HELENA WALKER
Meu primeiro dia de trabalho no Hospital Memorial começou como qualquer outro: muito cedo e com a expectativa de me adaptar rapidamente. A cidade de Nova York ainda estava despertando quando saí do meu novo apartamento. Alice e Damon foram tão acolhedores na noite passada, mas, honestamente, depois da confusão na balada, eu estava mais do que pronta para focar na minha nova rotina profissional. Os corredores movimentados do hospital me lembravam que eu não estava mais na minha antiga vida. Era uma nova cidade, um novo emprego e, espero, sem mais esbarrões com homens arrogantes.
Assim que entrei no hospital, senti uma mistura de nervosismo e entusiasmo. Eu tinha escolhido uma carreira em enfermagem porque amava cuidar das pessoas e sabia que aqui seria um novo começo. A Dra. Evans, que parecia ser uma figura importante por aqui, me cumprimentou na recepção com um sorriso caloroso.
— Bem-vinda ao Memorial, Helena! — disse ela, estendendo a mão. — Vamos começar o seu tour.
— Obrigada, doutora! — respondi, tentando esconder o nervosismo. — Estou ansiosa para conhecer tudo.
Enquanto caminhávamos pelos corredores brilhantemente iluminados, Dra. Evans me mostrou as várias alas do hospital, comentando sobre a eficiência da equipe e a dedicação aos pacientes.
— Aqui, todos nós trabalhamos como uma grande família — ela disse, com um tom de orgulho na voz. — E você vai adorar trabalhar conosco, tenho certeza.
Eu sorri, grata pela receptividade. Cada passo que dava pelo hospital aumentava minha confiança. Dra. Evans parecia perceber isso e continuava o tour com entusiasmo.
— Ah, Helena, esqueci de mencionar uma coisa importante — disse ela de repente, parando em frente a uma porta dupla. — Você vai trabalhar diretamente com um dos nossos médicos mais importantes.
— Sério? — perguntei, curiosa. — E quem seria ele?
— Meu irmão, Dr. Murilo Almeida.
A notícia bateu como um balde de água fria. Fiquei sem reação por um momento, piscando enquanto as palavras se encaixavam na minha cabeça, havia acabado de chegar e já trabalharia com o irmão da doutora Evans, teria que me sair muito bem, ela está sendo tão legal comigo.
— Dr. Murilo? — repeti, tentando disfarçar o nervosismo. — Você disse seu irmão?
— Isso mesmo! Ele pode ser um pouco… difícil, mas é um excelente médico. — Dra. Evans sorriu de um jeito que parecia esconder alguma piada interna.
— Difícil? — Eu ri nervosamente. — Não se preocupe, doutora, já trabalhei com todo tipo de médico, sei me virar.
Eu estava tentando me preparar mentalmente para o que poderia ser um chefe exigente, mas nada poderia me preparar para o que viria a seguir.
Dra. Evans abriu as portas e me guiou até uma sala de reuniões. Havia uma pequena equipe reunida, e entre eles, de costas para mim, estava um homem de terno escuro, conversando com alguém ao lado. Eu não conseguia ver seu rosto, mas sua postura era rígida, autoritária.
— Dr. Murilo — chamou Dra. Evans, com um tom casual —, essa é a nova enfermeira que vai trabalhar com você, Helena.
Ele se virou lentamente e, no instante em que nossos olhares se cruzaram, meu coração parou. Era ele. O homem da balada, o arrogante que eu tinha respondido na cara dura. Fiquei completamente paralisada, os olhos arregalados de surpresa.
Dr. Murilo também parecia surpreso, mas como esperado, sua expressão permaneceu fria. Ele me olhou de cima a baixo, e por um breve momento, vi uma faísca de reconhecimento em seus olhos. Mas ele a apagou tão rapidamente quanto apareceu.
— Você? — Ele arqueou uma sobrancelha, claramente se lembrando de mim.
— Eu? — repeti, sem conseguir evitar o tom de choque na minha voz.
Dra. Evans olhava de um para o outro, e então, um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.
— Oh, vocês já se conhecem? Isso vai facilitar as coisas, então!
— Se conhecer é uma forma de dizer — Dr. Murilo murmurou, cruzando os braços. — Ela quase me derrubou ontem à noite.
Meu rosto corou instantaneamente. Eu queria cavar um buraco no chão e desaparecer. Claro que o homem que eu tinha desafiado em plena balada acabaria sendo meu chefe. O universo estava claramente se divertindo às minhas custas.
— Ah… eu… bem, você estava no meu caminho — consegui balbuciar, tentando manter algum resquício de dignidade.
Dra. Evans parecia estar se divertindo muito com a situação, enquanto Dr. Murilo me observava com um olhar impassível.
— E agora você vai trabalhar comigo — ele disse, sua voz gélida como sempre. — Interessante.
Eu sabia que ele estava se referindo ao nosso breve encontro, mas me recusei a deixar que ele me intimidasse.
— Parece que sim, doutor — respondi, erguendo o queixo. — Espero que a nossa convivência no hospital seja mais… civilizada do que ontem à noite.
Um silêncio desconfortável se instalou na sala. Eu podia sentir o olhar dos outros membros da equipe sobre nós, esperando pela reação de Dr. Murilo. Ele me encarou por um longo momento antes de finalmente dar um leve aceno de cabeça.
— Tenho certeza de que será, enfermeira — disse ele, seco. — Desde que você consiga andar sem tropeçar nos outros.
Eu quase ri da resposta, mas me contive. Era evidente que ele queria manter o controle da situação, mas eu também não estava disposta a recuar.
— Vou tomar cuidado para não esbarrar em ninguém importante, doutor — retruquei, lançando um olhar provocador.
Dra. Evans interrompeu antes que a situação se prolongasse demais, ainda com um sorriso estampado no rosto.
— Bem, isso deve ser interessante! — disse ela, com um brilho nos olhos. — Helena, você vai se sair muito bem. Murilo, tente não assustá-la no primeiro dia, está bem?
Ele deu um suspiro, como se a conversa fosse um aborrecimento, e apenas murmurou algo em concordância. Dra. Evans fez sinal para que eu a seguisse para continuar o tour, mas antes de sair, ela lançou um último olhar divertido para o irmão.
— Vejo vocês mais tarde.
Assim que saímos da sala, meu coração ainda estava disparado. Eu mal podia acreditar no que tinha acabado de acontecer.
— Não acredito que aquele é seu irmão! — exclamei, finalmente deixando escapar a risada nervosa que estava segurando.
— Ah, sim. O temível Dr. Murilo — disse Dra. Evans, rindo junto comigo. — Mas não se preocupe, Helena. Ele pode parecer uma pedra, mas você vai perceber que ele tem seu lado humano… escondido em algum lugar por aí.
— Vou tentar não me perder tentando achar esse lado humano — brinquei, e ela riu ainda mais.
O resto do tour foi mais tranquilo, mas minha mente continuava voltando para o encontro constrangedor na sala de reuniões. Como era possível que eu acabasse trabalhando com o homem que eu tinha enfrentado na noite anterior? O destino realmente sabia como pregar peças.
No final do dia, quando me preparava para sair, me deparei com Dr. Murilo no corredor novamente. Ele estava concentrado em uma prancheta, mas quando me viu, ergueu os olhos e me encarou brevemente. Por um segundo, pensei que ele fosse dizer algo, mas ele apenas assentiu levemente e continuou seu caminho.
Eu o observei se afastar, ainda surpresa com o desenrolar dos acontecimentos. Era evidente que trabalhar com ele não seria fácil, mas uma coisa era certa: eu não deixaria que ele me intimidasse. Afinal, se eu podia enfrentá-lo na balada, também podia enfrentá-lo no trabalho.
Enquanto deixava o hospital, um sorriso surgiu em meu rosto. Meu primeiro dia no Memorial certamente não tinha sido como eu esperava, mas de alguma forma, eu sabia que esses encontros inesperados fariam dessa nova fase da minha vida algo muito interessante.
— E que comecem os jogos — murmurei para mim mesma, enquanto saía pela porta giratória.
Afinal, se havia uma coisa que aprendi até agora, era que o destino adorava uma boa reviravolta. E eu estava mais do que pronta para enfrentá-las.
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Professora Graça de Língua Portuguesa e Filosofia
Estou gostando... ansiosa pelos próximos capítulos kkk
2025-03-05
0
Klyner Rodrigues
tô gostando
2025-02-08
1
Marisa Longhi Becegatto
muito bom
2025-02-05
1