Capítulo. 09

“Então, você está basicamente me colocando em uma ordem de silêncio”, ela esclareceu.

“Se é assim que você deseja perceber, então que assim seja.”

Ele se abaixou para pegar o telefone dela — um claro indicador de que ele considerava a conversa encerrada — e olhou para a tela antes de entregá-lo.

"Isso não é exatamente o que eu chamaria de comportamento profissional", ele disse, apontando para a imagem ridícula dela fazendo beicinho na tela.

Envergonhada, ela baixou os olhos, odiando se sentir tão completamente desorientada.

“Era para ser irônico”, ela tentou explicar, mesmo sabendo que ele nunca entenderia o humor pretendido por trás da imagem.

“Espero que você se comporte adequadamente nesta reunião?”

Droga. Tanto esforço para impressionar o homem com seu profissionalismo e habilidade de fazer o trabalho. Ela tentou o seu melhor para manter sua resposta humilde.

“Sim, senhor. Peço desculpas se minha falta de profissionalismo anterior o fez pensar o contrário, senhor,” ela disse em sua melhor voz séria, embora não conseguisse disfarçar o sarcasmo pingando por toda aquela última palavra. Ele ergueu as sobrancelhas, indicando que não havia perdido a aspereza, então a percorreu de cima a baixo com o olhar.

“Você pode querer passar um pente no cabelo”, ele disse, as palavras pingando desdém. “Talvez reaplique seu batom enquanto estiver lá. Ah, e tenho certeza de que você gostaria de ajustar sua saia e abotoar sua blusa antes de chegarmos lá também.”

Desgraçado.

Ela voltou para sua ponta do assento e rapidamente endireitou sua saia e ajeitou sua blusa desajeitadamente, corando um pouco quando percebeu que seu sutiã estava aparecendo. Uma rápida verificação de seu cabelo e maquiagem confirmou que o primeiro estava um pouco espetado e seu batom estava borrado em um canto de sua boca. Espera, como diabos ela conseguiu borrar seu batom enquanto tentava pegar seu telefone? Quem fez isso? Este dia só piorou e ainda não eram nem oito horas. Ela o reaplicou e, de forma bastante intencional, virou as costas para ele para olhar pela janela.

Ela não ia deixá-lo diminuir sua excitação de estar ali, e se isso era tudo o que ela conseguiria ver da cidade, então ela iria aproveitar enquanto podia. Ela o ouviu bufar suavemente atrás dela, mas ignorou, desejando que ele voltasse para sua preparação tão crítica. Ele só precisava dela ali para tomar notas, escrever sua correspondência e fazer todas as outras porcarias servis que exigiam pouco ou nenhum pensamento.

Ela sabia que Donna, sua assistente executiva, tinha um trabalho muito desafiador e intelectualmente estimulante — ela lidava com projetos, dirigia o escritório na ausência dele e tinha todo tipo de outras tarefas importantes e interessantes. Mas Dante não confiava em Cleo para fazer nem uma pequena porcentagem do que sua preciosa Donna fazia, e ela não esperava que ele fizesse. Ela não era nem de longe tão qualificada. Ele dava a ela as coisas básicas de secretaria para fazer enquanto designava as tarefas mais importantes para outros assistentes pessoais e executivos. O pouco que ele confiava a ela era sempre examinado pelo próprio homem com um pente fino.

Naturalmente, os outros assistentes já estavam atolados com suas próprias tarefas regulares e estavam começando a se ressentir de Cleo por não fazer o trabalho pelo qual ela estava sendo tão bem paga. Eles sabiam que Luc e Dante eram amigos porque Cleo tolamente mencionou isso a um dos assistentes administrativos mais jovens em uma tentativa frustrada de fazer amigos. A mulher não perdeu tempo espalhando rumores de que Cleo havia sido contratada por causa do relacionamento entre os dois homens. Ninguém jamais acusaria Dante de nepotismo na cara dele, é claro, então Cleo suportou o peso da hostilidade deles. Depois disso, Cleo ficou muito mais exigente sobre com quem falar no trabalho. Felizmente, havia várias outras pessoas que não deram crédito aos rumores. Pessoas como Florence, a adorável moça do chá; Solomon, o alegre motorista da empresa; os caras da proteção pessoal de Dante; e alguns dos funcionários juniores que não ficaram sobrecarregados com seu trabalho extra. Apesar do pouco tempo que ela estava trabalhando lá, ela não tinha escassez de novos amigos.

Mas a ironia era que Cleo não tinha percebido nem por um segundo que Dante Damaso da Damaso International, Inc. era o mesmo "Dan" cujo nome Luc casualmente mencionava em conversas de vez em quando. Luc e Dante se conheceram na faculdade e se tornaram amigos, mas dificilmente eram o tipo de cara que se convidava para reuniões familiares, então Cleo nunca teve a oportunidade de conhecer o homem. Ela também estava muito envolvida com sua própria vida e sua dança — muito envolvida consigo mesma — para se importar com Lucius e seus amigos chatos. Então foi um choque descobrir que o "Dan" de Luc era o Dante Damaso da renomada rede Damaso International de hotéis e resorts cinco estrelas.

Só depois que Luc ficou todo severo e desaprovando o irmão mais velho com ela por usar seu relacionamento com Dante para conseguir um emprego, a ficha caiu. Foi quando ela entendeu que provavelmente conseguiu o emprego porque era irmã de Luc. Um favor que nem Luc nem Cleo realmente pediram. Naquela época, já era tarde demais para desistir, e Cleo estava determinada a aproveitar ao máximo a chance que lhe foi dada. Claro, se ela realmente tivesse conhecido Dante Damaso durante o processo de entrevista, ela poderia muito bem ter dito a ele para enfiar seu emprego. Mas seus asseclas conduziram as entrevistas gravadas, e Dante — supostamente — tomou sua decisão depois de assistir às gravações.

Cleo não sabia o que esperava de Dante Damaso, mas desde o primeiro dia ele deixou claro que apenas tolerava a presença dela, e apenas meia hora depois do primeiro dia dela — depois de pedir para ela fazer uma xícara de café para ele, fotocopiar alguns documentos, enviar dois e-mails (um dos quais ela tinha errado ao deixar um zero em um número muito grande) e regar sua maldita ficus — ele a mandou para baixo para um executivo júnior. Uma vez lá, a assistente do executivo júnior conduziu Cleo paternalmente até uma mesa e a instruiu a atender o telefone se ele tocasse, antes que a mulher verificasse sua maquiagem e saísse com um alegre "O Sr. Damaso precisa que eu o ajude hoje".

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