Capítulo 18

...EMMA...

O tempo parecia ter parado enquanto eu apenas sucumbia ao silêncio. Eu segurava o telefone em meu ouvido enquanto minha frequência cardíaca aumentava numa velocidade sora do comum. Eu simplesmente estava paralisada, e o medo, ao qual eu estava tão familiarizada, percorreu meu corpo.

- Paola estava errada quando me disse que ele não havia te tocado. – Sua respiração foi ficando mais instável. – Aquele desgraçado te comeu, né, Emma?

Fechei meus olhos, rezando para ser tirada desse momento, rezando e pedindo para que isso não fosse real.

- Conta pra mim, Emma. Você pensava em mim enquanto ele te tocava? Você queria que fosse eu quem ficasse com você? – Conforme escutava suas palavras, a bile subia.

- Você está bem, Emma? – A voz de Jane me tirou da paralisia em que estava. Desliguei apressadamente o telefone e me mexi na cadeira. – Eita, você não parece estar bem, está pálida. – Suas sobrancelhas se juntaram enquanto ela se aproximava de mim.

Eu não conseguia encontrar minha voz. Minha boca ficava mais seca a cada segundo.

- Eu... eu não me sinto muito bem, Jane. Será que podemos ir embora pra casa? – Eu resmunguei, sentindo as lágrimas ardendo atrás dos meus olhos.

- Claro, Emma. Quer que eu te leve ao médico?

- Não precisa, só quero ir pra casa e me deitar.

...****...

Jane me ajudou a subir na cama depois que eu coloquei meu pijama. As lágrimas ainda lutavam para escapar de mim.

- Estou preocupada, Emma. – Jane admitiu, colocando a mão na minha testa enquanto eu estremecia embaixo dela.

Eu Jane colocar o telefone no ouvido e então ela ficou andando pelo corredor. Não conseguia identificar o que ela estava falando, mas sabia que ela estava ligando pra Roman. Fechei meus olhos e tentei acalmar minha respiração.

Senti a cama tremer ao meu lado, causada por meu corpo tremulo. Eu já havia me sentido assim muitas vezes antes e o fato de pensar que nunca mais sentiria isso, me deixou frustrada. Eu me permiti acreditar que algum dia iria ser verdadeiramente feliz.

Gabriel jamais iria me deixar em paz. Ele nunca iria me permitir esquece-lo. Ele nunca ia me deixar seguir em frente. Nenhum deles iria. Paola tinha falado claramente com ele sobre mim e, só de pensar isso, me sinto pior.

Senti o toque reconfortante de Jane em meu braço enquanto ela se deitava ao meu lado, me tirando dos meus devaneios.

- Emma? – Ela perguntou baixinho, esperando que eu respondesse. Eu permaneci em silêncio e encontrei seus olhos oceânicos por um breve período. – Com quem você estava falando no telefone antes de eu voltar pra mesa?

Seu tom era suave, mas cheio de preocupação. Mudei minha cabeça pra trás e encarei o teto, lutando contra o desejo de não explodir em lágrimas. Meu lábio tremeu e deixei escapar um suspiro tremulo.

Eu não conseguia responder. Na verdade, eu jamais poderia responder.

...****...

...ROMAN...

- Então, para encerrarmos, quero que Shane e sua equipe assumam esse novo projeto. Seu trabalho árduo não passou despercebido e é apreciado pela Carrero Enterprises. Estou ansioso pra ouvir suas ideias e tamb...

- Senhor, - minha assistente me interrompeu. Normalmente, eu ficaria com raiva, mas ele teve a sorte de a reunião estar próxima do fim. Eu franzi minha sobrancelha enquanto ela corria ao meu encontro. – Senhor, sua prima, Jane, está pedindo pra falar urgentemente com você. Parece que é sobre sua esposa.

Eu balancei a cabeça, pedi desculpas aos presentes e encerrei a reunião. Em seguida, caminhei rapidamente para o meu escritório e peguei o telefone.

- Jane?

- Roman, Emma e eu fomos almoçar e ela não está se sentindo muito bem. Ela está...

- Onde vocês estão?

- Voltamos pra casa. Ela está na cama.

- Faça companhia pra ela até eu chegar. Estou saindo da empresa. – Eu disse, já na metade do caminho para fora da porta.

...****...

Estacionei em frente à porta da entrada e corri para o quarto. Jane me parou no caminho até as escadas.

- Jane, saia da frente, eu preciso ver como Emma está.

- Calma, primo, eu preciso falar com você antes.

- Eu não quero falar, eu preciso ver como está minha esposa, porra! O que diabos aconteceu? – Eu podia sentir meu corpo ficar tenso a cada passo.

- Tudo estava bem. Fui ao banheiro e, quando voltei, Emma parecia estar ao telefone com alguém. Roman, eu juro que a garota parecia ter visto um fantasma ou algo assim. – Jane parecia imersa em pensamentos. – Ela disse que não se sentia bem, mas eu não sei, algo parecia errado. Perguntei com quem ela estava falando, mas ela não me disse. Ela acabou adormecendo. A menina estava, literalmente, tremendo.

- Por que diabos você não chamou um médico?

- Acalme-se, Roman! Eu já chamei. Ele está a caminho, - Jane respondeu em um tom de quem me adverte e me acalma ao mesmo tempo. Passei por ela e fui em direção ao meu quarto.

Emma estava dormindo de lado, suas mãos estavam frias e eu sabia que algo estava errado. Este não era apenas um problema estomacal. Alguém ligou pra ela. Eu precisava saber o que estava acontecendo e quem diabos ligou pra ela.

Andei ao redor do quarto pelo que pareceram horas. Minha vontade era quebrar alguma coisa para conter a raiva que estava crescendo em meu peito. Eventualmente eu me enrolei em torno de Emma e coloquei meu braço em volta dela.

Queria que ela descansasse, mas estava ficando impaciente, esperando que ela acordasse. Eu precisava de respostas. Urgente. Eu vi seu telefone na mesa de cabeceira e estendi a mão para pegá-lo antes de passar por sua lista de chamadas.

Chamadas recebidas:

13:33 – Número não identificado.

Quem diabos ligou pra ela?

...****...

...EMMA...

Trevas. Estava envolta em trevas. Meu vestido voou pela nevoa escura que agora me cercava. Eu a vi. Ela estava toda vestida de preto e sorria pra mim.

- Henriqueta, - gritei. Ela tinha de me ouvir. Eu tinha de avisá-la sobre a sombra escura espreitando atrás dela. – Henriqueta! – minha garganta queimava enquanto eu gritava noite adentro.

Ela olhou pra mim, com seu sorriso desaparecendo quando ela apontou para a figura atrás dela. Ela olhou pra mim e tentou dizer algo. Eu ouvi tão claramente quanto o dia e senti arrepios arranhar minha pele fria.

“Ele me matou”.

...****

...

- Emma, querida, acorda! – Meus olhos se abriram enquanto eu suplicava por ar. Eu senti como se o oxigênio tivesse sido arrancado de mim. – Obrigado, Deus. – Roman rugiu.

Meus olhos encontraram preocupação nos dele. Consegui acalmar minha respiração antes de notar outro homem na sala. Ele era um homem mais velho.

- Olá, Senhora Carrero, sou o Doutor Philip. Se tiver tudo bem pra você, gostaria de fazer um exame rápido.

Olhei pra Roman antes de balançar a cabeça positivamente. O cheiro de Roman estava pairando ao meu redor e eu sabia que ele devia estar deitado na cama comigo. O Doutor Philip completou meu check-up e disse que não tinha preocupações.

Eu vi Roman puxá-lo para o corredor, mas não conseguia entender nada do que estavam falando. Soledad entrou segurando uma grande bandeja com uma tigela de sopa e um pãozinho com manteiga.

- Obrigada, Sol, eu assumo a partir daqui, - Roman disse enquanto pegava a bandeja de Soledad. Sua voz era baixa e calma quando ele se sentou ao meu lado, colocando a bandeja em seu colo.

Roman parecia muito estressado e era tudo culpa minha ele ter sido arrastado do trabalho pra cá.

- Quem é Henriqueta? – Ele perguntou. Eu vacilei ao som de seu nome enquanto Roman me encarava. – Você falou esse nome várias vezes durante o sono. – Ele deu uma pausa. – Emma?

- Ela... ela era uma empregada em casa. Era como uma mãe pra mim. Eu... eu a amava. – Não pude evitar as lágrimas que rolaram silenciosamente pelo meu rosto.

- Onde ela está agora? – Roman perguntou, enxugando minhas lagrimas com a ponta do polegar.

- Eu... eu não sei. Ela se foi. – Eu solucei, caindo nos braços de Roman enquanto as lagrimas se tornavam insuportáveis.

Os braços de Roman me envolveram com força. Ele suspirou antes de se afastar para olhar nos meus olhos brilhantes.

- Por favor, Emma, me diga o que está acontecendo, - ele sussurrou, olhando pra minha expressão de dor.

- Eu... não posso.

- Mas que besteira! – Roman rugiu. A bandeja de comida saiu voando pelo quarto e se espatifou contra a parede oposta. Eu estremeci, erguendo minhas mãos para me proteger de uma surra. – O que... o que você está fazendo, Emma?

- Por favor, não me machuque. Eu sinto muito.

- Por que eu... por quê? – Roman gaguejou, franzindo a testa em minha direção. – Você acha que eu iria te machucar? – Ele suspirou dolorosamente e parecia genuinamente magoado.

Ele se ajoelhou ao meu lado e pegou minhas mãos tremulas nas suas.

- Emma, eu nunca te machucaria, NUNCA! Só estou com raiva por não poder te ajudar. Você obviamente está escondendo coisas de mim e não sei o motivo. Você me disse que confiava em mim, mas claramente não confia se não está me dizendo a verdade. Você imagina o quanto isso é frustrante pra mim?

- Eu confio em você, Roman, - eu funguei, fechando meus olhos.

- Então me diga a verdade, Emma, - ele implorou, segurando a palma da mão quente contra o meu rosto. – Quem ligou pra você hoje enquanto estava no restaurante?

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Comments

Irany Lobato

Irany Lobato

Conta logo tudo pra ele

2024-08-20

2

Val carminati

Val carminati

burra

2024-07-29

1

Solange Araujo

Solange Araujo

Fala garota tudo não deixa passar nd ok 👍

2024-06-28

8

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