Já faz um mês que estou morando aqui, ainda não sei o que sinto por ele, é uma mistura de medo com um sentimento diferente, é algo que nunca senti antes.
Eu passei a ajudar a Cecília em algumas coisas da casa, ele disse que eu poderia me sentir livre para fazer o que quisesse, então resolvi ajudar na arrumação, na comida e em algumas coisas.
Ele não está aqui, já faz uns dias que viajou, e eu estou sentindo falta de vê-lo andando pela casa, sinto falta de ouvir a sua voz e sentir o seu cheiro.
Céus! o que está acontecendo comigo? conheço ele a tão pouco tempo, e sinto coisas estranhas na barriga ao pensar nele, lembro vagamente do beijo que demos naquele dia em que fomos ao shopping, eu estava sob o efeito do álcool, mas ainda sinto o gosto dos seus lábios, as suas mãos na minha cintura.
Céus! O que está acontecendo comigo? Será que isso é paixão? Isso é estar apaixonada por alguém?
- ei, está tudo bem? - eu fiz amizade com o Marcelo ao longo dos dias, ele é segurança daqui e super gente boa.
- está sim, eu só estava pensando em algumas coisas - estamos no jardim, ele me faz companhia às vezes, é bom ter alguém para conversar.
Eu quase não vejo a Júlia, ela estuda, sai com alguns amigos e nos encontramos poucas vezes, Sebastian também não está, e nem a namorada dele.
Eu não gosto desse sentimento de estar sozinha, tenho medo, sonho com aquele quarto durante todas as noites, com aquele homem que o meu pai levou para vender o meu corpo.
Sinto asco só em lembrar disso.
- a gente poderia sair para tomar um sorvete hoje a noite, o que acha? - ele me entregou uma flor que tirou do jardim e eu sorri.
- eu não tenho dinheiro, Marcelo - me sentei em uma cadeira e suspirei - na verdade eu não sei o que vai ser da minha vida, me sinto sozinha, confusa - não controlei o meu choro e deixei as lágrimas caírem pelo meu rosto - é como se eu ainda estivesse presa naquele quarto, naquela casa.
- você não está, veja ao seu redor, tem um mundo lá fora te esperando - ele me fez levantar da cadeira e me abraçou - vamos tomar um sorvete e depois dar uma volta por aí, tenho certeza que vai se sentir melhor.
- obrigada, Marcelo, você está sendo muito gentil comigo - a única vez que saí daqui, foi quando ele me levou para fazer compras, ele disse que me levaria em outro lugar, mas depois sumiu das minhas vistas e quando eu vi, ele tinha viajado.
- eu vou descansar um pouquinho - agradeci a flor que ele me deu e entrei em casa.
Subi para o meu quarto e deitei na cama, já são três da tarde e eu quero descansar até a hora de sair, quero ter uma noite legal.
***
Chegamos na sorveteria já faz uns trinta minutos, Marcelo está me contando sobre a sua vida, sobre sua família e como veio trabalhar com o William.
- ele é uma boa pessoa, não sempre, mas com as pessoas que o respeitam, ele é um pouquinho agradável - ele suspirou por alguns segundos - eu não era uma boa pessoa, ainda muito jovem entrei no mundo do crime, comecei a fazer coisas erradas, e foi aí que conheci William, eu estava devendo dinheiro para ele, os meus pais não tinham como pagar e ficaram desesperados, e quando ele foi atrás de mim, quando ele foi cobrar a dívida e olhou para mim, ele respirou fundo e me deu uma vida digna ao invés de me matar, me ofereceu emprego de segurança e me deu tudo que eu tenho hoje - ele sorriu de lado - foi ele quem pediu para eu me aproximar de você, para que não te deixasse sozinha.
- ele pediu?
- sim, no dia em que viajou, ele pediu que eu cuidasse de você, e assim estou fazendo - ele pagou os sorvetes e me chamou para caminhar um pouco.
- o que ele é na verdade? - a noite está linda, tem pessoas caminhando, crianças. Faz tempo que não vejo isso.
- ele é um mafioso, o maior de toda a florida se assim posso dizer, é respeitado por muitos, e odiado por milhares. Ele está sempre na mira dos inimigos e de pessoas que querem tomar o seu lugar - ele segurou a minha mão, e depois acariciou o meu rosto - eu só espero que ele não esteja apaixonado por você.
- por quê está falando isso?
- eu sei que não teria chances de lutar pelo seu amor junto a ele - ele tentou me beijar, mas eu virei o rosto - desculpa se fui inconveniente - ele coçou a cabeça e me olhou envergonhado.
- não, você não foi - eu só estou um pouquinho confusa, não quero tomar decisões precipitadas diante disso - eu só não quero estragar o momento.
Conversamos um pouco, depois passamos em um bar e nos divertimos um pouquinho, ele tentou dançar comigo, mas eu não sou boa e preferi ficar sentada enquanto ele fazia piruetas na minha frente.
Chegamos em casa por volta das duas da manhã, eu estou cansada, não bebi nada, fiquei apenas no suco e estou louca para me jogar na cama.
Marcelo é um cara legal, mas só consigo vê-lo como amigo e nada mais.
Eu entrei no meu quarto e tranquei a porta, o perfume dele está aqui, é como se estivesse no meu quarto.
- onde estava? - sim, ele está aqui, sentado na minha cama, e com o perfume exalando pelo local.
- e-eu estava tomando um sorvete com o Marcelo - gaguejei as palavras, as luzes estão apagadas, a lua está clareando o ambiente me fazendo ver a sua silhueta perfeitamente desenhada.
- vocês são amigos agora? - ele levantou da cama e levou as mãos até o bolso da sua calça.
- eu estava me sentindo sozinha e ele só quis me distrair - minhas pernas estão travadas, eu queria andar para o outro lado do quarto, mas não consigo.
Ele está se aproximando de mim lentamente, e as minhas mãos começaram a soar frio.
- eu trouxe um presente para você - ele tocou o meu braço, e roçou os seus lábios nos meus - eu pensei que iria te encontrar aqui quando chegasse, queria te levar para jantar.
- William, eu estou confusa em relação ao que existe entre a gente - lutei com todas as forças que tinha e me afastei dele, acendendo as luzes do quarto - você me comprou do meu pai e eu agradeço imensamente por isso, mas confesso que também tenho medo do que vai acontecer comigo daqui para frente.
- não se sente protegida aqui?
- sim, eu me sinto, mas também estou perdida! você viajou e me deixou aqui sozinha e sem rumo, eu me sinto perdida nessa casa, não sei qual é a minha verdadeira função, não sei o que vai ser de mim daqui por diante... Tenho medo de me jogar na rua ou em uma das suas casas noturnas.
Esse é o meu medo, se ele me comprou, foi por algum motivo, meu pai me vendeu por dinheiro, e ele pode ter me comprado por negócios.
Dizem que garotas virgens sempre trazem mais dinheiro para esses lugares.
- Por que me comprou do meu pai? - me aproximei dele - se tem algum plano para mim, eu preciso saber, mas não deixe essa dívida gritar dentro de mim, não deixe eu criar especulações ruins, não me faça ter ainda mais medo fique já estou tendo agora.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Andreia Cristina
eu tbm no seu lugar ficaria com medo cm essas incertezas
2024-08-05
4
Ana Regina Fernandes Raposo
NOSSA E DIFÍCIL MESMO, SER VIRGEM EM UM LUGAR ONDE SE GANHA PARA OBTER FAVORES, E MAIS DINHEIRO.
2024-08-05
4
Marisa Sampaio
coitada dessa moça.
2024-08-05
2