capítulo 20

William saiu para resolver alguns problemas, mas já está de volta, e trouxe com ele a Marisa, isso mesmo, eu estava no jardim com a Júlia quando eles chegaram.

Eu fiquei sem entender, ainda estou, nunca imaginei ver o William e a Marisa tão próximos como eu vi agora.

Isso mexeu com a minha cabeça, com os meus sentimentos.

- já faz mais de duas horas de relógio que eles estão trancados lá no escritório - eu ainda me sinto fraca, tonta, mas não vou ficar enfurnada no quarto o dia inteiro - você acha que ele vai querer voltar com ela? - Lorena está sendo uma grande amiga, não consigo expressar o grande carinho que sinto por ela, é algo que nunca sentir antes.

- claro que não, querida, ele ama você - ela me acolheu em seus braços - tenho certeza que ele tem uma boa explicação para isso - estamos na sala, espero ansiosa eles saírem de lá e falar o que está acontecendo, já se passou muito tempo e nenhum sinal deles.

Não vou negar que me sinto insegura em relação a eles dois.

Marisa faz parte da vida dele há muito mais tempo que eu, e ela ainda espera um filho, como não me sentir insegura?

- lá vem eles - a porta do escritório foi aberta, e alguns seguranças se aproximaram da Marisa enquanto ela segurava o braço do William pedindo para não a deixar ir, eles a levaram contra a sua vontade, e William se aproximou de nós.

- amor, o que faz aqui embaixo? precisa descansar - ele tocou o meu rosto e me abraçou - você está bem? - eu apenas correspondi ao abraço e fechei os olhos enquanto respirava fundo.

- sim, eu estou bem - olhei para ele - o que fazia com ela lá dentro? - ele respirou fundo e tocou o meu rosto de forma carinhosa.

- foi ela quem tentou matar você - ele beijou os meus lábios de forma doce e gentil - seja quem for, pode ser até mesmo uma mosca a tocar em você, não sairá impune, não vou permitir que ninguém te machuque novamente, eu não seria nada sem você.

- mas ela está...

- vamos esperar a criança nascer, ela vai viver com a gente e eu vou dar um fim na Marisa, e eu juro por Deus que ela nunca mais vai entrar em nosso caminho.

(...)

Subimos juntos para o quarto e deitamos na cama depois de tomarmos banho, ele está acariciando as minhas costas enquanto estou aproveitando o carinho.

- como vai ser quando o bebê chegar? - levantei e sentei ao seu lado - sei que é uma criança inocente, mas não sei se conseguiria amar ela - eu queria dar esse filho a ele, e agora nós dois vamos cuidar de uma criança juntos, uma criança que não é minha e que mesmo sem querer, já me causou muitos medos e inseguranças.

E agora, ela vai perder a mãe por minha causa, será que é justo isso? Eu sei que quase morri por culpa da Marisa, mas saber que uma criança inocente vai perder a mãe, não está me causando as melhores sensações.

E quando ela crescer? O que vai pensar disso tudo? O que vai pensar de mim?

- eu também não sei se vou conseguir dar amor a ela, é filha da mulher que tentou matar a pessoa que eu mais amo nesse mundo, e eu não sei como vai ser daqui para frente - ele suspirou pesado e fechou os olhos - desculpa por estar fazendo você passar por tudo isso, eu juro que se soubesse que encontraria você, eu jamais teria me envolvido com essa mulher.

- não é culpa sua, não se envolveu com ela estando comigo - segurei sua mão - você me tirou do fundo do poço, William, eu não sei o que teria acontecido se o meu pai não tivesse me vendido a você.

- amanhã vamos ter uma conversa séria em relação ao seu pai - ele mudou a expressão e levantou da cama.

- o que foi? Aconteceu alguma coisa com ele?

William não quis me falar nada, apenas pediu para eu descansar e não pensar em nada e assim eu fiz.

Logo depois eu peguei no sono, estava cansada e o meu corpo ainda dói um pouco, e sem falar que não me reconheço no espelho, estou magra, pálida e com o cabelo sem brilho.

A minha alta estima despencou literalmente, e se eu pudesse nem olhava para o William.

- bom dia! - acabei de sentar à mesa para tomar café, William está lá fora e disse que já vem se juntar a nós.

Ele está estranho, assim como Lorena, Fernando, e até mesmo as meninas e o Sebastian.

- como passou a noite? - Lorena segurou minha mão em cima da mesa.

- eu passei bem - afastei a minha mão dela - eu sei que está acontecendo alguma coisa, o que é? - olhei para eles com as sobrancelhas erguidas.

- Jai...

William se aproximou e pousou a mão em meu ombro enquanto Lorena e Fernando ficaram rígidos à mesa.

Eles parecem estar apreensivos.

- acho que já está já hora dela saber - eu olhei para ele sem entender o que queria dizer com isso.

- saber o que? o que está acontecendo? - olhei para eles com meio sorriso no rosto - é algo bom ou ruim?

- aquele homem a quem sempre chamou de pai, sequestrou você pouco tempo depois do seu nascimento - Lorena deixou uma lágrima cair pelo seu rosto - ele fez isso por eu deixei ele para ficar com o Fernando, ele fez isso para se vingar de nós, e roubou você de mim, dos meus braços - ela segurou a mão do marido em cima da mesa - você é a nossa menina, a nossa filha na qual procuramos durante todos esses anos.

Eu ouvi atentamente tudo que eles falavam, William esteve ao meu lado em cada segundo, segurando a minha mão enquanto eu assimilava toda a história.

Era estranho a forma em que o meu pai, quer dizer, Maximiliano me travava, mas mesmo com tudo, eu o amava e achava que era apenas uma fase, que um dia eu iria acordar desse pesadelo e teria ao meu lado um pai amoroso.

Mas eu estava enganada, e agora tenho aqui na minha frente, as pessoas que me deram a vida, e acabaram de salvar ela há poucos dias atrás.

Eu me levantei da cadeira e corri para os braços dele, eu senti o acolhimento que queria ter sentido durante todos esses anos.

Era por isso que eu estava me sentindo tão protegida ao lado deles, por isso eu senti um carinho enorme pela Lorena.

Céus! Eu jamais agiria feito uma adolescente mimada e renegaria o amor dos meus pais.

- eu senti tanto a sua falta! - Lorena chorou enquanto me consolava em seus braços.

- ninguém, ouviu bem? ninguém nunca mais vai te afastar de nós - Fernando beijou minha testa e eu confirmei com a cabeça.

Era disso que eu precisava, era disso que eu sempre precisei, do amor dos meus pais.

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