Depois de um tempo, vejo a enfermeira saindo e então deduzo que Sofia já terminou o banho, bato na porta e entro no quarto, o seu cabelo preto longo está úmido, um cheiro incrível emana dele. Porém a sua magreza ainda me entristece.
— Sofia, posso conversar com você? — Pergunto ficando próxima a ela.
— Claro… — Diz, mas ela sente uma tontura na hora, eu seguro seu corpo, antes que caia.
— Sofia… — Chamo e ela me olha com seus olhos intensos, olhos cor de chocolate.
— Eu… Sempre tenho essas tonturas. — Explica, eu a ajudo a sentar na cama.
— É sobre isso que quero conversar com você… — Sento na poltrona, em sua frente — Olha, não entenda mal, mas porquê você não se alimenta direito? Está passando por alguma dificuldade, precisa de ajuda? — Perguntei sem rodeios, indo direto ao ponto, como sempre fui.
— Eu como bem, não sei do que está falando.. — Mentira! Essa menina mente muito. Ela olha para todos os lados, menos para mim.
— O meu irmão disse que isso pode ser prejudicial para o bebê…
— Eu nem vou ficar com o bebê, Vinícius… — Amoleceu os ombros.
— Porquê você não quer ter esse bebê? — Outra pergunta que não encaixa na minha cabeça.
— Porque eu não tenho como criar esse bebê Vinícius, eu não sei como aconteceu, eu juro que me cuido. Eu não quero fazer como essas mães que colocam crianças no mundo para sofrer e passar fome, certamente não farei isso. — Ela diz, mas ainda não compreendo.
— É por isso que também não se alimenta? Você está passando por dificuldade? Tá com problemas financeiros? — Eu só queria compreender e ajudar. Recebi muita ajuda ao longo dessa vida, eu e os meus pais.
— Não, mas uma criança dá gasto, não sei se você tem filho, contudo não precisa nem ser pai para saber disso.
— Eu sei que as crianças têm gastos, eu tenho 3 filhos. Trigêmeos, então pensa, comida em triplo, roupa em triplo, calçados em triplo. — Falo sincero. — Mas não tira essa criança, criança sempre são benção de Deus, olha se não pode ficar com ela, coloca para adoção, muitas famílias com amor para dar gostaria dessa oportunidade.
— Eu… não sei… vou pensar…
De repente tenho um estalo na cabeça.
— Posso pedir por favor para ter esse bebê? Quando ele nascer, eu posso cuidar, dar carinho e amor a ela. Tudo que precisará fazer é se cuidar para que essa criança nasça saudável. Eu vou arcar com toda a gestação, com tudo que precisar, só não tire esse bebê.
Falo em súplica, acredito na vida e como cada um tem o seu propósito na Terra.
— É importante para você mesmo, né? — Sofia pergunta me observando.
— Você não tem ideia. Eu acredito que todos temos algum propósito na Terra.
— Se isso te fará ficar mais tranquilo, eu tenho esse bebê.
— Obrigado. Vou garantir que nada falte a você e nem a esse bebê, pode ficar tranquilo. — Falo e ela me dá um sorriso tímido.
A copeira chega com a comida, até o meu estômago protesta quando sente o cheiro bom que vem do prato.
— Nossa! Isso deve estar muito bom. — Falo ao ver o peito de frango no prato, ao lado de uma porção de legumes. É eu tô com fome.
Porém ela não esboça nenhuma emoção, eu ainda espero alguns minutos para ver se ela irá comer, mas ela não toca na comida.
— Não vai comer? — Desde que eu estou aqui, não a vi comer nada.
— Não estou com fome..
— Sofia, você precisa comer pelo bebê.
— Já disse que não estou com fome. — Sofia tem um ataque de raiva e joga o prato de comida no chão. Eu olho espantado pela cena que acabei de presenciar.
— Precisava ter feito isso? — Pergunto, indo recolher a bagunça.
— Quero ficar sozinha… — Lá está ela fugindo novamente. O que essa menina esconde? O que acontece com ela?
— Sofia, fugir não é a solução me deixa te ajudar... — Coloquei a mão nos seus ombros e fiz a olhar para mim. — Sofia...
— Vinícius, quero ficar sozinha. — Decreta emburrada, com a cabeça virada.
Eu penso em argumentar, contudo resolvo dar esse espaço a ela.
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Atualizado até capítulo 101
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