...EMMA...
Conforme as semanas foram se passando, fui desenvolvendo minha própria rotina diária: acordar cedo, tomar minha xicara de café, ler um livro na biblioteca e passear pelos jardins.
Roman estava trabalhando bastante na cidade, então não o via muito. Richard Carrero estava se aposentando, então Roman tinha muito mais trabalho. Eu dormia quase todas as noites quando ele chegava.
Quem costumava me visitar com frequência era Jane, o que sempre era uma boa diversão. Ela me apresentou o melhor amigo de Roman, Mark.
Ele era o cara mais engraçado que eu já conheci: ele flertaria abertamente com absolutamente qualquer pessoa. Notei que ele tinha um brilho especial nos olhos sempre que olhava pra Jane, embora ela olhasse pra ele como um palhaço de circo.
Richard e Sheila me convidaram pra tomar café e almoçar com eles algumas vezes. Sempre era um prazer estar em sua companhia. Sheila me mostrou muitas fotos da minha mãe quando ela era jovem e eu não consegui acreditar no quanto eu me parecia com ela.
Finalmente tive uma sensação de pertencimento: eu me apaixonei por como me sentia dentro dessas paredes. Eu me apaixonei pelos jardins deslumbrantes, pela vida selvagem que me cercava e pelas manhãs tranquilas.
Eu ainda sentia falta de Henriqueta mais do que qualquer coisa. Seus pensamentos sempre surgiram em mim quando eu menos esperava. Ansiava por seu abraço caloroso e por ouvir sua voz doce.
Estava jantando com Richard e Sheila numa noite tranquila de verão. Sentamos no jardim depois do jantar e Richard serviu bebidas para todos nós do bar. Eu não era uma grande bebedora. Nunca tomei mais de uma bebida alcoólica por vez.
- Você trabalha tão duro, constrói um império, sustenta uma família, faz um nome pra você e tudo pra que? – Ele suspirou, tomando um gole de sua bebida enquanto se sentava num dos bancos aconchegantes à minha frente.
- Você está bem, Richard? - Ele acenou com a cabeça, olhando pra mim com adoração.
- Ah, sim, Emma, estou bem. Agora que você está aqui conosco, seu que meu filho está em boas mãos. – Ele tomou um gole de sua bebida e suspirou. – Sabe, Emma, eu não tenho muito tempo de sobra. Eu teria adorado conhecer meus netos. Gostaria de jogar bola com eles, quebrar todos os vasos de flores da vovó Sheila, - ele riu e a dor ainda estava clara em seus olhos.
Richard passou a mão pelo cabelo grisalho, tomando outro gole de sua bebida. Eu me levantei, caminhei até ele, limpando as lágrimas que lutavam pra escapar dos meus olhos.
- Richard, - eu sussurrei, segurando-o com um abraço caloroso. Eu o ouvi rir enquanto ele acariciava as minhas costas.
- Isso é vida, minha doce menina. – Ele beijou minha testa antes de Sheila se juntar a nós após atender sua ligação.
- Emma, querida, era Sofia no telefone. Ela está sentindo tanto sua falta. Ela me contou como vocês duas conversam ao telefone pelo menos duas vezes por dia.
Eu segurei a vontade de rolar meus olhos por causa das mentiras estúpidas da minha madrasta. A ultima vez que ela falou comigo foi na manhã do meu casamento. Eu gostaria de ter a coragem de contar aos Carrero a verdade sobre ela, mas não consegui me abrigar a fazê-lo. Eu ainda não conseguia confiar que eles iriam acreditar em mim, em vez de sua amiga de longa data.
Levantei-me e endireitei meu vestido antes de me despedir. O sol tinha se posto completamente, desenhando tons de azul no céu estrelado. Eu segui o caminho de volta pra casa.
Algo quente e grande envolveu minha mão, fazendo-me soltar um suspiro tremulo. Roman me puxou pra ele, colocando o dedo nos lábios para me calar. Ele parecia cansado, mas ainda assim conseguia ficar lindo.
Seu cabelo despenteado estava bagunçado. Os poucos botões no topo de sua camisa cinza foram abertos.
- Você gosta de labirintos, princesinha?
A voz dele estava cheia de malícia enquanto dava alguns passos para trás em direção ao labirinto, me puxando com ele. Tentei esconder meu nervosismo. Só uma pessoa louca exploraria um labirinto no escuro, mas com ele, me sentia segura.
- Agora?
- Sim, agora.
- Mas...
- Mas o que? – Ele sorriu. Eu não pude deixar de sorrir de volta. Ele era tão encantador, não era justo.
- Tudo bem, vamos. – Eu concordei. Ele riu quando eu apertei sua mão com um pouco mais de força.
Roman foi na frente, me mostrando o caminho e olhando pra mim a cada segundo. Eu estava esperando que a escuridão tapasse meu rosto vermelho enquanto caminhávamos mais pra dentro do labirinto de mãos dadas.
- Então, acredito que meu pai tenha falado com você. – A voz de Roman quebrou o silencio.
- Sim, - eu respondi, deixando escapar um suspiro profundo.
- Eu não consigo imaginar minha vida sem ele, - ele murmurou, fazendo meu coração doer com suas palavras. – Então, você gosta daqui?
- Eu... eu amo isso aqui. – Eu admiti, olhando pra frente e sorrindo.
Caminhamos em silencio por mais um tempo. Eu não gostei de como ficou escuro e do silêncio assustador que nos rodeava. Roman parou no lugar enquanto tentava descobrir seus próximos passos, soltando minha mão no processo. Deve ter sido esse o plano dele, me deixar aqui. Um truque bastante cruel.
- Não, Roman, espere! – Eu gritei, puxando sua camisa o mais firmemente que pude. – Por favor, não me deixe aqui, - eu resmunguei, quase rasgando suas roupas. Senti os braços quentes dele me envolverem imediatamente. Seu cheiro me acalmou quando meu corpo bateu com força em seu peito.
- Por que eu iria deixar você aqui? – Ele perguntou severamente, apertando seus braços em volta de mim. – Ei, por que você está tremendo? – Ele franziu a testa com as lágrimas nos meus olhos. – Do que você tem tanto medo, Emma?
Fiquei em silêncio, me sentindo completamente tola depois do que acabara de fazer. Roman soltou um suspiro profundo e, antes que eu percebesse, ele me levantou sem esforço. Um grito baixo deixou meus lábios. Minhas bochechas coraram enquanto ele voltava para casa comigo em seus braços.
...****...
...ROMAN...
Assim que chegamos em casa, deixei Emma sentada no sofá, vesti meu short preto e fui para a academia. Eu tinha de tirar a princesinha da cabeça. Seus inocentes olhos brilharam diante de mim e resisti ao desejo de voltar para ela e exigir respostas pelo seu comportamento de antes.
Em vez disso, fui para o saco de pancadas me distrair. Uma parte de mim sabia. Qualquer um poderia reconhecer os sinais. Ela fez bem em esconder isso, mas eu estava morando com ela tempo suficiente para notar.
Eu ouvia seus gritos durante a noite. Eu via o medo em seus olhos. Ela tem mede de alguma coisa. Ou seria de alguém? Senti minha raiva derramar a cada golpe, o suor começava a cobrir minha pele.
Meus grunhidos ficavam mais altos enquanto o rosto do meu pai brilhava diante de mim. Ele estava morrendo e não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser vê-lo sofrer. Observava-o perder aos poucos o controle de tudo ao seu redor. Fechei meus olhos e dei boas-vindas à fúria que tomou conta do meu corpo inteiro.
Quando o saco caiu do gancho que eu fui perceber o dano que havia causado.
Depois de um banho relaxante, me senti muito mais calmo. Minha cabeça estava inclinada para trás em confusão ao ver a cama intacta. Onde ela estava? Um movimento leve no sofá chamou minha atenção e eu, silenciosamente, me aproximei dele.
Meus olhos pousaram na visão mais adorável: lá estava a princesinha dormindo. Eu ri baixinho enquanto me abaixei para pegá-la e coloca-la na cama, mas então eu tive uma ideia.
Com um sorriso malicioso, eu sorrateiramente me coloquei ao lado dela, sentindo o cheiro das coisas boas: coco e baunilha. Envolvi meu braço em volta da cintura dela e a puxei de volta contra meu peito. Ela se encaixava no meu corpo como uma peça de quebra-cabeça.
Eu não sei que horas eram durante a noite quando meus olhos se abriram e a pequena megera se espreguiçou com um gemido ofegante, com seu traseiro perfeitamente redondo se arrastando contra meu membro durante o sono.
Porra!
...****...
...EMMA...
Tive a melhor noite de sono da minha vida. O sofá era muito mais confortável do que eu esperava. Pelo menos é uma coisa a menos para atrapalhar a vida de Roman. Eu me estiquei enquanto o sol brilhava através das cortinas e meu cotovelo bateu num enorme travesseiro duro.
Eu gritei, sentindo um aperto suave na minha cintura. Eu pulei pra encontrar Roman deitado ao meu lado. Seus olhos se abriram lentamente enquanto ele estendia o braço. O sangue nunca correu para as minhas bochechas tão rápido como neste momento.
- Você se meche muito, - ele disse, gemendo. Sua voz áspera e sonolenta enviou uma onda de calor por todo o meu corpo. Ele se virou e puxou o cobertor sobre si mesmo.
O que diabos estava acontecendo? Meu coração começou a bater forte quando estiquei minha perna sobre ele para pular do sofá, mas ele se achatou, fazendo-me cair em cima dele. Ele estava deitado entre minhas pernas e eu podia sentir sua protuberância dura sob mim. Oh meu Deus.
As mãos grandes de Roman pousaram sobre minhas coxas antes de deslizarem suavemente em direção à minha cintura, puxando-me para perto enquanto seus olhos escuros se fixavam nos meus.
- Da próxima vez, fique na sua própria cama, princesinha.
- Eu... eu... desculpe. – Engasguei, pouco antes dele me soltar.
Corri direto pro banheiro com uma vontade repentina de jogar água fria em meu rosto. Meu coração estava disparado, mas eu estava sentindo algo completamente diferente. Não era medo... era diferente.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Solange Araujo
Que fofinha ela nunca teve amor 💘 de ninguém ,agora princesinha vc vai ter......
2024-06-28
7