Capítulo 7

Ana Paula...

Depois daquela decepção com Renato, tentei ocupar a minha cabeça saindo com Gislene e assistindo ao treino de Dionnes. Estou me sentindo usada, tal sensação é horrível. Ele fez eu pensar que não sou mulher o suficiente, que não soube o satisfazer.

Teve o descaramento de ligar diversas vezes aqui em casa, pois o bloqueei no celular.

Acordo bem cedo, faço a minha higiene pessoal, me arrumo e saio para buscar meu pai no aeroporto.

Saio de carro e sigo para a pista particular da família.

Ao chegar, deixo o carro no estacionamento e vou para a pista, o jatinho está pousando. Logo tenho a visão do meu pai descendo e está ainda mais lindo do que me lembrava.

Vou em sua direção, em passos largos.

— Pai!

— Minha abelhinha!

Nos abraçamos emocionados, algumas lágrimas rolam por meu rosto, pois estava com muitas saudades.

— Como está minha abelhinha?

— Melhor agora que o senhor está aqui, senti tanto a sua falta, pai!

— Também senti muita falta de vocês, mas precisava desse tempo para organizar a minha vida! E... e a sua mãe? Como ela está?

— Está bem! Está namorando um rapaz mais novo do que ela!

Meu pai fez tudo para salvar o casamento deles e, quando ela pediu o divórcio, foi algo bem difícil para ele, por acreditar que o casamento é eterno.

— Não fica assim pai! — digo, ao notar seu semblante decepcionado.

— Estou bem filha! Se ela quis seguir a vida dela, o que me resta é seguir a minha também!

— Tem todo o nosso apoio, papai!

O abraço de lado e seguimos para o meu carro.

Por ser um homem milionário, sempre está acompanhado por seguranças. Os homens pegam seus carros no estacionamento privado do aeroporto e seguimos para a mansão. Nós temos seguranças também, porém, fazem o seu trabalho a distância.

Durante o caminho, conversamos sobre a sua viagem, não tive coragem de lhe contar que fui traída, é humilhante.

Ao chegarmos em nossa propriedade, Dionnes saia pela porta principal com sua mochila em um dos braços.

Ao ver nosso pai ao meu lado, abre um largo sorriso, deixa a sua mochila no chão e corre em nossa direção.

Meu pai desce e ela pula em seus braços.

— Papai! Que saudades eu estava…

Ela não controla e chora emocionada. Sempre fomos muito ligadas ao papai e ficar tanto tempo longe, nos desestabilizou.

Entramos em casa, cada uma segurando em um braço.

Mamãe descia as escadas e, ao vê-lo, pareceu ficar mexida. Contudo, voltou rapidamente a sua postura, minha mãe sempre foi uma pessoa imperceptível.

Meu pai não disfarça, seu olhar vai de cima a baixo na mamãe e ela fica sem jeito.

— Como vai, Nick?

— Muito bem e você?

— Bem!

— Espero que não se incomode de eu ficar aqui! Quero estar perto das minhas filhas!

— Claro que não! Essa casa também é sua!

Meu pai sobe para o seu quarto e nós três ficamos ali na sala conversando.

Dionnes se despede e vai para o ginásio treinar, mas disse que vem mais cedo para sairmos com nosso pai.

Meu celular toca e é Gislene.

— Oi, amiga!

— Oi, Ana! Tudo bem com você?

— Estou sim e você?

— Estou bem! Desculpe te ligar tão cedo, mas é que encontrei alguns documentos irregulares na universidade, boletins fraudados e alguns professores estão planejando entrar de greve por fazer dois meses que não recebem!

— Como assim, Gi?

— Eu também não fazia ideia de que o pagamento dos professores estava em atraso!

— Meu pai não deve estar sabendo disso!

— Provavelmente não! Se continuar assim, a Universidade terá que fechar as portas!

— Vou falar com meu pai e te retorno!

— Tá bom!

— Muito obrigada, amiga!

Me despeço e encerro a chamada.

— Algum problema? — pergunta mamãe.

Antes que respondesse, ela se despede ao ver meu pai descendo as escadas e vai para a sua empresa.

Eu e meu pai tomamos café, juntos, na área externa da piscina. Tento ser o mais natural possível, para não perceber que estou sofrendo, mas meu pai me conhece muito bem e questiona se estou bem.

— Minha nossa pai, havia me esquecido! Gislene, a minha amiga que está trabalhando de secretária na sua faculdade, disse que encontrou algumas irregularidades! — digo, mudando o foco do assunto.

Não quero envolver meus pais no meio disso, então prefiro não comentar, mesmo sabendo que em algum momento vão saber.

Meu pai fica muito irritado, pede para que Gislene, envie todas as provas que reuniu para ele.

Mando mensagem para ela a convidando para almoçar conosco e peço para que traga as provas, ela aceita de imediato.

Após o café, meu pai recebe uma ligação importante do trabalho e como sempre, vai para um lugar afastado para conversar.

Vou para a beira da piscina, sento-me com os pés na água e fecho os olhos, respirando fundo e sentindo a leve brisa tocando meu rosto.

Preciso decidir o que farei da minha vida, não posso continuar esperando me chamarem para jogar.

— Agora vai me dizer, o que está acontecendo? — pergunta papai, sentando-se ao meu lado, me dando um susto. — Quando ia me contar que você e Renato terminaram?

— Como sabe disso?

— Ele me ligou, implorando para não retirar o seu patrocínio, que vocês vão se acertar e tal!

— Isso nunca vai acontecer! — respondo inconformada.

— Por que? O que aconteceu?

— Pai, eu não queria falar sobre isso, é vergonhoso!

— Conversar faz bem!

— Eu peguei Renato transando com uma mulher no vestiário! Prefiro não entrar em detalhes, só tem que saber que o que eu ouvi, me fez muito mal, fez-me sentir nojo de mim mesmo e me sentir menos mulher!

— Desgraçado, maldito! — diz entre os dentes, irritado, cerrando os punhos. — Claro que vou tirar o meu patrocínio dele e não quero ele perto de você nunca mais!

Sorrio fraco.

— Não fica assim, minha abelhinha! Ele não era homem para você, é um estúpido e não tem que se menosprezar se um homem não sabe o que é caráter e respeito!

— Vou ficar bem, só preciso de tempo!

— Se quiser, acabo com a carreira dele em dois tempos!

— Não, deixe que ele mesmo caia! Só retire o seu patrocínio, o resto ele mesmo vai se encarregar de destruir!

— Vamos dar um mergulho, como nos velhos tempos!

— Quem chegar por último é mulher do padre! — digo pulando na água, de roupa e tudo.

Meu pai pula logo atrás de mim.

Sempre competíamos na água e ele sempre vencia, mesmo eu trapaceando de sair na frente e dessa vez não foi diferente. Nos divertimos por alguns minutos na piscina, depois subi para tomar um banho e esperar Gislene para o almoço.

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