Capítulo 05

...EMMA...

O dia do meu casamento finalmente havia chegado. A jovem empregada, cujo nome ela Lilly, entrou no meu quarto com seus lábios curvando-se num sorriso caloroso ao abrir a cortina.

- Tome um banho, Emma, seus estilistas estarão aqui em breve, - seus olhos prateados brilharam de animação.

Assim que coloquei meus pés no chão, mais duas criadas entraram correndo segurando um material de cetim nas mãos. Observei enquanto o penduravam na parte detrás da porta do meu quarto. Meus olhos percorreram a renda enquanto eu pegava o vestido mais lindo que eu já tinha visto.

- Posso entrar? – A voz hesitante do meu pai veio pela porta. Ele parecia diferente. Todas as criadas baixaram a cabeça quando ele entrou.

Seu cabelo grisalho estava penteado cuidadosamente para o lado e ele estava elegantemente vestido com um smoking preto.

Eu queria dizer a ele que estava bonito, mas muitas coisas aconteceram ou muito pouco para isso. Não tínhamos aquele relacionamento normal de pai e filha.

- Sua mãe escolheu aquele vestido pra você, - ele falou em um tom abafado, tentando esconder qualquer tipo de emoção. Eu franzi minha sobrancelha em choque.

- O que... como? – Corri em direção ao material delicado.

- Ela escolheu muitas coisas antes mesmo de você nascer, incluindo o vestido de formatura. – Ele desajeitadamente colocou as mãos no bolso. Soltei um pequeno suspiro quando pensei no meu lindo vestido de formatura, uma peça de ombro rosada.

Por que ele me contaria isso? Esta foi a primeira vez que meu pai realmente fez algo significativo. Eu não conseguia tirar a confusão da minha mente.

- Charles!? – Minha madrasta gritou do fundo do corredor, fazendo com que meu pai se tornasse uma bagunça vacilante na frente dos meus olhos. Sofia se empurrou para dentro um segundo depois.

- A Vivian sempre teve um gosto tão horrível! Você não acha, Charles? – Ela brincava com seu colar de diamantes quando ela virou o olhar gelado para o meu pai, que parecia tão chocado quanto eu. – Nos deixe! Quero falar com minha enteada.

As criadas saíram juntamente com meu pai para fora da sala, deixando um silêncio persistente entre Sofia e eu. Fiquei na frente do meu vestido de noiva protetoramente. Não havia nenhuma maneira de deixa-la estragar algo tão valioso para mim.

- Sua mãe sempre teve tanto ciúme da nossa amizade. Você se parece com ela, sabe. É provavelmente por isso que seu pai tem bancado o Sr. Coração Mole, mas eu sei o quanto ele te despreza. Afinal, você é a razão pela qual sua queria e amada esposa conheceu a morte, - ela fingiu uma carranca e estreitou os olhos. – Vivian estava fraca, assim como você está agora.

Eu podia sentir o quanto Sofia ansiava por uma reação minha e eu estava relutante em dar a ela. Pela primeira vez em vinte e um anos, senti uma conexão com a minha mãe que não estava apenas na minha cabeça.

Ver o rosto da minha madrasta se desfazer quando ela percebeu que suas palavras não tiveram reação nenhuma em mim, foi maravilhoso. Ela apontou o nariz para o ar, bufou e saiu furiosa.

Os estilistas já começaram a me preparar e Lilly se sentou ao meu lado, com um sorriso de orelha a orelha. Finalmente, eu fui deixada sozinha depois do que pareceram horas de pessoas invadindo meu espaço pessoal. Eu respirei fundo e me levantei da cadeira, dando passos lentos em direção ao espelho de corpo inteiro.

Meus lábios se separaram em admiração enquanto eu me olhava como se fosse a primeira vez: o vestido abraçou minha figura perfeitamente, deixando um rastro de elegância atrás de mim; o véu era elegante; minha maquiagem era simples, mas realçava as minhas feições; meu cabelo chocolate estava preso em um coque baixo com alguns cachos soltos que cercavam meu rosto.

Antes de sair do meu quarto, cai nos braços de Lilly. Ela me abraçou com força e eu tive de lutar contra as lágrimas.

...****...

O carro parou e eu encarei o edifício diante de mim. Era a maior igreja que eu já tinha visto. Ela ficava cerca de trinta minutos fora da cidade. Apenas os mais prestigiosos se casavam aqui e eu estava prestes a fazer parte desta lista.

- Está na hora, - murmurou minha madrasta enquanto se empurrava para fora do carro. Ela e Paola não me disseram uma palavra durante todo o caminho até aqui, o que não era nada normal.

De repente, senti falta de oxigênio em meus pulmões. Queria que Lilly pudesse ter vindo comigo, mas nenhuma empregada foi autorizada a comparecer.

Eu me sentia tao perdida neste momento, ofegando enquanto estava de frente para a grande igreja. Eu não tinha certeza de como meu corpo conseguiria me levar até as portas.

Respirando fundo, eu me preparei. É tudo ou nada.

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