu preciso dela agora mais do que nunca, Senhor."
Ela pensou na traição que a trouxe a este ponto — seu noivo e sua melhor amiga, duas pessoas que ela nunca imaginou que a feririam daquela maneira. "Deus, por que eles fizeram isso comigo? Eu tentei ser boa, tentei ser amiga. Mas agora, eu me sinto tão quebrada, tão incapaz de confiar novamente."
Helena ficou ali, sentada, chorando em silêncio. Cada lágrima parecia uma liberação, cada soluço, uma rendição à tristeza que carregava. Então, em meio ao desespero, ela sentiu uma presença. Não era algo físico, mas uma calma repentina, uma paz que começou a envolver seu coração.
Lentamente, Helena ergueu a cabeça, sentindo o Espírito Santo se aproximar dela, envolvendo-a em um abraço invisível de conforto. Ela começou a sentir como se uma mão invisível tocasse seu coração, aquecendo-o com uma sensação de segurança que ela não sentia há muito tempo.
"Eu estou aqui, minha filha", parecia que o Espírito Santo sussurrava em sua alma. Helena fechou os olhos com mais força, suas lágrimas agora misturadas com um sorriso suave. "Eu sei que você está lutando. Eu sei que a dor é intensa, mas lembre-se, eu nunca a deixarei, nunca a abandonarei."
Helena continuou orando, desta vez com mais determinação. "Senhor, eu confio em Ti. Mesmo quando tudo parece tão difícil, eu sei que o Senhor tem um propósito para mim aqui. Ajude-me a perdoar aqueles que me machucaram, a encontrar força para continuar, e a ver além da dor."
Ela começou a sentir um peso ser retirado de seus ombros. O desespero e a tristeza começaram a ser substituídos por uma paz profunda. A presença de Deus era tão real para ela naquele momento que sua respiração começou a se acalmar, e os soluços diminuíram.
"Eu entrego tudo a Ti, Senhor", ela sussurrou, suas mãos agora abertas em um gesto de rendição. "Minha dor, minhas dúvidas, meu medo... Eu sei que o Senhor está cuidando de mim, e que eu não estou sozinha."
Após alguns minutos, Helena se sentiu mais leve, mais forte. Ela enxugou as lágrimas, respirando profundamente. A dor ainda estava lá, mas agora misturada com uma nova sensação de esperança. Ela sabia que não estava sozinha. Deus estava com ela, guiando cada passo seu.
Ela se levantou, sentindo-se renovada. "Eu não vou desistir", ela murmurou para si mesma. "Eu sou mais forte do que isso. Com Deus ao meu lado, eu posso superar qualquer coisa."
Enquanto saía da sala, Helena sentia uma nova determinação. Ela ainda tinha muito a enfrentar, mas sabia que, com sua fé, poderia lidar com o que quer que viesse. Ela decidiu que não iria abaixar a cabeça diante do comportamento de Murilo ou das adversidades que estava enfrentando. Ela era uma guerreira, e não deixaria que nada a derrubasse.
E assim, com o coração renovado pela presença de Deus, Helena voltou ao trabalho. Mais forte, mais confiante, e pronta para enfrentar o que o futuro lhe reservasse.
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Raimunda Neves
Parabens autora você arrasou nesse capítulo, eu já tive essa experiência de sentir a mão de Deus tirando um grande peso do meu coração, como diz a palavra de Deus: o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. /Kiss//Kiss//Kiss//Kiss//Rose//Rose//Rose//Rose/
2025-02-06
3
Silmara Tonet
Que pedido maravilhoso a Deus.... parabéns autora.... isso não vi em outras obras que li.... de outras Autoras.... parabéns
2025-02-04
2
Professora Graça de Língua Portuguesa e Filosofia
,Que emoção, autora! Capítulo lindo! Esse momento de oração é muito importante!
2025-03-06
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