Capítulo. 08

Para se distrair da situação embaraçosa com seu chefe, Cleo voltou sua atenção para a cidade a apenas uma janela de distância. Ela não conseguia se lembrar de ter visto tantos pedestres em um só lugar, correndo e se movimentando e cuidando de suas vidas diárias. Ela esticou o pescoço e não conseguiu evitar uma risadinha quando viu um cara em uma fantasia de panda cruzando o cruzamento na frente do carro deles. Ela correu para pegar seu telefone e conseguiu pegá-lo pelas costas enquanto ele se afastava, sua gigantesca cabeça de panda se elevando acima dos outros pedestres completamente despreocupados. Ninguém nem olhou. Ela distraidamente começou a tirar mais algumas fotos e depois várias selfies, tentando obter o máximo possível da cidade no fundo e adicionando as realmente boas no Facebook, Twitter e Instagram. Ela se posicionou de costas para a janela e tirou algumas selfies de cara de pato enquanto eles estavam parados em um cruzamento particularmente movimentado.

Dante estava tão absorto em sua leitura que demorou um pouco para que o som irritante de clique penetrasse na névoa pesada de estatísticas que girava em seu cérebro. Quando ele finalmente percebeu, o clique que se seguiu foi quase chocante, pois o sacudiu totalmente ciente de seus arredores. Ele olhou para onde Chl — Cleo — estava sentada na extremidade do banco de trás e piscou quando a viu sugando as bochechas, enchendo os lábios e abaixando o queixo enquanto segurava o telefone ligeiramente acima do nível do rosto e tirava uma fotografia. Bem, isso explicava o clique irritante. Ela moveu o queixo ligeiramente para a esquerda e tirou outra foto. Depois outra e outra.

“Odeio interromper essa pequena festa de amor narcisista que você está tendo com seu telefone, Srta. Knight, mas certamente você tem algo um pouco mais produtivo para fazer com seu tempo?”

Ela pulou e deixou cair o telefone, que quicou no assento e caiu bem entre os sapatos dele. Ela xingou baixinho e se abaixou para pegá-lo. Ele ficou boquiaberto enquanto ela se contorcia entre o banco do passageiro da frente e seu joelho, sua bunda redonda se projetando e se contorcendo tentadoramente bem ao alcance de suas mãos. Ele segurou as ditas mãos para cima e para longe do corpo dela, caso fossem tentadas a fazer algo estúpido, como explorar a pele sedosa e macia de suas coxas, que estava sendo revelada um milímetro tentador de cada vez enquanto ela manobrava seu caminho um pouco mais para baixo.

Ele não tinha muita certeza do que fazer com o provocante e retorcido pacote de feminilidade meio jogado sobre seu colo, mas quando um pequeno cotovelo afiado errou sua virilha por apenas alguns centímetros, ele xingou, segurou o mesmo cotovelo e a arrastou para o assento ao lado dele.

"O que diabos você está fazendo?" ele perguntou, parecendo lívido até para si mesmo.

"Meu telefone . . ."

“É. Eu sei. E eu teria recuperado para você. Você não precisava se enrolar em mim para chegar até ele.”

"Eu não." Deus, suas bochechas estavam coradas, seu cabelo geralmente liso estava uma bagunça, e dois de seus botões de blusa de madrepérola estavam desfeitos para revelar a linda borda de renda azul de seu sutiã. Ela parecia uma mulher que tinha acabado de ser beijada profundamente, e porque isso o excitava a ponto de doer, isso trazia sua natureza desconfiada à tona.

“Você está dando em cima de mim?” ele sibilou. “Uma noite não foi o suficiente para você? Se você quer mais do que isso, você só precisa dizer. Mas não espere nada além de sexo de mim. Só porque você é irmã do Luc não lhe dá automaticamente direito a mais do que isso. Assim que resolvermos esse acordo, podemos foder de novo se é isso que você quer, mas nunca será mais do que isso. Entender? Entender?”

“Oh, eu entendo,” ela disse, sua voz tremendo levemente, fazendo-o se perguntar sobre a emoção extrema que ele podia sentir logo abaixo da superfície. “Eu entendo que você é um babaca presunçoso e arrogante que pensa que o sol gira em torno dele. Eu não gosto de você. Mas então eu não tenho que gostar de você; você é apenas meu chefe. E embora eu possa ter tido um momento de fraqueza ontem à noite, isso me torna humano. E acredite em mim, uma noite foi o suficiente para durar uma vida inteira. Foi ótimo, mas não estou procurando por um bis.”

Cleo deixou suas palavras penetrarem, sabendo que ela tinha acabado de dar adeus a qualquer futuro com esta empresa. Ela se permitiu um momento de arrependimento antes de limpar a garganta e apontar para o chão entre os pés dele.

“Agora, você se importaria em pegar meu telefone para mim, por favor, senhor? Eu odiaria que você tivesse a ideia errada se eu fosse pescá-lo novamente.”

Ele manteve o olhar no mesmo nível do dela, e o conjunto severo de sua boca lhe disse que ele não estava nem um pouco impressionado com ela. Bem, que se dane. A opinião dele não importava nem um pouco.

“Só porque compartilhamos algum nível de intimidade não lhe dá o direito de falar comigo assim”, ele disse após um longo e enervante momento de silêncio. Sua voz transbordava com uma ameaça mal contida. “Não somos contemporâneos, não somos amigos e certamente não somos amantes.”

“Não, somos empregados” — ela tocou o peito e então levantou a mesma mão para apontar para ele — “e patrão. Você é meu chefe, e como duvido muito que eu tenha um emprego depois disso de qualquer forma, eu provavelmente deveria expressar minhas opiniões agora, enquanto tenho você aqui.”

“Por que você não teria um emprego depois disso? Você acha que sou tão desprovido de moral que eu te demitiria porque passamos uma noite mutuamente prazerosa juntos? Isso foi ontem à noite, e nós terminamos o trabalho. Neste carro, agora mesmo, eu sou seu empregador, e falarei comigo com respeito.”

"Ah, isso significa que eu posso te chamar de babaca arrogante depois do expediente?" Ela observou o rosto dele se contrair e sabia que estava apertando cada botão de perigo que ele possuía.