Capítulo. 05

Ela tentou esvaziar sua mente de tudo e se concentrar apenas na vista. De seu ponto de vista do quadragésimo andar, as luzes brilhantes pareciam tão bonitas quanto uma árvore de Natal, mas ela se perguntava sobre a atividade frenética constante nesta cidade louca que não parecia ter diminuído nem um pouco, apesar do adiantado da hora. Ela sabia que deveria tentar dormir um pouco. Já passava das três da manhã, e Dante Damaso sem dúvida estaria acordado, vestido e repugnantemente alerta às sete. Ela se arrastou para a cama king-size, que estava posicionada de forma que ela ainda pudesse ver o horizonte. Ela se enrolou de lado e olhou para as luzes piscantes do trânsito muito, muito abaixo antes de cair em um sono agitado.

Dante acordou como sempre fazia, totalmente ciente do que o cercava e nem um pouco grogue, apesar da falta de sono e do jet lag. Pela primeira vez, essa habilidade não era uma bênção, não quando ele foi imediatamente bombardeado pela lembrança do erro colossal de julgamento que cometera na noite anterior.

"Merda", ele sibilou baixinho, desperdiçando um breve momento de seu tempo precioso em uma pontada de arrependimento antes de dar de ombros para aquele resquício de consciência. Em vez disso, ele tentou focar sua atenção em uma solução para o que definitivamente poderia se tornar um problema. O sexo tinha sido muito bom, realmente, e exatamente o que ele precisava para descarregar as frustrações do dia. Mas a garota era sua funcionária, uma funcionária muito júnior — e Dante quase nunca ia lá. Além disso, ela era irmã de seu amigo, e Dante com certeza nunca ia lá. E ainda assim ele tinha ido lá na noite passada e não tinha ninguém para culpar além de si mesmo.

Para dar a Chloe o que ela merece, ela nunca olhou para ele daquele jeito, nunca insinuou querer qualquer tipo de relacionamento sexual com ele. Na verdade, até a noite passada, ela tinha sido indiferente em relação a ele e até parecia não gostar dele às vezes. Ele bufou com esse último pensamento, descartando-o como improvável. Quando as mulheres fingiam indiferença, elas geralmente estavam se fazendo de difíceis, e ela era definitivamente do tipo que fazia jogos ridículos como esse. Veja como ela caiu facilmente na cama dele na noite passada. Certamente isso era prova de que ela estava abrigando algum tipo de atração por ele o tempo todo.

Ele só esperava que ela não achasse que seria o começo de algo; ele realmente não precisava da complicação de partir o coração da irmã de Luc. Ele gostava do cara e eles eram amigos há muito tempo — e mesmo que Dante soubesse da existência dela, ele nunca tinha conhecido a irmã de Luc até ela se candidatar a esse emprego. Ele não tinha ficado muito entusiasmado com a ideia de dar a ela o cargo — especialmente à luz de sua resposta física inesperada à presença dela. Mas ele não estava prestes a ofender um de seus poucos amigos de verdade ao se recusar a dar um emprego à preciosa irmã do homem — não importa o quão lamentavelmente desqualificada ela fosse no papel.

Ele se sacudiu impacientemente, irritado por já ter desperdiçado tanto tempo com o incidente quando teve que descobrir como abordar a situação precária com o governo metropolitano de Shinjuku. Ele se ressentia de ter que dedicar qualquer parte do seu tempo a considerar as possíveis ramificações de seu encontro sexual mal aconselhado com uma mulher. Não quando tinha tantos outros problemas urgentes para lidar.

Ele balançou a cabeça enquanto se levantava da cama e ia até o banheiro para um banho rápido. Ele tinha a maior confiança de que lidaria com esse incidente da melhor maneira possível; era só sexo, afinal. Quando ele estava vestido e pronto para encarar o dia, ele já tinha descartado o episódio e estava focado em outros assuntos muito mais importantes.

Quando Cleo se juntou a Dante na sala de estar, ele a cumprimentou com seu habitual grunhido matinal, mantendo o foco em seu laptop.

“Senhorita Knight, preciso que você envie um e-mail urgente para Miles Kinross para os projetos originais da Fase Um”, ele disse sem levantar os olhos.

"Agora mesmo?" ela perguntou, e ele levantou o olhar da tela do computador para franzir a testa para ela.

“Sim, agora mesmo. Eu não usaria a palavra ‘urgente’” — ele usou aspas no ar debochadas — “se eu não quisesse agora mesmo.”

Cleo cerrou os dentes, engoliu a resposta sarcástica que pairava na ponta da língua e se contentou com uma doçura açucarada.

“Bem, eu só pergunto, senhor, porque é meia-noite na África do Sul, e o Sr. Kinross pode não estar checando seus e-mails. Achei que você poderia preferir a abordagem direta de um telefonema.”

“Então, faça-se útil e coloque-o na linha. Seja proativo para variar.”

Ela levantou as sobrancelhas e pegou o telefone da empresa. Ela realmente queria não ter caído na cama com esse homem tão facilmente. Mas ter arrependimentos agora — enquanto ela ainda ostentava manchas de barba por fazer na parte interna das coxas e seus seios formigavam tentadoramente — era um desperdício de energia. A boca sensual dele havia passado por cada centímetro da pele dela, e sua barba por fazer grossa havia deixado um rastro rosa claro em alguns dos lugares onde ele havia permanecido. Havia até uma leve picada na parte inferior das costas dela, dizendo que ela provavelmente tinha a mesma barba por fazer travessa logo acima da bunda.

Cleo se esforçou para não se deter muito nos lembretes físicos íntimos e indesejados de seu lapso de julgamento na noite passada. Mas isso não era algo fácil de fazer quando ela mal conseguia suprimir um arrepio ao se lembrar de quão magistralmente ele a virou de bruços e arrastou seus lábios perversos da nuca dela para—

“Senhorita Knight?”

Uau. Ela saiu do torpor obsceno e olhou fixamente para o rosto impaciente dele.

“O telefonema?”

“Sim, claro”, ela gaguejou, sentindo-se tola enquanto discava o número.

Miles Kinross, como ela suspeitava, já havia se recolhido para a noite e não estava sozinho, se a voz feminina sensual ao fundo fosse alguma indicação. Kinross era um homem bonito e — se as fofocas do escritório fossem verdadeiras — como Dante Damaso, ele raramente namorava a mesma mulher por mais de um ou dois meses. Cleo estava no meio de explicar o que eles precisavam quando o telefone foi rudemente arrancado de sua mão e Dante assumiu a conversa.

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