Capítulo 11

Pablo…

Acordei bem cedo, fiz a minha higiene, organizei as minhas coisas e fui até a cozinha tomar o café da manhã. Hoje volto para a Universidade, após um longo final de semana em casa. Por mais que ame a minha mãe e irmã, sinto muita falta de Luke. Estar em casa representa não ter ele aqui e só restam as lembranças e fotos do que um dia foi a nossa vida.

Ao chegar na cozinha, minha mãe passava o café.

— Bom dia, mãe! — digo e deposito um beijo no alto de sua cabeça.

— Bom dia, filho! — responde, com um sorriso fraco.

— A senhora está bem mesmo, mãe? Não quero voltar para o Campus, sabendo que…

— Não se preocupe, Pablo! Estou bem!

Minha mãe tossiu a noite toda, levantei algumas vezes e fui verificar se estava bem.

— Qualquer coisa me liga! — digo sentando na cadeira.

Ela assentiu com a cabeça.

— Será que pode levar a Anabele para a escola? É caminho da sua Universidade! — indaga, me servindo com uma xícara de café com leite.

— Claro! — respondo, cortando uma fatia de bolo.

— Obrigada!

Anabele entra na cozinha, arrumada para o colégio, nos cumprimenta com um beijo e um abraço e fica feliz por saber que a levarei para a escola.

Após o café, terminamos de nos arrumar, nos despedimos da nossa mãe e seguimos para a escola de Anabele.

— Pablo! Posso te fazer uma pergunta?

— Sim!

— Por que não gosta do seu papai?

— Eu não tenho pai, Anabele! Nem todos que têm o nosso sangue, podem se dizer que é família! Família, são aqueles que estão em todos os momentos com você, aqueles que cuidam, amam, protegem e...

— Eu sei disso! Mas o tio Aaron, é muito legal!

— Espera! Como sabe que… — indago, parando em sua frente.

— Desde que nos mudamos, ele sempre vai lá em casa! Ele e a mamãe são amigos…

— Amigos? — pergunto, com uma das sobrancelhas arqueada.

— Eu queria que eles voltassem e ele fosse o meu papai!

— Você não iria querer ele como o seu pai! Confie em mim!

— Ele brinca comigo, leva presentes, até mesmo alimentos!

— Eu não acredito no que estou ouvindo! Tem que ficar bem longe desse homem, entendeu? — digo me abaixando na sua frente para ficar do seu tamanho.

— Não! O tio Aaron é legal, agora aquele chato do tio Calvin é mal!

Seguro em seus braços a fazendo me olhar.

— Aquele homem abandonou a nossa mãe… se não fosse o tio Calvin...

— A mamãe não aceita nada que vem do tio Calvin! Outro dia, ele esteve em casa, os dois discutiram e ele segurou com muita força no braço da mamãe!

— O que?

— Isso mesmo que ouviu! Eu, que sou criança, conheço melhor as pessoas do que você!

Saber disso, me deixou irritado.

Seguimos o restante do caminho em silêncio, nos despedimos, a deixo na escola e sigo para a Universidade.

Não consigo esquecer o que Anabele disse.

… Será que isso é verdade? Não é possível!…

Ao chegar, encontro com Isla no corredor, ela me puxa para um beijo e eu correspondo.

— Fiquei muito chateada, que foi embora naquela manhã sem se despedir!

— Desculpe, estava atrasado para uma prova importante!

— Sei!

William se aproxima de nós, Isla o ignora e fica conversando com algumas de suas amigas.

— E aí, cara? Como foi a festa da sua família? — pergunto.

— Foi ótima! É sempre bom estar em casa! Vou indo para a sala, você vem?

— Daqui a pouco! Pode ir, que logo te alcanço!

Ele assentiu com a cabeça e vai.

— Qual é o seu problema, Isla? Por que não cumprimentou o meu amigo?

— Ele é apenas um bolsista, gatinho! Não sei por qual motivo é amigo dele! — diz revirando os olhos, com voz manhosa.

— Eu também não tenho as mesmas condições financeiras que você e seus amiguinhos!

— É diferente! Estando comigo, poderá ter o mundo se quiser, meu pai é muito rico!

Ela tenta me beijar novamente, mas viro o rosto e vou atrás do meu amigo a deixando lá, gritando o meu nome.

Alcanço William e vamos juntos para a sala de aula.

A manhã foi bem tranquila, com aulas incríveis.

Depois do almoço, teria o jogo de baquete e Isla me convidou para acompanhá-la. Nunca assisti aos jogos, pois me lembra do que estou perdendo, então rejeitei o seu convite.

Estava no corredor com William conversando, quando duas garotas lindas entram no local, chamando a atenção de todos.

As duas eram loiras, de olhos claros e corpo escultural. A mais alta fez até eu perder o ar, tem um sorriso lindo e uma beleza única. Minha boca ficou seca, meu coração acelerou e a minha respiração desregulou.

Não consegui desviar o meu olhar dela, mas a mesma nem notou a minha presença.

As duas foram na direção do ginásio.

William vai para a biblioteca e eu vou em direção ao ginásio. Não sei por qual motivo, mas eu queria vê-la novamente, sua beleza chamou muito a minha atenção. Não sei explicar, mas o meu coração bateu tão alto, que pude ouvi-lo.

Ao entrar pela porta principal, a procuro. Estava sentada assistindo ao jogo com muita atenção.

Tentei assistir ao jogo, mas hora ou outra, meu olhar a procurava.

… Que merda é essa? O que está acontecendo comigo?…

O nosso time perde de lavada, minha vontade foi entrar em campo e tentar salvar essa porr@ de jogo.

Meu coração continuava acelerado e confesso que não sei se é por estar assistindo ao jogo, algo que amo tanto, ou se é pela presença dessa garota.

No final do jogo, saio do ginásio apressadamente, fico perto dos armários e quando as vejo se aproximando, finjo um esbarro. Ela pede desculpas e confesso que fiquei desnorteado por estar tão perto e com seu cheiro de flores-do-campo.

Saio apressado de perto delas, não resisto e olho para tás em alguns momentos.

... Que mulher linda!...

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