capítulo 4

Helena

Era minha primeira noite no apartamento, e o som da cidade de Nova York parecia um turbilhão de novos estímulos. O apartamento estava incrível – maior do que eu imaginava e com uma vista razoável para a rua movimentada. Eu estava empolgada com a ideia de estar finalmente começando uma nova fase da minha vida. Mas logo descobri que a vida em Nova York tinha suas próprias peculiaridades e desafios.

Como eu vim às pressas para Nova York, fiz um pequeno empréstimo e comprei alguns móveis de segunda mão que logo chegaram, mas arrumar tudo foi um caos completo.

Enquanto arrumava, minha mente navegava na traição do meu ex noivo. Ele não apenas me traiu, mas fez isso com uma das minhas melhores amigas. Mas, agora o passado terá que ficar no passado. Sem mais nem menos, decidi que era hora de começar de novo em Nova York e não vou me lamentar por isso, se Deus quiser, eu sei que dará certo. Sempre tive muita fé em Deus e não seria agora que iria duvidar dos Teus planos para a minha vida. No entanto, mesmo com a compra dos móveis, eu ainda estava cercada por caixas e móveis empilhados em um improvisado labirinto na sala. Foi enquanto tentava organizar essa confusão que o interfone tocou.

— Helena, é a vizinha do apartamento 3A! — uma voz animada gritou do outro lado. — Venha para uma recepção improvisada! Eu fiz cupcakes!

Eu olhei para a torre de caixas e para a bagunça ao meu redor. *Recepção improvisada? Não é como se eu estivesse com tempo para isso... Mas, cupcakes...* Eu não consegui resistir.

Desci as escadas para o apartamento 3A e fui recebida por Alice, uma jovem com uma energia contagiante e um avental cor-de-rosa carregado de cupcakes que pareciam saídos de um conto de fadas.

— Olá! — ela exclamou. — Eu sou a Alice. Sou a sua nova vizinha e tenho uma tradição de dar boas-vindas com cupcakes caseiros. Espero que goste!

— Prazer em conhecê-la, Alice. Eu sou Helena. — Peguei um cupcake e o examinei com uma expressão de curiosidade. — Eles parecem deliciosos!

Alice me fez entrar e eu pude ver que o apartamento dela estava decorado com um excesso de coisas cor-de-rosa – desde as cortinas até os sofás e as almofadas. Era como um episódio de um programa de decoração que passou do limite.

— Sinta-se à vontade! — Alice disse, fazendo um gesto para um sofá com almofadas tão fofas que parecia que você poderia afundar nele para sempre. — Eu gosto de manter as coisas leves e cor-de-rosa. Faz bem para a alma.

— Parece maravilhoso! — eu disse, tentando não rir. — E obrigado pelos cupcakes. Eles realmente são tentadores.

Enquanto conversávamos, uma figura masculino adentrou o local. Ele era alto, com cabelos loiros e um sorriso lindo. Resumindo, ele era lindo!

—Olá, eu sou Damon, irmão de Alice.— Ele disse, esticando suas mãos em forma de comprimento.

—Prazer, eu sou Helena, a nova inquilina do apartamento acima.— respondi, com um sorriso amigável e estendendo a mão para responder o seu cumprimento.

Sentamos e conversamos sobre as coisas mais triviais, como a melhor maneira de cortar vegetais e as vantagens dos utensílios de cozinha cor-de-rosa. Enquanto conversávamos, notava Damon olhando para mim de formas peculiares. Mas, tentava sempre desvincular o olhar.

Alice estava encantada com a ideia de ter uma nova vizinha e rapidamente me incluiu em todas as suas atividades.

— Eu organizo uma noite de jogos aqui uma vez por semana. Você deve vir! — Alice anunciou, com um brilho nos olhos.

— Certamente, eu adoraria — respondi, tentando não imaginar o tipo de jogo que ela poderia ter em mente. — Vou me certificar de vir na próxima vez.

Depois de algumas horas conversando e comendo cupcakes (cometi o erro de comer dois e estava começando a me sentir um pouco enjoada), Alice me fez uma proposta.

— Sabe, Damon e eu vamos a uma balada esta noite. Você tem que vir com a gente! — Alice disse, sua empolgação era contagiante.

— Tenho certeza que você vai amar.— Disse Damon, piscando para mim.

— Ah, por que não? — respondi, decidindo deixar a cautela de lado e aceitar o convite, afinal, eu precisava espairecer a mente, amanhã, se Deus quiser, seria o dia em que começaria o meu emprego no hospital, então, preciso me divertir um pouquinho. — Vamos lá!

Com uma rápida mudança de roupa (até porque não havia trago muitas, já que sai às pressas, o que me lembrou que tinha que ligar para minha mãe, para avisar sobre o meu novo endereço), eu me juntei a Alice e seu irmão Damon.

A balada estava cheia de luzes piscantes, música alta e uma energia que fazia todo o estresse do dia desaparecer.

— Helena, você vai adorar! — Damon disse, enquanto nos aproximávamos da pista de dança. — Essa balada é conhecida por ter uma ótima vibe.

— Espero que você esteja certo — respondi, tentando me soltar e esquecer das preocupações com o trabalho no hospital no dia seguinte.

Alice e Damon estavam empolgados na pista de dança, e eu estava começando a me soltar quando, de repente, um homem entrou na balada. Ele era deslumbrante – alto, com cabelos morenos e um corpo musculoso que chamava a atenção de todos. Eu estava dançando com Alice e Damon quando, sem querer, esbarrei nele.

— Desculpe! — eu disse, olhando para cima. O homem parecia ainda mais impressionante de perto, mas sua expressão era fria e desdenhosa.

— Cuidado por onde anda — ele respondeu, com um tom de voz carregado de arrogância e desdém. — Não está vendo que está atrapalhando?

Eu fiquei perplexa com a sua resposta e decidi não deixar a situação passar em branco.

— Se você acha que não é capaz de lidar com um pequeno esbarrão, talvez devesse ficar em casa — eu retruquei, tentando manter a calma.

O homem me lançou um olhar surpreso, claramente não esperando uma resposta tão direta. Seu olhar passou de surpresa para irritação, e ele se afastou quando um homem veio e o puxou.

Eu observei enquanto ele se afastava, um pouco atônita com a reação dele. Alice e Damon, percebendo a troca de palavras, vieram em minha direção.

— O que aconteceu? — Alice perguntou, ainda animada. — Você estava bem?

— Sim, só tive uma pequena troca de palavras com um... — eu hesitei, procurando a palavra certa — um tipo desagradável. Mas está tudo bem.

Damon olhou em direção onde o homem havia ido e fez uma careta.

— Eu não sei quem ele é, mas parece que ele precisava de uma lição de boas maneiras — ele disse, com um tom de desdém. — Não se preocupe com ele. Vamos aproveitar a noite!

Alice e Damon me puxaram de volta para a pista de dança, tentando me distrair com a música animada e a diversão da balada. Eu me deixei levar pela energia do lugar, dançando e rindo com eles, enquanto a situação com o homem se tornava uma memória distante.

A noite seguiu com mais risadas e dança, e antes que eu percebesse, estava na hora de ir embora. Com um abraço caloroso de Alice e um sorriso de Damon, saímos da balada e voltamos para casa, cansada, mas com uma sensação de realização.

Quando entrei no apartamento, o cansaço era evidente, mas a diversão da noite fez a experiência valer a pena. Meus pensamentos ainda estavam voltando ao misterioso homem da balada e à sua atitude, mas eu estava animada para começar meu trabalho no hospital no dia seguinte.

Com a cabeça cheia de novas impressões e uma noite cheia de histórias para contar, eu me preparei para dormir, já ansiosa pelo que o futuro me reservava nesta nova fase da minha vida em Nova York.

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