Capítulo 4

Sofia

Ouço outra voz, ele está me perguntando algo, o que é? Eu não sei, tomo um ar para pedi-lo para repetir, outros barulhos, não consigo identificar o que é.

Ouço aquela voz novamente, é um anjo realmente, ele está levando o meu corpo onde enfim descansarei.

Uma luz forte, é o céu? Um bip, não, não é o céu,

Bip, bip incessantemente, estou em um hospital?

É um hospital, com certeza, então ainda estou viva.

— Olá… — É aquela voz, então não é um anjo. — Sou Cláudio, o médico que te atendeu. Lembra o seu nome?

— Sofia? — Respondo em dúvida.

— Quantos anos você tem Sofia?

— Vinte? — Respondo novamente.

— Bom, não sofreu nenhum dano neurológico. — O médico diz e coloca uma luz em meus olhos. — Uma pessoa gostaria de vê-lo.

Minha cabeça na hora se associa ao Júlio, e devo ter apresentado medo no olhar, pois ele me dá um olhar complacente.

— Não se preocupe, não é o seu namorado.

Um homem entra no quarto e eu estou vendo tudo em dobro.

— Acho que tem algo errado com os meus olhos. — Falo esfregando os meus olhos e forçando a minha vista de novo.

— Como assim, o que está acontecendo? — O médico pergunta preocupado, vindo me examinar.

— Estou vendo em dobro, estou vendo dois de você. — Falo e então ele ri.

— Não, somos gêmeos idênticos. — Ele explica, só agora então noto a roupa diferenciada.

Eu respiro aliviada.

— Sofia, eu preciso falar com você um assunto sério, prefere que ele se retire? — Aponta para o homem que está calado

— Não, eu fico bem com ele aqui. — Falo olhando na direção do outro homem.

— Certo, primeiro quero dizer que você tem vários hematomas pelo corpo, muitas escoriações, mas quero que saiba que nada disso afetou o seu bebê.

Eu levo um choque, como assim bebê?

— Não doutor, houve um engano, não tem bebê,eu não estou grávida.

— Está sim, de dez semanas, não sabia? — Ele me mostra um ultrassom.

— Esse aqui é o meu bebê? — Pergunto olhando o ultrassom.

— Sim, essa manchinha é o seu bebê. — Ele aponta para o papel.

— Não, eu não quero esse bebê, tem como tirar ele? — Pergunto assustada.

— O quê? — O homem que estava até então quieto, se manifesta.

— Eu não posso ter esse bebê. — Falo com imensa tristeza, não tenho um trabalho, não tenho estabilidade financeira, o que eu poderia oferecer a esse bebê?

— Não, você está delirando. Ela está com algum problema Cláudio, verifica de novo o neurológico dela, não é possível que ela esteja falando sério. — O rapaz está muito nervoso, ele levanta a sobrancelha e me olha. — Já sei, você precisa descansar, amanhã é outro dia. Tudo foi um choque, não leve em conta o que ela disse, Cláudio.

Uma onda dr dor de cabeça me atinge, fecho os olhos e realmente sigo o seu conselho para descansar.

...----------------...

Ao abrir os olhos novamente, o rapaz ainda está aqui, ele tá dormindo, tem o rosto tranquilo, sua barba bem aparada, seu maxilar quadrado, é um homem bonito.

Ele abre os olhos, e me dá um sorriso, que sorriso lindo.

— Como você está?

— Parece que levei uma surra… — Brinco mas ele não ri.

— Não tem graça.

— Estou bem, que horas são? — Ele olha em seu relógio de pulso.

— Seis da manhã…

— Obrigada, eu dormi demais…

— Não, dormiu o tanto que seu corpo precisava. — Disse ele.

— Você não foi para casa? — Perguntei ao notar ele deitado na poltrona.

— Não, fiquei preocupado com você.

— Pois, não precisava, sua mulher vai acabar brigando com você.

— Não tenho mulher, nem namorada, nem ficante e nem amizade colorida, sou apenas eu e os meus negócios.

— Ah… Eu tinha um namorado, mas ele preferiu me trocar por alguém mais magra que eu…

— Mais magra ainda? É o que? Um esqueleto? — Ele diz surpreso e acabo rindo.

— Gostei de você… E até agora não sei o seu nome… — Falei

— Eu me apresentei para você ontem, mas acho que não se lembra. Sou o Vinícius.

— Vinícius, obrigada por tudo, você e o Doutor, que também esqueci o nome.

— Me chamo Cláudio.. — Ele aparece na porta. — Estou indo embora, passei aqui para dizer que outro médico ficará responsável por você e também o policial virá conversar com você.

— Não queria envolver a polícia….

— Mas é preciso, é o protocolo do hospital quando uma pessoa é agredida, somos obrigados a relatar, agora cabe a você denunciar ou não. — Doutor Cláudio diz e chama o irmão para conversar.

E eu fecho os olhos, a minha aparência já não era das mais bonitas, agora todo roxa e machucada, aí que piorou a situação, devo estar parecendo o frankstein.

Vinícius volta e me observa por algum tempo, como se quisesse falar algo.

— Sofia, você precisa de alguma coisa? Tem alguém que eu possa ligar?

— Na verdade, tem a minha mãe, mas não quero perturbar ela com isso, ela está muito doente, não quero trazer mais problema para ela. — Digo.

— Sofia, você precisa contar, como explicará isso?

— Sofri um acidente de carro…

— Ah não Sofia, você não vai passar pano para aquele vagabundo né? — Vinícius pergunta alterado.

— Não é passar pano, mas eu não quero ter que preocupar a minha mãe, o rim dela está falhando, ela faz hemodiálise todos os dias, se eu contar o que o Júlio fez, ela ficará mais nervosa.

— Então esse é o nome do filho da püta? Bom saber. Está precisando de algo? O meu irmão disse que você só sairá amanhã, ou seja, ficará hoje aqui ainda.

— Eu queria tomar um banho…

— Certo, eu compro algo para você.

— Não, não precisa, não quero incomodar.

— Não é incomodo algum, ajudar ao próximo, é um dos ensinamentos do meu pai, sempre trate bem o seu próximo para o universo te mandar boas pessoas, gentileza gera gentileza.

— Seu pai é muito inteligente.

— Eles são inteligentes, eles se acham burros por não terem estudos, mas a inteligência adquirida pela vida é para poucos.

— Com certeza…

— Bom, eu vou lá e já volto.

Ele sai pela porta, a enfermeira entra verifica o meu soro e os meus sinais vitais

À tarde a comida chega e o meu estômago protesta de fome, penso em comer só uma bolachinha do café da manhã.

Não! Eu não posso comer, se eu quiser emagrecer preciso fechar a boca.

Que se dane, eu tô morrendo de fome.

Eu começo a comer tudo que está na bandeja, mas no meio a culpa começa a bater.

Eu não deveria estar comendo, eu não deveria comer.

Eu me levanto da cama e empurro o suporte do soro, vou até o banheiro e coloco para fora tudo que comi, meu estômago reclama, mas é preciso fazer isso.

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Comments

🦊Guminho🦊

🦊Guminho🦊

já está anorexa

2024-09-26

0

Nilza Maria

Nilza Maria

Vamos ,entrar juntas Mariane nesta história

2024-06-29

0

Mariane Nana 🌺

Mariane Nana 🌺

gente acho q ela esqueceu q num é só ela mais ali e sim q tem uma vida dentro dela

2024-06-29

1

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