Capítulo. 07

Desagradável? Quem diabos ela pensava que era? Mulheres melhores do que ela mataria pela chance de um caso de amor com ele... e por que diabos ele estava ofendido? Ela não era nada mais do que sua funcionária. Sua funcionária muito irritante e muito temporária. Então eles tiveram um pequeno lapso de julgamento. E daí? Merdas como essa aconteciam o tempo todo. Não com ele, mas havia uma primeira vez para tudo.

“Vamos manter o foco no trabalho”, ele estipulou. “Quanto mais cedo resolvermos esse atraso, mais cedo sairemos daqui e seguiremos com nossas vidas.”

“Amém para isso.”

Cleo estava orgulhosa de si mesma. Orgulhosa de ter conseguido manter o temperamento sob controle e a boca fechada. E definitivamente orgulhosa de ter conseguido conter o impulso de dar um tapa no rosto bonito e presunçoso do homem idiota.

Apenas faça o trabalho, Cleo. Continue fazendo o trabalho, e quando algo mais interessante aparecer, você pode seguir em frente com a cabeça erguida.

Este não seria mais um de seus fracassos. Outra oportunidade perdida porque ela não conseguia segurar a língua ou conter sua natureza impulsiva e temperamento incerto. Trabalhar para Dante Damaso a testou até seus limites, embora — felizmente — ela raramente tivesse que lidar diretamente com ele até esta viagem. Ela não o deixaria arruinar esta oportunidade de carreira para ela. O potencial de crescimento nesta empresa era enorme; Dante a contratou como substituta temporária de sua assistente grávida, com a garantia de que, após o retorno de Donna, eles encontrariam uma posição permanente para Cleo dentro da empresa. E embora Cleo ainda não tivesse certeza de que este era o tipo de trabalho que ela queria fazer pelo resto de sua vida, era o que ela havia recorrido quando sua verdadeira vocação havia escapado de seu alcance. Não iluminava todos os espaços vazios em sua alma como a dança fazia, não a inspirava ou a fazia querer pular da cama de manhã, mesmo quando cada músculo de seu corpo protestava ao menor dos movimentos, mas era alguma coisa. E ela era relativamente boa nisso. Então teria que servir.

Até esse emprego, ela estava indo de uma posição temporária para outra, mas essa era a primeira que oferecia segurança no emprego, benefícios e todas as outras coisas boas que os adultos aspiravam. Cleo, que se sentia um fracasso total até aquele momento, agarrou a oportunidade. Deus sabe que ela tinha que parar de depender do irmão mais velho para ajudá-la toda vez que ela falhava em alguma coisa.

Luc se casaria em breve, e embora sua noiva, Blue, fosse um amor, Cleo não conseguia continuar morando com ele toda vez que perdia um apartamento porque não conseguia pagar o aluguel. Luc nunca se importou; ele insistiu que a casa, que pertencera aos avós, era metade dela de qualquer maneira e que ela tinha tanto direito de ficar lá quanto ele. Mas com Luc provavelmente começando uma família em breve, Cleo simplesmente não se sentiria bem correndo para ele toda vez que a vida colocasse um obstáculo em seu caminho. Ela já se sentia uma perdedora. E dormir com o chefe — apenas mais uma coisa em uma longa linha de decisões realmente ruins — intensificou esse sentimento infinitamente.

Cleo só era boa em uma coisa na vida: dançar. E depois de anos de trabalho duro e inúmeros sacrifícios pessoais e físicos, ela estava bem encaminhada para se estabelecer como um talento notável antes de um acidente logo após seu vigésimo quarto aniversário ter roubado essa carreira dela. Os médicos disseram que ela nunca mais dançaria profissionalmente, e era um fato que Cleo tinha dificuldade em aceitar. Ela ainda sentia que podia dançar; ainda estava lá em seu coração e alma. Como eles poderiam dizer que ela não podia fazer a única coisa que amava acima de tudo? Sem a dança em sua vida, ela se viu sem rumo e devastadoramente mediana. Agora tudo o que lhe restava era seu cérebro e uma língua afiada que a colocava em problemas nos piores momentos possíveis. Essa língua tinha sido responsável pela maioria de seus fracassos anteriores no local de trabalho, mas sua inteligência era o que a mantinha constantemente empregada, mesmo que ela não conseguisse manter os empregos.

Ela olhou para Dante, que estava debruçado sobre seu iPad novamente, e conseguiu, por pouco, não revirar os olhos em escárnio. Ela o observou disfarçadamente e tentou manter sua avaliação objetiva. Ele era enjoativamente bonito. Dante Damaso era todo pele dourada deslumbrante, coberto com cabelo preto ondulado como a noite que ele mantinha implacavelmente curto e penteado para trás com uma divisão lateral conservadora. Mal havia o suficiente da massa luxuosa, espessa e sedosa para uma mulher passar os dedos. Seus olhos castanhos mel eram emoldurados por cílios longos e exuberantes que se curvavam levemente nas pontas e sobrancelhas retas e severas. Sua boca tinha um lábio inferior cheio e curvado e um lábio superior fino e perfeitamente arqueado, e teria sido lindo se não fosse pelo sorriso cínico que torcia perpetuamente seus lábios sempre que ela estava por perto. E, claro, ele tinha o nariz reto e maçãs do rosto altas para combinar com sua aparência perfeita.

Era nauseante, realmente; um nariz torto o tornaria mais acessível, mais humano. Era quase desagradável para ele ser tão bonito! E agora que ela sabia como ele era por baixo do terno cinza-escuro caro e sob medida, era ainda pior. Aos trinta e três anos, ele estava no auge. Ele tinha abdômen definido, uma bunda na qual você poderia quicar uma moeda, braços musculosos e maravilhosos e — sua fraqueza pessoal — coxas e panturrilhas matadoras. E ele certamente sabia exatamente como usar aquele corpo perfeito para agradar uma mulher. Não é de se admirar que suas lindas amigas estivessem sempre por perto, mesmo depois que ele terminava as coisas com elas — sexo alucinante e orgasmos múltiplos podiam se tornar perigosamente viciantes.

Embora Cleo pudesse definitivamente ter empatia por essas mulheres, sexo incrível não era o suficiente para fazê-la ficar louca por um cara, ou ela estaria em sérios apuros agora. Dante Damaso personificava a perfeição masculina; era uma pena que uma aparência tão boa fosse desperdiçada em um espécime desagradável como ele.