Capítulo 10

Sofia

Os dias passaram rápido até, e eu não telefonei para o Vinícius em nenhum momento. 

A verdade é que estou em dúvida se tenho ou não esse bebê. Por mais que eu tenha dito que teria, não me vejo gerando um bebê, engordar dez quilos ou mais, definitivamente esse bebê não é pra mim. Não era nem pra eu estar grávida, é por isso que eu me previno, com a bendita camisinha, pois Júlio nunca quis ter filhos. 

E eu não quero nenhuma aproximação com o Júlio.

— Mãe, estou indo ao dentista, tá? — Aviso, dando um beijo em sua testa. 

— Tá bom, meu amor. — Ela me dá um beijo na testa.

— Se acontecer algo me ligue. — Pego a minha bolsa. 

Ouço uma batida de palma, e saio para ver quem é, e para a minha surpresa é o Vinícius, não morre mais. 

Está com roupa social, e ele tenta ver por entre as grades do portão. 

Vou até o portão e abro para ele. 

— Vinícius, o que faz aqui? — Pergunto surpresa.

— Bem, eu esperei que me ligasse, e você não fez, achei que algo pudesse ter acontecido, fiquei preocupado. — Disse me analisando. 

— Pois é, andei enrolada. Mas é que…. Bom… — Titubeei para falar. — A verdade é que eu não sei se quero ter esse bebê. Eu não me vejo engordando mais ainda para ter um bebê… — Acabo por confessar o real motivo para não se ter um bebê. 

— Que papo torto é esse? — Vinícius me interrompeu. — Você já se olhou no espelho? Você é pele e osso, você realmente precisa engordar, senão você vai acabar morrendo. — Ele está muito bravo, e isso faz a veia do seu pescoço saltar.

— É por eu me olhar no espelho, que eu vejo como sou gorda! Não precisa mentir… — Digo em um tom alto. — E vai embora que eu tenho consulta no dentista. — Eu fecho o portão de grade e ficamos nos encarando. 

— Ok, ok. — Ele respira fundo. — Vamos conversar isso depois, deixa que eu te levo na consulta. — Ele disse um pouco mais calmo, mas não adiantando muito, pois a veia continuava ali. 

— Não precisa. Você deve estar atrasado, está todo arrumado. — Falei indo até a vizinha pedindo para fazer companhia a minha mãe. 

— Eu estava em uma reunião, e vim direto aqui, saber de você. Não estou ocupado. — Vinícius diz abrindo a porta do carro. 

— Então vai pra casa, ou sei lá, homem..

— Qual o problema da minha companhia? 

— Você faz perguntas demais. — Falo e ele me olha incrédulo. 

— Desculpa, se eu estou preocupado com você e estou querendo te ajudar. — Disse bravo. Ele perde a paciência rápido. — Larga mão de ser teimosa, entra no carro, que eu te levo lá. — Acabo entrando em seu carro. 

— Você é muito bravo. — Falei passando o cinto. 

— Não sou bravo, você que é teimosa. 

— Não sou teimosa…

— Imagina se fosse. — ele disse e ficou em silêncio. 

Quando estávamos um pouco distanciados da minha casa, ele olhou para mim.

— Onde fica a clínica? 

— É no postinho, tem dentista de graça lá, é só virar a esquina. — Eu disse e ele fez. 

Ele parou em frente ao posto e eu saí. 

— Obrigada pela carona… 

— De nada. — Ele estacionou o veículo e eu o olhei intrigada. 

— O que está fazendo? 

— Eu vou com você… — Disse saindo do carro.

— Não precisa. 

— Eu sei, mas eu quero… — Ele guardou suas chaves e saiu na minha frente. 

— Nossa, que grosso… — Eu falei. 

— Grosso, comprido e torto pra esquerda. — Levei um tempo para entender. 

— Que ridículo Vinícius. — Falei e então virou pra mim e me encarou.

— O que? Você gosta que tratamos você com grosseria né? — Ele falou cara a cara comigo. — Então farei isso.  — Se quiser posso te dar uns socos também. Já que eu tratando você bem, você só me dá patada. — Ele entrou no posto, me fazendo engolir em seco.

Fui até a recepção e dei o meu nome e me sentei para esperar. 

Levou uma hora para me chamar e a consulta foi rápida, eu precisaria colocar duas próteses fixas, iria esperar na fila. 

Mas lá estava o Vinícius se dispondo a pagar, e eu neguei, mas ele conseguiu vencer pelo cansaço. 

E pegamos uma recomendação para o doutor de um dentista bom para colocar. 

Vinícius me deixou na porta de casa, depois de marcarmos consulta com o novo dentista. 

— Eu iria pedir pra ligar pra mim, mas dado as circunstâncias, sei que não fará isso, então amanhã eu passo aqui. Manda um oi para sua mãe. — Vinícius falou, concordei e desci. 

Entrei em casa, encontrando a minha mãe e a vizinha assistindo novela, cumprimentei as duas e fui até o quarto. 

Meu estômago está doendo de fome, fui até a cozinha e bebi um pouco de água, o que meu estômago não aceitou e fez eu correr para o banheiro e vomitar, decido dormir para passar a dor. 

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