EMMA
Assim que desci do carro, olhei para enormidade da estrutura diante dos meus olhos. Eu estava olhando para uma versão moderna de um castelo. Dezenas de carros encontravam-se estacionados em fila na enorme estrada. Haviam carros esportivos e SUV’s.
- Vamos entrar, Sra. Carrero? – Uma das empregadas me perguntou de forma bastante educada, enquanto me conduzia pelas portas brancas e douradas.
Assim que passei pela porta principal, meus olhos encontraram o piso de mármore que seguia em direção a uma beça escada imperial que ficava orgulhosamente no meio do salão. Dois lances de escada quase pareciam se cruzar.
Uma senhora mais velha veio ao meu encontro e seu rosto se iluminou em um enorme sorriso, expondo linhas de expressão em sua testa. Seu cabelo grisalho estava preso num coque alto. Ela me lembrava uma avó.
- Sra. Carrero, eu sou Soledad, governanta desta casa. A senhora deve estar com sede. Gostaria de uma bebia e algo para comer, querida?
Meu coração doeu com a forma como ela soou igual Henriqueta, mas sua voz me fez sentir à vontade.
- Isso seria adorável, Dona Soledad, e, por favor, me chame apenas de Emma. – Eu respondi, tentando igualar seu sorriso, mas saiu mais letárgico.
- Pode ir para o seu quarto, Emma. Tome um banho e relaxe. Eu trarei sua refeição até você.
- Parece ótimo, obrigada! - Quando terminei de agradecer, ela deu sinal para a outra empregada me levar ao meu quarto.
Chegar até o topo da escada me fez perder o fôlego. Eu podia ver como alguém poderia se sentir extremamente poderoso olhando para esta fortaleza. Meus olhos exaustos se arregalaram enquanto elas vagavam pelo corredor bem iluminado e alinhado com pinturas luxuosas e grandes ornamentos até que paramos nas portas duplas de alabastro.
- Aqui está, Sra. Carrero, seu quarto, - disse a jovem empregada. Ela se virou para testemunhas o olhar cheio de temor em meu rosto. O quarto era um apartamento enorme, muito parecido com o saguão, com o piso de mármore e tapetes persas.
O cheiro com o qual eu tinha me familiarizado apenas hoje atingiu meu nariz agradavelmente: terroso, almiscarado, com um toque de doçura. Havia uma lareira acompanhada por um sofá carmesim gigante. Uma das paredes desta sala continha uma porta em arco que conduzia ao que parecia ser uma varanda.
Meus olhos caíram sobre a enorme cama de dossel que ficava no meio da sala, com lençóis de seda escura e belas cortinas de malha em torno de sua beleza. Isso não podia ser real. Esse era o tipo de coisa que você via apenas nos filmes ou lia nos livros.
A jovem empregada, que até então havia me esquecido de que ainda estava ao meu lado, me mostrou o enorme banheiro privativo e apontou para outra porta informando que era um ginásio.
Eu não achei que poderia existir um lugar tão grande, até que a empregada, que me disse se chamar Grace, me levou em direção a um closet. Eu franzi minha sobrancelha para as fileiras intermináveis de roupas, bolsas e sapatos.
- Dona Sheila queria que tudo estivesse perfeito para quando a senhora chegasse. Ela estendeu o guarda-roupas do Senhor Roman para caber suas coisas.
Caminhei pelo closet passando a mão pelos inúmeros vestidos perfeitamente enfileirados. Isso não pode ser real. Depois de tomar banho mais luxuoso de toda a minha vida, coloquei uma das camisolas que haviam no gigante guarda roupa, com um robe combinando.
Saí para a sala e encontrei uma versão reduzida de uma mesa de jantar que tinha sido montada com muitos pratos cobertos em cima. Sem perder tem, me seitei e comi a comida deliciosa até que eu não conseguia me mover. Soledad colocou a cabeça pra dentro antes de enviar mais duas criadas para arrumar a mesa.
Um barulho alto como um trovão ecoou do lado de fora. Levei um momento para perceber que na verdade era o som de um carro saindo de casa em alta velocidade.
Suspirei para mim mesma, sabendo que seria o meu “marido”, ansioso para ir embora. O rosto zangado de Roman passou como um flash pela minha memória. Eu não pude deixar de me sentir culpada por ser forçada a entrar em sua vida.
- Dê um tempo a ele, menina. É um grande ajuste pra ele, assim como será pra você também. – Ela foi até a cama e começou a prepara-la pra que eu possa me deitar. – Eu vou deixar você em paz, Emma. Normalmente saímos a noite, pois o jovem senhor gosta de sua privacidade, mas como ele não está em casa, posso ficar até que ele volte se quiser, tudo bem?
- Não há necessidade, Soledad. Eu só vou dormir agora, de qualquer maneira. Muito obrigada por tudo. – Soledad deu um aceno em minha direção antes de sair silenciosamente do quarto.
Eu me arrastei para a cama enquanto meus olhos ficavam cada vez mais pesados. Os lençóis de seda me acariciavam de uma forma que me fez perceber que eu nunca tinha conhecido o verdadeiro conforto antes deste momento.
O cheiro de Roman era mais forte nos lençóis. Ele era outra pessoa irritada com a minha existência. Deixei de ser um fardo para o meu pai e me tornei o fardo de outra pessoa. O travesseiro começou e encharcar sob meu rosto enquanto lágrimas escapavam dos meus olhos. Deus, será que eu não mereço amor?
Acalmei os meus soluços e caí num sono profundo, assim que fechei os olhos.
...****
...
Na manhã seguinte, enquanto fazia minha higiene pessoal, o som de uma batida calma ressoou pelo quarto.
- Entre!
- Bom dia, Sra. Carrero, - disse Soledad, colocando a cabeça pela fresta da porta.
Me aproximei da janela e fiquei boquiaberta com os hectares de terra cheios de árvores, vida selvagem e flores coloridas florescendo em todos os lugares. Parecia uma paisagem tirada dos contos de fadas. Uma deslumbrante ponte floral de madeira cruzava um riacho fluindo mais longe da vista, em uma floresta.
Soledad percebendo o meu encanto, disse:
- Há também um enorme labirinto do lado de fora da casa principal, que fica a uma curta caminhada ao leste, onde moram o Sr. e a Sra. Carrero. Esta é a sua casa e a de Roman. Você tomará café da manhã na casa principal hoje.
A ultima coisa que eu queria era um café da manhã com meus sogros, bancando as famílias felizes enquanto eu arruinava ainda mais a vida de Roman. Eu não estava em êxtase por esse casamento, mas ninguém se importava com o que eu pensava sobre qualquer coisa.
Olhei para minhas mãos e meus olhos encontraram a joia esmeralda orgulhosamente colocada em meu dedo com uma faixa de ouro entrelaçada e coberta de diamantes menores. A esmeralda era cativante quanto aos olhos de Roman.
Decidi por usar um vestido verão cor de pêssego com uma sandália; minhas mechas chocolate ainda estavam encaracoladas, caindo em volta de mim. Apliquei um pouco de maquiagem na penteadeira e preparei-me para sair do quarto.
Soledad me encontrou no saguão. Ela usava um vestido preto, assim como todas as outras criadas da casa. Ela sorriu com aprovação para o meu vestido.
- Não fique nervosa, Emma, é apenas um café da manhã acompanhado de uma conversa alegre.
- Será que Roman, quer dizer, meu marido estará lá?
- Não, querida.
Saímos pela garagem e passamos pelo enorme labirinto que Soledad havia falado, antes de eu voltar os olhos para a casa principal. Era tão grande quanto a de Roman, mas parecia um pouco mais tradicional.
Sheila e Richard Carrero me cumprimentarem na porta da frente com um abraço caloroso antes de me conduzirem para dentro.
- Vocês têm uma bela casa, Sr. e Sra. Carrero.
- Por favor, nos chame apenas de Richard e Sheila ou de mãe e pai, se preferir. – Richard riu e me lançou um sorriso afetuoso. Estas pessoas mal me conheciam e estavam sendo tão amáveis, eu vou levar muito tempo para me acostumar com isso.
Soledad estava certa: a conversa foi leve e fácil. Falamos de muitas coisas. Richard mencionou algo sobre uma biblioteca, quando mencionei que meu trabalho dos sonhos era ensinar e o quanto gostava de ler livros, ele até me recomendou alguns.
A melhor parte da manhã foi quando Sheila mencionou a minha mãe. Ela me contou que as duas eram bastante próximas e que cresceram juntas. Ela me prometeu que se sentaria comigo um dia e me contaria algumas das suas histórias.
Richard e Sheila eram fáceis de conviver. Era como se eles estivessem me esperando ansiosamente por um longo tempo, como se eu fosse uma peça que faltava para seu quebra-cabeça.
- Emma, querida, eu não esperava ter de pedir isso a você, mas seja um pouco paciente com o nosso filho, por favor. Ele só precisa de um pouco de tempo. – Eu olhei para suas expressões, sem saber realmente o que dizer.
- Por que vocês o forçaram a se casar comigo?
- Eu estava me perguntando quando você perguntaria. - Os lábios de Richard se curvaram num meio sorriso quando ele acenou com a cabeça para a minha pergunta. – Uma tradição que funcionou bem nas ultimas quatro gerações.
- É uma história para um outro dia, talvez? – Sheila suspirou enquanto se levantava da mesa e gesticulava para que eu a seguisse. Richard se levantou e veio até mim.
- Tenho de voltar ao escritório, mas foi um enorme prazer tê-la conosco no café da manhã, Emma. – Ele me deu um sorriso gentil e um abraço caloroso antes de sair da sala com pressa.
Sheila e eu fomos caminhar pelo jardim, admirando as flores e as belas arvores. Senti que a qualquer momento iria acordar desse conto de fadas e estaria deitava na minha velha cama. Era tudo muito bom para ser verdade.
- Richard estava certo, você é um “diamante”, - Sheila expressou, acenando com a cabeça com um brilho em seus olhos. – Venha, vou te levar de volta pra casa, - Ela insistiu.
Um som semelhante a um trovão surgiu por entre as árvores, fazendo com que os pássaros voassem para o céu. Eu vacilei com o som de um motor roncando até parar por perto. Ele voltou.
Roman está aqui.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Solange Araujo
Tem muito mistério nessas famílias 👪, vamos descobrir com certeza .....
2024-06-28
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