capítulo 3

~ William ~

Eu me chamo William Marquês, acabei de fazer trinta anos, tive que assumir os negócios da família quando o meu pai morreu, eu não queria muito, mas não tive escolha.

Meu tio e o meu irmão são as pessoas que me ajudam em tudo, mas a maior parte das coisas sou eu que tenho que resolver.

Meu pai deixou muitas casas, restaurantes, bares, hotéis, sociedades em empresas na qual as maiores ações são minhas, cassinos e casas noturnas.

Uma das casas está alugada para o Maximiliano, ele já está aqui há muito anos, durante alguns meses o meu irmão veio cobrar o aluguel, mas ele sempre inventava uma desculpa, e hoje eu vim resolver esses problemas.

Para falar a verdade, foi uma boa ideia ter vindo, assim que cheguei aqui, vi o estado deplorável que estava, e pior ainda, é o estado dessa menina.

Não sei o porquê, mas alguma coisa nela me deixou intrigado, os olhos com medo, o rosto doce e suave, a inocência em tudo o que diz e fala.

Ela está bem mal, magra, com olheiras, a boca está seca e os lábios feridos, e sem falar nas marcas em seu braço.

Eu fiz um cheque e joguei em cima de Maximiliano, e espero não ter que vê-lo novamente. Já tenho problemas o suficiente para resolver.

- olha aqui, seu desgraçado, se eu tiver que ver esse seu rosto imundo outra vez, não vou excitar em te matar, ouviu bem? Você é um merda! - dei um soco em seu rosto o fazendo cair para trás - vou mandar virem averiguar se já desocupou a casa, com esse dinheiro da para comprar uma simples ou que você quiser, mas saia daqui.

Olhei a menina, ela está com o olhar assustado, já não tem forças nem mesmo para falar.

Eu a carreguei no colo, e fui andando até o meu carro sobre os olhares dos meninos.

Ela queria protestar, mas acabou desmaiado ainda nos meus braços, é a segunda vez que isso acontece em poucos minutos.

- vai colocá-la para trabalhar no bordel? - Sebastian olhou para mim com as sobrancelhas erguidas e eu neguei.

- ela agora é minha, e ninguém, ouviu bem? Ninguém encosta um dedo nela - coloquei ela no banco dos fundos quanto os meninos iam no outro carro, e pedi para o motorista nos levar para casa.

***

Durante o caminho, liguei para Miguel, é um grande amigo e médico de confiança, ela precisa ser atendida, está fraca e talvez não aguentei passar dessa noite.

- então, Miguel? - assim que chegamos em casa, eu a coloquei em um dos quartos de hóspedes, e pedi para Cecília, a governanta, preparar uma sopa bem forte, e também providenciar roupas novas para ela.

- ela está muito fraca, anemia, desnutrição, precisa fazer alguns exames com urgência! - ele tirou o sangue dela, e também a colocou no soro.

Está desidratada, e isso vai fazê-la ficar um pouquinho mais forte, também me deu a receita dos remédios, e logo mandei alguns homens ir comprar de presa.

- quem é ela? - ele me olhou curioso e eu suspirei.

- eu a comprei do próprio pai, estava me devendo um dinheiro, e o desgraçado vendeu a própria filha - sentei na ponta da cama e olhei para ele.

- você nunca trouxe nenhuma mulher para sua casa, por que traria uma desconhecida?

- eu não sei, alguma coisa nela me intrigou, é apenas uma menina - levantei da cama e peguei minha arma, que desde então estava no criado mudo - quero que deixe a sua melhor enfermeira para cuidar dela até que fique bem, sabe que sou generoso quanto ao pagamento.

Miguel foi embora, e disse que mandaria a enfermeira, e junto os resultados dos exames.

Entrei no meu quarto e fui direto para o banheiro, preciso aliviar toda essa tensão que estou sentindo.

Demorei uns trinta minutos, e logo depois saí com uma toalha enrolada na cintura.

Suspirei pesado e me olhei no espelho, o que está acontecendo comigo? Por que aquela garota me intrigou tanto? Por que estou me sentindo ansioso para vê-la acordada novamente, para vê-la bem?

Suspirei e vesti a minha roupa, passei um perfume e saí do quarto indo em direção ao que ela está.

Suspirei e abri a porta, ela estava acordada quando entrei, ainda deitada na cama, ela me olhou assustado, depois tocou na agulha ligada ao seu braço.

- não tire o soro, está desidratada e precisa dele para ficar bem - ela olhou para as suas roupas que agora estão diferentes das que chegou aqui - Cecília trocou suas roupas, ela é a governanta e vai ajudar você no que for preciso.

Ela tentou levantar da cama, mas o seu corpo acabou fraquejando e eu me aproximei para ajudá-la.

- um médico veio te avaliar, ele disse que está bem doente, mas vai ficar boa se seguir os devidos cuidados e tomar os medicamentos em ordem - sentei ao seu lado sobre o seu olhar, e pude perceber o quão lindo são os olhos dela, é de um azul tão chamativo - não precisa ficar assustada, está protegida nessa casa, nem o seu pai ou qualquer outra pessoa vão te fazer mal outra vez - eu iria levantar da cama, mas sua mão frágil me segurou, e uma lágrima caiu do seu rosto.

- não vai, por favor! - ela me abraçou de maneira inesperada, e caiu no choro descontroladamente - muito obrigado, eu juro que não vai se arrepender do que fez, eu vou ser invisível nessa casa, eu sei passar, cozinhar, limpar as coisas - sua voz falha e fraca, agora está rouca e trêmula.

Eu correspondi ao seu abraço, e pude sentir o cheiro do seu cabelo, não sei ao certo do que é, mas apesar de bagunçado, tem um cheiro doce e é muito bonito.

- você que me conta sem pressa tudo que aconteceu? - ela se afastou, e enxugou as lágrimas - você tem mãe ou alguma outra pessoas além do seu pai?

- eu não sei quem é a minha mãe, nunca a vi e ele nunca falou sobre ela por mais que eu tenha perguntado - ela fungou e coçou a garganta, deve está doendo pela falta de água - eu estudei até o ensino médio, faltava pouco para acabar e o meu pai me tirou da escola de uma hora para outra - ela suspirou pesado - ele me trancou no quarto a uns três anos atrás, sempre bebendo muito, viciado em jogos, e eu sempre lá.

- ele não te alimentava?

- não, foram poucas as vezes que comi, bebi ou tomei banho lá naquela casa, foram três anos de sofrimento, três anos sem ver a luz do sol, sem ver outras pessoas - ela sorriu sem graça - eu pensei que fosse morrer naquele lugar, e eu as vezes queria que isso acontecesse - ela fechou os olhos, e levou a mão até a barriga - você se importa se eu me deitar um pouquinho?

- não, eu vou pedir para Cecília trazer algo para comer.

- vai voltar?

- sim, eu vou voltar para comer aqui com você - levantei da cama e saí do quarto fechando a porta.

Desci as escadas e logo pude ver o meu tio e os meninos na sala.

- soube que você comprou uma garota das boas, hein? A casa noturna vai fazer um grande sucesso quando anunciarmos que temos carne nova - ela deu um trago em seu charuto e me olhou com orgulho.

- ela não vai para o bordel - não vou colocá-la naquele lugar, acabou de sair de um pesadelo para entrar em outro? Apesar de que as meninas que estão lá, a maioria são por vontade própria, ou por que tem uma dívida comigo que não conseguiram pagar.

- como assim? Soube que deu duzentos mil por ela, é uma peça de ouro, William, sabe quanto vamos ganhar com ela? Poderíamos fazer um leilão, seria o maior evento dessa cidade! - ele colocou seu charuto em cima do pratinho na mesa - então? O que vai fazer?

- eu já disse que ela não vai para o bordel! - coloquei um pouco de whisky puro para mim e dei um gole - ela é minha, ouviram bem? - me aproximei deles com o olhar ameaçador, e a voz séria - vou pedir a Júlia para que a faça companhia - coloquei o copo de volta na mesa.

- o que está acontecendo, William? Eu nunca te vi dessa maneira - meu tio se chama Luiz, ele me ajudou muito quando o meu pai morreu, tenho um grande respeito e admiração por ele, mas isso não lhe dá o direito de se meter em meus assuntos particulares - você acabou de conhecer essa menina, não vai me dizer que está apaixonado!? Ou é amor à primeira vista? - ele debochou e eu neguei.

- eu não estou apaixonado, como disse, acabei de conhecê-la, e eu a comprei para mim e não para colocá-la no bordel, então o assunto está resolvido!

- tudo bem, já entendemos, a garota está sob a sua proteção, mas eu acredito que a Marisa não vai gostar de saber que você está com essa menina na sua casa. Casa essa que você nunca a trouxe.

- Marisa não tem nada haver com a minha vida, sabe que ela só foi mais uma das minhas diversões, eu não devo satisfação nem a ela, e nem a ninguém sobre a minha vida pessoal.

Deixei eles na sala e fui até a cozinha pedindo a Cecília que leve a sopa que pedi para fazer até o quarto dela, depois subir e fui para o meu, está tarde e eu preciso descansar, o dia foi cheio e amanhã tem muita coisa para fazer.

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Comments

Maria Goreth Gomes da Silva

Maria Goreth Gomes da Silva

Este não é PAi e um mostro tomara q agora ele seja feliz

2024-12-07

0

Tekarj

Tekarj

Será qesse tio vai aprontar?

2025-03-02

0

emanuely Manu

emanuely Manu

Passa a pipoca

2025-01-26

0

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