Dias após o primeiro encontro na padaria, Maria não
conseguia tirar Lemuel da cabeça. Aquele jeito quieto e misterioso, o contraste
com tudo o que ela conhecia, mexia com seus pensamentos. Ela se perguntava se
ele voltaria, mas ele não apareceu mais. Até que, num sábado à tarde, enquanto
passeava pela praça central da cidade, seus olhos se cruzaram novamente.
Maria estava na livraria, um dos poucos lugares que oferecia
algum tipo de refúgio intelectual naquele cantinho esquecido do mundo. Era um
lugar pequeno e modesto, mas com estantes repletas de livros empoeirados e
cadeiras confortáveis para leitura. Ela adorava passar as tardes ali, folheando
livros que raramente comprava.
Quando ela entrou na loja, logo percebeu a figura familiar
entre as prateleiras. Lá estava Lemuel, com o mesmo ar distraído, segurando um
livro grosso nas mãos, tão absorto na leitura que não notou a presença de
Maria. Ela se aproximou lentamente, tentando disfarçar o nervosismo que surgia
em seu peito.
“Você não vai conseguir ler esse de pé, vai quebrar as
costas,” Maria disse, apontando para o livro enorme nas mãos dele, com um
sorriso malicioso.
Lemuel se virou de repente, claramente surpreso. Ele ajustou
os óculos e olhou para Maria, envergonhado. “É... você tem razão. Talvez eu
devesse sentar.”
Maria riu de leve, e eles se sentaram lado a lado em uma das
cadeiras da livraria. O embaraço inicial logo se transformou em uma conversa
cheia de humor, repleta de pequenas piadas e momentos de desconforto
engraçados. Lemuel, embora tímido, tinha uma inteligência afiada e um humor
sutil que fazia Maria rir sem esforço. Ela se sentiu confortável ao lado dele,
algo raro para alguém que sempre construía muros ao redor de si.
Enquanto conversavam sobre livros, filmes e até as
peculiaridades da pequena cidade, Maria percebeu algo diferente em Lemuel. Ele
não tentava impressioná-la, nem usava artifícios para parecer interessante. Ele
simplesmente era. Sem pretensões, sem segundas intenções. E isso a fazia
relaxar.
No meio da conversa, porém, algo inesperado aconteceu. O
celular de Maria vibrou em seu bolso, trazendo-a de volta à realidade. Era uma
mensagem de JK. Ela suspirou ao ler: “Encontro marcado. Traz o que pedi. Sem
perguntas.”
JK estava sempre metido em algum tipo de encrenca, e
ultimamente suas atividades estavam ficando cada vez mais sombrias. Maria, por
mais que tivesse uma amizade antiga com ele, sabia que estava se envolvendo em
algo perigoso, mas se sentia presa por uma lealdade que não conseguia explicar.
Ela guardou o celular rapidamente, tentando esconder a tensão que a mensagem
trouxe, mas Lemuel notou a mudança de expressão.
“Tudo bem?” ele perguntou, genuinamente preocupado.
Maria sorriu, tentando disfarçar. “Sim, só um amigo me
chamando para... resolver umas coisas.” Ela mudou de assunto rapidamente,
tentando afastar JK de seus pensamentos, pelo menos por um tempo. Mas, mesmo
enquanto ela falava com Lemuel, sabia que logo teria que lidar com o lado
sombrio da vida de JK.
Lemuel, por outro lado, parecia alheio ao mundo de Maria
fora daquele encontro. Ele falava sobre como era difícil se adaptar a uma
cidade pequena como aquela, vindo de um lugar maior. Não conhecia muitas
pessoas e passava grande parte do tempo estudando, algo que Maria considerou
intrigante e, de certa forma, reconfortante. Ele era diferente de todos os
outros rapazes que ela conhecia.
Quando finalmente se despediram, Lemuel sorriu de um jeito
tímido e genuíno, deixando Maria com uma sensação de leveza. Enquanto ele se
afastava, ela percebeu que gostava daquele jeito desajeitado dele, daquela
calma que ele trazia.
Mas a realidade voltou a bater em sua porta logo em seguida.
Assim que saiu da livraria, ela encontrou JK encostado em uma moto, o olhar escuro
e um sorriso de canto de boca. Ele parecia perigoso, como sempre.
“Está atrasada”, disse JK, olhando para ela com uma mistura
de diversão e impaciência. “Vamos logo, temos um trabalho para fazer.”
Maria hesitou. Por um momento, quis dizer a ele que não
iria, que estava cansada de se meter em encrenca por causa dele. Mas as
palavras ficaram presas em sua garganta. A lealdade que ela sentia por JK a
segurava de um jeito que ela mesma não entendia.
Enquanto seguia JK pelas ruas da cidade, a mente de Maria
vagava de volta para Lemuel. Seria ele capaz de entender essa parte de sua
vida? E o que ele pensaria se descobrisse no que ela estava envolvida?
**Pergunta:** Lemuel vai descobrir a verdadeira natureza de
JK?
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Cintia Cristina Adriano
top
2024-07-09
1
Sandra De Jesus
Amando já.
minha autora fodastica você realmente tem o Dom ☀️
2024-07-08
1
Maria de Fátima Soares da Silva
Essas paradas que vc e seu amigo faz é roubo sim mesmo que vc roube dos ricos
2024-07-07
1