Capítulo 20

Rayan estava sentado em uma sala silenciosa, aguardando a ligação de Don Mikan. Os preparativos para a troca estavam quase completos. Arthur entrou na sala, seguido por Navarro, e se juntou ao pai, ambos esperando o contato que decidiria o destino de James e Yumi.

O telefone tocou, quebrando o silêncio. Rayan atendeu rapidamente.

— Don Mikan — começou Rayan, sua voz firme. — Está tudo preparado. Vamos garantir que sua filha volte para você em segurança.

Do outro lado da linha, a voz de Don Mikan era fria e calculista. — Espero que sim, Don Thompson. Chegaremos em Hong Kong logo mais e seu filho esperará no local combinado. Qualquer sinal de traição e este acordo não será nada além de um desastre para ambos.

Rayan assentiu, embora Don Mikan não pudesse vê-lo. — Você tem minha palavra. A segurança de sua filha é nossa prioridade.

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Kaito Shion desligou o celular e sorriu maliciosamente. — Parece que terei uma vantagem inesperada.— Disse após conversar com o seu aliado infiltrado na máfia japonesa e soube de toda a movimentação recente.

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Local escolhido para a troca foi um armazém quase não usado, lugar "neutro" e afastado da população da cidade. Rayan seguia no carro com Rebecca, a contragosto, pois queria estar junto de Arthur. Arthur seguia no outro carro com Yumi. Muitos seguranças iam na frente e outros seguindo-os.

Chegando ao armazém, Rayan, Rebecca, Arthur e Yumi desceram do carro e foram recebidos por uma frota de carros negros, indicando a presença de Don Mikan. O armazém estava cercado por seguranças dos dois lados.

Dentro do armazém, Don Mikan estava esperando, acompanhado por seus homens de confiança e por James, que parecia debilitado e mal conseguia ficar de pé devido às inúmeras torturas que sofreu na mansão japonesa.

Arthur, ao ver o estado de seu irmão, perdeu o controle. — Como ousa, seu desgraçado! — gritou ele, sacando uma arma e apontando diretamente para Don Mikan. — Você vai pagar por isso!

Imediatamente, os soldados japoneses apontaram suas armas para Arthur, enquanto os homens dos Thompson fizeram o mesmo, criando uma situação de alta tensão.

— Arthur, pare! — Rayan ordenou, tentando manter a calma, mas sua voz não conseguia alcançar o filho.

Don Mikan não demostrava nenhuma emoção e aguardava o desenrolar dos Thompson.

Yumi se aproximou de Arthur lentamente. — Arthur, olhe para mim — disse ela, falando devagar e tocando no braço dele. — Vamos resolver isso de outra forma.

Ela o abraçou de frente, colocando sua mão sobre a dele que segurava a arma. Arthur, sentindo a calma e a confiança de Yumi, abaixou a arma devagar, seus olhos encontrando os dela.

Rebecca, observando tudo de longe, controlava seu ódio ao ver a proximidade de Arthur e Yumi.

Don Mikan, aproveitando a trégua momentânea, fez um sinal para seus homens recuarem.

— Vamos realizar a troca e acabar com isso.

Os homens de Don Mikan trouxeram James para a frente, e Rayan foi buscar Yumi, preparando-se para levá-la de volta.

Yumi evita olhar para Arthur temendo não conseguir controlar as lágrimas. E ali não era lugar para mostrar fraqueza. Com a cabeça erguida, ela se coloca ao lado de Rayan, aceitando ser escoltada até seu pai.

Mas antes que Yumi pudesse se aproximar de seu pai, uma explosão ecoou pelo armazém , assustando a todos. Um gás invade o ambiente. Yumi ouviu gritos e disparos de armas. Ela se abaixou, tentando se proteger, e

por meio da fumaça vê Rayan sendo atingido e caindo no chão. Escutou ao longe gritos de Arthur a chamando, mas sua respiração está comprometida devido o gás e não conseguiu responder, pois lutava para conseguir respirar.

Ela sentiu alguém puxando seu braço, e um pano foi colocado sobre seu rosto. Nesse instante, sua consciência a traiu, fazendo-a perder os sentidos.

Arthur observava Yumi caminhando lentamente ao lado de Rayan em direção a Don Mikan. Seu coração apertava ao vê-la tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante. Ele queria correr até ela, segurá-la em seus braços, mas

sabia que não podia. A família vinha primeiro, e ele precisava manter a cabeça fria.

James, cambaleando de dor e fraqueza, se aproximava de Arthur. Cada passo que ele dava parecia uma eternidade, e Arthur lutava contra a vontade de correr até ele. Ele não podia fazer nada, a não ser esperar. De repente, um estrondo ensurdecedor interrompeu seus pensamentos. Uma explosão.

A fumaça densa rapidamente tomou conta do armazém. Arthur entrou em modo de combate, seus sentidos aguçados procurando Yumi em meio ao caos. Ele atirava em qualquer soldado que identificava como inimigo, protegendo seus próprios homens. Avançou, tentando alcançar seu irmão e garantir sua segurança.

Finalmente, conseguiu alcançar James e o protegeu, disparando contra os inimigos. Olhou em volta e viu Rebecca, lutando com maestria e sinalizando para que ele a seguisse. Arthur, com James protegido, levou-o até os soldados próximos de Rebecca. Deixou seu irmão aos cuidados deles e voltou a se lançar na confusão, determinado a encontrar Yumi.

— Arthur! — gritou Rebecca, mas ele não respondeu.

Os olhos de Arthur varriam o ambiente, procurando qualquer sinal de Yumi.

Ele viu seu pai, Rayan, caído no chão, atingido no braço. Mesmo ferido, Rayan continuava a atirar com a mão livre. Arthur correu até ele, ajoelhando-se ao seu lado.

— Pai! — gritou, tentando verificar o ferimento.

Rayan, com um olhar duro, acenou com a cabeça. — Estou bem, cuide dos outros.

Arthur assentiu, pressionando um pano contra o ferimento de Rayan antes de se levantar. Ele precisava encontrar Yumi, e rápido. A fumaça começava a clarear. Arthur avançou, determinado a encontrá-la antes que fosse tarde demais.

A cada passo, seu coração batia mais rápido. Ele vasculhava os rostos, os corpos, procurando aquele que mais importava. De repente, através da fumaça, ele viu um grupo de homens arrastando alguém. Reconheceu a figura

frágil de Yumi sendo levada à força. Sem hesitar, Arthur correu em sua direção, disparando contra os sequestradores.

— Yumi! — ele gritou, sua voz carregada de desespero e determinação. Ele não permitiria que ela fosse levada. Não agora, não nunca.

Porém, os homens dispararam contra Arthur, forçando-o a se proteger atrás de uma coluna. Sem oportunidade de reação, ele esperou enquanto os tiros ecoavam ao seu redor. Quando os disparos finalmente cessaram, Arthur

saiu do esconderijo, seus olhos varrendo o local desesperadamente.

Não havia rastro de Yumi. Arthur sentiu um vazio crescer dentro de si, uma raiva fervente misturada com impotência. Ele prometeu a si mesmo que a encontraria, custasse o que custasse.

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